– Olha só, eu não sou mais aquela garotinha de dezesseis, dezessete ou sei lá quantos anos eu tinha. Eu ainda gosto de cachorro-quente, mas isso não irá me fazer esquecer o que você fez ou quem você é, então, por favor, não insista. – O garçom depois de um mês apareceu com a conta na mesa, tirei o dinheiro de dentro da bolsa e coloquei dentro da conta. Mas antes de me virar para ir embora, resolvi deixar claro uma última coisa. – Finge que você não me viu hoje, Charlie. Para o nosso bem, porque você sabe muito bem que o nós – Fiz um gesto entre eu e ele – não funciona como o esperado.

– Por isso mesmo, Phoebe. “Nós” – ele fez um gesto de aspas com os dedos – éramos perfeitos por isso, nunca ninguém esperava nada de nós e mesmo assim, íamos lá e arrasávamos todos, todas às vezes, todas as noites – ele se aproximou um pouco, ele continuava com o mesmo perfume, o que fez meu cérebro derreter – você já se esqueceu da nossa química? O quanto nós nos encaixamos? – Sua voz agora era um sussurro.

Filho da puta. Isso é jogo baixo.

Ergui minha cabeça e tentei não respirar tão profundamente, cada inspiração era um tapa da minha cara. Eu só tinha que ter forças para juntar o resto da minha dignidade que estava caída aos meus pés e sair correndo dali, só isso. Mas como o esperado, meu cérebro não enviou nenhum comando para o corpo, então fiquei ali, na frente dele o observando. Absorvendo cada detalhe do seu rosto e nesse momento eu cheguei a conclusão que não tinha superado meu ex-namorado-partidor-de e bla bla bla.

– Vamos sair para jantar, Phoebe. Por favor, eu só estou te pedindo um jantar para provar que eu mudei. Depois disso, se você ver que realmente não vale a pena, eu te deixo em paz. – Charlie me olhava com expectativa, se aproximou mais um pouco. Por Deus!

– Tudo bem, Charlie. Me pega no sábado, eu te passo o endereço por Whatsapp. – Anotei o telefone dele e vice-versa. Meus braços penderam ao lado do meu corpo, legitima pose de derrota.

– Obrigada, Phoebe. Obrigada de verdade pela oportunidade, eu juro que dessa vez vai ser tudo diferente. – E parado diante de mim estava o Charlie brincalhão, aquele todo animado que fez eu me apaixonar perdidamente.

Sai correndo dali antes de dizer alguma coisa, eu já estava ferrada mesmo, um pouquinho mais de autodestruição não faria mal a ninguém.

Caminhei devagar para casa, as lágrimas que eu segurava desde o minuto que eu olhei para ele, agora caiam sobre meu rosto como uma cachoeira. Cruzei meus braços sobre o peito e apertei, tentando fazer aquela sensação ruim diminuir, mas ela só estava aumentando. Eu realmente aceitei sair com Charlie Mason? Eu não tinha pensamentos coerentes, só as palavras dele ecoando em minha mente, pequenos trechos da nossa conversa.

“... “Nós” éramos perfeitos...”

“... Eu sei que você me acha um cretino insensível...” – Ele não tinha idéia do quanto. Na verdade nem eu tinha.

Um homem passou por mim e me olhou com as feições torcidas, ele estava com pena? Encarei de volta com a maior carranca que consegui montar, acelerei o passo para chegar ao meu apartamento antes que mais alguém me olhasse, ou pior, me abordasse.

Joguei a chave em cima da mesa e fui deixando uma trilha de roupa no caminho para o banheiro, olhei o chuveiro um longo tempo e optei por usar a banheira, não tinha utilizado-a ainda. Estava calor em Chicago, então deixei a água mais para fria do que para morna, joguei os sais com cheiro de baunilha e entrei na água. Meu corpo estava tão quente que o toque da água me fez tremer, isso mesmo. Um desconforto exterior para abafar o interior. Quem eu queria enganar? Deitei e deixei os pensamentos fluírem até conseguir uma linha de raciocínio.

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