XLIV - Plano A

4.1K 454 38
                                    

Já teve a sensação de sentir que vai ser esmagado por um carro importado de luxo? Se não teve vou explicar a você. Imagine uma enorme massa cinza voando na sua direção tão rápido que você só consegue pensar que vai morrer da forma mais ridícula possível e a única coisa que você pode fazer, é erguer o braço para tentar salvar a porcaria da sua vida enquanto vê sua existência passar diante dos seus olhos, se arrepender de não ter comido o pote inteiro de sorvete quando teve a chance e gritar muitos palavrões para liberar a raiva. Se consegue imaginar isso, sabe exatamente o jeito que eu me senti.
Enquanto o BMW vinha me dizer olá e eu gritava muitos palavrões, me abaixei, abracei Diana e ergui meu braço livre com os meus olhos brilhando em azul, desejando muito que o importado de luxo se partisse ao meio. E acredite ou não, assim aconteceu. Quando o carro encostou no meu braço, a lataria começou a se dividir em dois como se meu pulso fosse a coisa mais afiada do mundo. Nem eu mesmo acreditei. A verdade? Eu adorava ser Arcanjo.
Quando frente e traseira caíram um de cada lado levantando poeira ao redor, podia-se ver apenas duas silhuetas abaixadas, sendo uma com os olhos brilhando em azul. Me levantei devagar, ajudando Diana a fazer o mesmo.

— Você está bem?

— Sim, eu...

— Ora, ora! Veja se não é meu irmão caçula favorito! – Zombou Lúcifer. – Trouxe o que eu pedi, maninho? – Sorriu vitorioso.

— Trouxe. – Daiana me olhou confusa. – É claro que trouxe.

— Lucas o que você está fazendo? – Ela tentou soltar o pulso desesperadamente da minha mão.

— Ele está apenas se unindo a família, minha jovem. Onde está o Livro? Onde está a Chave de Salomão?

— Aqui. – Levantei a mão direita e um livro em miniatura se revelou envolto por um brilho branco.

— Lucas, você não... – ela continuava tentando desesperadamente escapar de mim – eu confiei em você!

— Desculpe Diana. – Falei enquanto caminhava arrastando ela em direção a Lúcifer. – Você a essa altura já devia saber que nem tudo é o que parece.

— Seu anjo de merda, você mentiu para mim!

— Talvez um dia você me perdoe por isso.

— Isso o que? – Perguntou-me com os olhos arregalados.

— Diana, eu preciso que você fique calma.

— Calma? É tudo que eu não vou ficar no momento. Implorei por sua vida, seu imbecíl. LUCAS, ME SOLTA AGORA!

Nuvens densas começaram a se formar a medida que Diana gritava. Lúcifer estava ocupado demais comemorando a vitória precoce para perceber a mudança climática que Diana estava causando. Os ventos sopraram violentamente e a temperatura caiu alguns graus. Diana começou a se debater e fazer peso para trás enquanto gritava palavrões e me chamava de muitos nomes que me deixaram realmente ofendido.

— ME LARGA! POR QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO ISSO, SEU IDIOTA? NÃO VÊ QUE ELE ESTÁ TENTANDO TE CONTROLAR? LUCAAAAS!

Diana estava irritada, mas não o suficiente. Precisava deixá-la mais brava e rápido. Lúcifer estava um pouco mas de 3 metros de distância e eu não tinha um plano B.

— Me controlar? Qual dos dois me colocou para lavar a louça do jantar? – Blefei.

— O que? Não acredito que você ficou puto por isso. Você é muito idiota. Aliás, a idiota aqui sou eu. Afinal, eu confiei em você. Cheguei até a te amar...

Eu parei e encarei Diana. Os olhos dela estavam repletos de mágoa e lágrimas, mas ela não deixou uma gota sequer rolar pelo seu rosto. Tive vontade de desistir da idiotice que eu estava prestes a fazer e tirá-la dali o mais rápido possível, mas eu precisava continuar. Então apenas andei na direção de Lúcifer.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora