Capítulo 2

5.1K 229 30
                                    

POV Victória

Eu e Marco sairíamos para jantar no dia seguinte, deu tudo certo no procedimento do pai dele, Dr Alonso não me deixou acompanhar, porque, de acordo com ele, eu tinha "vínculo com a família", as vezes essas regras médicas são meio chatas. Mas ele não ia conseguir fazer o procedimento se eu ficasse olhando com cara de "por favor, não mate ele".

— Você vai sair agora? — Kevin perguntou segurando minha cintura.

— Sim, vou jantar com o Marco, tem muito tempo que não o vejo.

— Vocês são muito amigos, ne? — eu não poderia dizer que era meu melhor amigo, porque ele conhecia toda a minha história com meu melhor amigo.

— Sim, nós estudamos juntos. Você vai dormir lá em casa hoje? — perguntei passando a mão por seu rosto lisinho.

— Não, essa noite estou de plantão — o elevador chegou — Vai lá e tenha juízo.

— Isso eu tenho até demais — falei rindo e vi as portas do elevador se fecharem.

Marco estava me esperando escorado em seu carro, com uma calça jeans escura, camisa polo azul marinho e tênis, estava com as mãos nos bolsos, totalmente despreocupado.

— Já podemos ir? — ele perguntou levantando a cabeça para me olhar nos olhos — Você está linda.

Trocamos um abraço rápido e ele abriu a porta do carro para mim.

— Quando foi que você ficou tão cavalheiro? Pelo que eu me lembre você sempre foi um ogro com as mulheres.

— Você sabe que sempre foi diferente.

— Não é disso que eu me lembro — o olhei, tentando soar divertida, mas pela forma como ele olhou pra mim, eu percebi que não conseguia enganá-lo.

— Eu estraguei tudo, ne? — ele me perguntou com um olhar triste.

— Naaaaa, esquece isso, já passou, nós dois crescemos.

— Você vai se casar — chegamos ao restaurante em silêncio, eu não sabia onde ele queria chegar com tudo isso — Ele te faz bem? Te trata como um rainha? Te faz a mulher mais feliz do mundo? Porque, por Deus, Vic, você merece alguém que te trate como o bem mais precioso do mundo.

Eu toquei sua mão sobre a mesa.

— Eu estou feliz, Marco, mas e você? Ainda se martiriza por tudo? Porque eu já te perdoei há muito tempo.

— É claro que perdoou, eu nunca duvidei disso, seu coração é bom demais pra guardar ódio ou rancor, eu só não sei se sou digno desse perdão.

— Marco, por mais que você tenha sido um completo babaca como homem, como meu amigo você sempre foi o melhor.

— As vezes eu sinto falta sabe, você nunca teve medo de puxar minha orelha, dizer que eu tava errado, aguentava minhas merdas — ele suspirou — Eu sinto falta da minha melhor amiga.

— Eu ainda estou aqui, para o que você precisar.

Continuamos conversando, relembrando os velhos tempos e colocando todo o papo em dia.

— Você se lembra do meu aniversário de sete anos?

— Como esquecer esse dia? — respondi rindo.

...

— Marco, eu não quero jogar videogame — falei batendo o pé e fazendo bico.

— Ah, Vic, deixa de ser chata, só porque você sempre perde.

— EU NÃO PERCO.

— PERDE SIM.

— EU NÃO PERCO.

Quando ele ia responder a mãe dele chegou.

— Crianças — tia Maria chamou nossa atenção — Por que estão brigando?

Ela não quer jogar videogame porque sempre perde.

— Ele que é um chato — fiquei mais emburrada ainda.

Ela sussurrou algo em seu ouvido e Marco sorriu, sorriu muito. Ela sempre foi muito boa e carinhosa, a gente via sua adoração para com os meninos e sempre sabia resolver tudo da melhor forma possível.

— Vamos jogar, Vic, só uma vez? — Marco perguntou segurando minha mão. Ele me olhou de forma tão carinhosa que eu simplesmente assenti.

— Eu ganhei? EU GANHEI — comecei a pular comemorando e Marco apenas me olhava sorrindo — Bobão, eu ganhei, ganhei mesmo.

Eu colocava língua para ele e pulava de um lado para o outro, Marco olhou para sua mãe, que devolveu o olhar sorrindo e assentiu levemente.

— Venham cantar parabéns, crianças.

Na hora do "com quem será?", eu quis me esconder, sempre me escolhiam e isso não era legal.

No fim da noite Marco segurou minhas mãos e disse:

— Você quer namorar comigo?

— Marco, você é meu amigo, isso não existe, ta errado.

— Mas eu gosto de você.

— Mas a gente é criança e criança não namora.

Ele fechou a cara e fez um biquinho lindo.

— Então quando crescer, a gente namora?

— Sim, mas vai ser nosso segredo, ninguém pode saber que a gente vai namorar, se não ficam zoando.

Ele me roubou um selinho e eu fiquei muito vermelha.

— Pessoas que se gostam fazem isso — ele disse baixinho, como se fosse o maior dos segredos.

...

— O que foi que ela te disse? Você nunca me contou — Marco ficava emocionado sempre que falava da mãe, mas eu sempre quis saber isso. Ele sorriu e sacudiu a cabeça — Ah, Marco, fala.

— Você não vai acreditar — eu mordi o lábio e pedi com os olhos para que ele continuasse — Eu nunca me esqueci disso, ela falou: "Marco, se você gosta dela como me contou quer vê-la feliz, e ela vai ficar feliz se ganhar". E ali eu percebi o quanto gostava de você, porque eu fiquei feliz por te ver tão feliz.

— Ah, Marco, e eu te zoando, agora to com vergonha — preferi relevar o fato que ele disse que gostava de mim — É sério, eu te zoei muito e você não se importou, mesmo tendo me deixado ganhar.

— Você estava feliz e era isso que importava para mim.

— Quando foi que as coisas deixaram de ser tão simples? — eu perguntei parando de rir e olhando em seus olhos.

— Acho que pra mim foi quando a perdi. Era ela que me orientava, me indicava o caminho certo.

— Ela está orgulhosa de você, eu sei que está. Mas convenhamos que você foi um babaca bem antes dela partir.

Nós dois começamos a rir e era verdade, Marco já vacilava quando ela ainda era viva a diferença é que a tia Maria tava lá pra puxar a orelha e chamar a atenção dele.

— Me da seu número? — ele pediu ao me deixar na porta do meu prédio.

Eu passei, afinal foi bom tê-lo novamente em minha vida, apesar de tudo ele sempre seria meu melhor amigo.

Ainda Sou Eu - Marco Asensioحيث تعيش القصص. اكتشف الآن