XVI - Mortalha

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O plano de Dyllan era completamente imbecíl, como Diana havia dito. Ele queria fazer alguma coisa que consistia em eu e ele nos disfarçamos de algum serviço particular enquanto Diana entrava e pegava a espada. Era ridículo.

— Esse era o plano? – Minha sombrancelha ergueu como sempre acontecia quando eu ficava intrigado.

— Sim! – Disse ele com empolgação.

— Desculpe, mas você tem problema? Quer que a sua irmã roube a espada ao invés de um de nós?

— Obrigada Lucas. – Ela deu um tapa na cabeça do irmão.

— Vocês tem uma ideia melhor?

Sim, eu tinha. Mas ele não podia estar por perto e seria arriscado. Olhei para Diana e começamos a discutir silenciosamente.

— Acho muito bizarro quando vocês fazem isso. E eu só estou com vocês a uma hora. – Dyllan olhou para Diana e depois para mim.

— Certo, temos um plano melhor, mas você não está nele. – Disse Diana finalmente dando fim a nossa discussão silenciosa.

— O que? Você está brincando comigo, Diana?

— Não Dyllan, não estou. Pedi sua ajuda para encontrar a espada e não para roubá-la.

— Diana você...

— A mãe vai ficar louca comigo se souber que deixei você roubar um cara. Você fica.

Percebi duas coisa naquele momento: primeiro, Diana era mais velha e a mais cuidadosa e segundo a discussão tinha acabado.
Após Diana por o irmão em um táxi e se certificar que o taxista o levaria diretamente para onde ela tinha dito, seguimos de volta para casa pois precisava pegar o que era meu de volta.
                   

***

Cheguei em casa e me afundei no sofá. Diana veio logo em seguida e fez o mesmo. Ficamos em silêncio nos olhando. Diana sempre parecia ficar desconfortável quando eu a encarava e dessa vez não foi diferente. Ela mudou a direção do olhar pouco a vontade e logo em seguida quebrou o silêncio.

— Então...você já está indo?

— Acho que sim. Preciso pegá-la de volta.

— Você quer mesmo fazer isso? Você não pode sei lá, morrer?

— Sim e talvez.

— Como assim “talvez”?

— Diana escute: preciso que você fique em silêncio para eu ter concentração total.

— Mas Lucas, você não pod...

— Diana...

— Tudo bem, eu calo a boca. Mas ei, toma cuidado ta?!

Assenti e fechei os olhos tentando sentir alguma conexão com a espada, e de repente as pontadas na cabeça vieram me atingindo como um soco. Gritei para aliviar a dor e senti o toque dos dedos de Diana segurando minha mão com um pouco de força. Meus olhos brilharam em um amarelo escuro, igual da primera vez e em um piscar de olhos eu não estava mais na sala de casa. Estava em uma espécie de sala com um monte de artefatos antigos em caixas de vidro como em uma exposição. A espada, Mortalha, estava no centro junto com sua bainha como se ela fosse o artefato mais importante daquela sala, o que realmente era o caso.
Me aproximei de Mortalha e retirei o vidro protetor. Ela era ainda mais linda do que eu me lembrava. Na extensão da lâmina, na parte de cima, se estendiam as asas duplas de um anjo dourado que ligava a lâmina a guarda. O cabo da espada era preto com uns fios dourados a envolvendo como se fosse continuação do anjo. Além da lâmina de prata celestial com o nome da espada, Mortalha, gravado em enoqueano na ponta, ela tinha uma segunda lâmina curta na ponta do cabo a fazendo ser ainda mais mortífera.
Peguei a bainha de Mortalha e a coloquei nas costas, já que eu não usava a espada na cintura como de costume, e fechei meus dedos em volta do cabo a tirando do suporte, e o anjo dourado brilhou seus olhos em um tom de azul celeste. Mortalha tinha enfim, retornado ao seu dono.

Anjo MeuWhere stories live. Discover now