I13I - Visitas indesejadas

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- Disse que me deixaria ir, depois que eu matasse seu alvo.

- Não distorça minhas palavras Senhorita Nowak. Não disse que deixaria você, falei que podia continuar com sua vida. – Foi à vez dele de encostar suas costas.

- Nossos conceitos de vida devem ser diferentes. – Resmunguei para mim mesma, sabendo que ele poderia ouvir.

Tínhamos estado em movimento até que paramos de novo. Nada de lojas, jardim ou cidade, ainda estávamos sobre a estrada de pedra então não podíamos ter nos distanciado tanto.

- Porque paramos? – Perguntei. Houve um gemido e depois o som de algo pesado caindo, a carruagem balançou para os lados.

- Parece. – Respondeu ele, com toda a tranquilidade do mundo. - Que estamos sendo sequestrados.

- Sequestrados?! Ótimo, como já não me bastasse ter sido feita refém por você! – Não era do meu feitio ficar histérica, mas isso era completamente inesperado. E como ele podia dizer aquilo estando malditamente calmo?! – Não vai fazer nada a respeito?

- O que poderia fazer? – Disse. Olhei para ele bruscamente.

Quem ele estava tentando enganar?

- É um Lican, não guarde seus truques. Amedrontou aquelas Mímicas sem ao menos levantar um dedo contra elas. – Voltei suas palavras contra ele. Reconhecimento transpareceu em sua face, talvez com alguma satisfação junta.

- Tenho a intenção de deixar com que prossigam, de outro modo não teria ordenado ao nosso condutor que fosse pego. – Falou cruzando os tornozelos.

- Não me diga que isso é alguma parte de um plano distorcido seu. – Falei, ele me olhou com interesse e franziu os lábios com o que poderia ser um indicio de um sorriso.

- Maldi... – Não tinha terminado de falar quando a carruagem passou por um solavanco. Fui jogada do meu banco para frente. Os braços dele estavam a minha volta apartando que me chocasse com o outro banco em um piscar de olhos. Tentei me afastar, mas outro maldito solavanco fez com que me chocasse contra seu peito.

- Se isso me matar tenha certeza que voltarei dos mortos para assombrar-te. – Falei contra seu peito. Suas roupas tinha uma fragrância agradável de flores.

- Prometo que não precisara. – Respondeu, ainda me segurando.

- Pode me soltar agora.

Seus braços desfizeram o aperto me libertando, tão rápido quanto da vez que me segurou. Voltei ao meu banco, usando a janela para me segurar. Seria humilhante cair em seus braços outra vez. Uma sensação de formigamento ainda apoderava-se do meu corpo. Passei as mãos pelos braços a espantando.

- Sabe para onde estamos sendo levados? – Perguntei quando finalmente consegui me acalmar. Subíamos no terreno deixando a cidade para trás, na direção contraria a qual tínhamos vindo.

- Faço ideia.

Então também sabia quem estava por trás disso e o que queria? Infernos, nunca entenderia sua maneira de pensar. Se tinha confiança em se deixar se pego, esperava que tivesse certeza que poderia sair. Não que duvidasse, mas estaria confiando minha vida a ele, ao homem que diz já a ter. Saltar da carruagem em movimento parecia tentadoramente correto.

- O que está pensado? – Perguntou, talvez tivesse notado minha atenção demasiada na porta e no terreno de seu outro lado.

- Se posso confiar minha vida a você, assim tão cegamente – Respondi com sinceridade.

- E qual é a resposta?

- Não, mas não tenho outra opção. – Uma mentira tão fácil de ser dita. Talvez me por em uma saia tivesse me feito covarde ou então só estava cansada de mais para tentar. Havia uma escada em meu coração e eu tinha acabado de descer mais alguns degraus.

VermelhoWhere stories live. Discover now