Capítulo 6

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POV Victória

— Kevin, já estamos indo? — perguntei quando ele chegou no meu apartamento.

— Já sim e você tá pronta? — ele me deu um selinho.

— Quase, só vou calçar o sapato e desço.

Desde que Marco voltou pra minha vida meu relacionamento esfriou um pouco, eu estava estranha e Kevin percebeu isso, mas eu não posso apagar o fato de que foi Kevin quem esteve ao meu lado nos últimos anos, foi ele que ajudou a crescer, que me trata como a mulher mais especial do mundo.

— Dona Aurora, tudo bem? — cumprimetei minha sogra.

— Olá, Victória, eu estou bem e você?

— Bem também.

Fomos para o restaurante e lá estando ela não me deixou sentar ao lado de Kevin, já que praticamente se jogou na cadeira que tinha, então eu sentei no outro lado da mesa. Eu sei que ela gosta de mim, mas por Kevin ser filho único ela tem muito ciúmes dele.

— Então, quando vão vir meu netos?

— Mãe, a gente ainda nem casou, a Vic ainda tem que terminar a residência.

— Mas ela termina em cinco meses, correto? — eu assenti — Um bebê só nasce em nove.

— Mas eu tenho que me firmar na minha carreira após a residência.

— Pra quê? Kevin já trabalha, você não precisa.

Respirei fundo, não podia lhe dar uma má resposta, Kevin sussurrou um "calma" silencioso.

— Mamãe, os tempo mudaram, Vic gosta do que faz, isso a faz feliz.

— Mas uma mulher tem que tomar conta da casa e dos filhos.

— Talvez no seu tempo, mas olha minha cara de quem depende de homem? — falei com deboche e ela me olhou surpresa — Desculpe, mas o meu trabalho não está em discussão aqui, vamos mudar de assunto?

O resto do jantar foi em silêncio, eu sabia que ela estava com raiva de mim e que Kevin estava chateado com nós duas pelo que aconteceu. Ao me deixar em casa ele desceu e ficamos conversando no portão.

— Tem certeza que não quer ir lá pra casa?

— Hoje não, nós duas estamos estressadas, é melhor evitar.

— Desculpa por ela ter dito essas coisas, você sabe que ela tem a cabeça antiga.

— Tudo bem, desculpa por ter sido grossa com ela, vou tentar me segurar.

Nos beijamos e eu subi pro meu apartamento, chegando lá eu quis chorar, estava frustrada.

— Marco? — falei quando ele atendeu o telefone.

— Oi, Vic, algum problema?

— Nada, esquece, te liguei por impulso.

— Fala logo, Vic, me deixa te ajudar.

— Eu quero matar minha sogra — ele começou a rir — É sério, Marco, você não imagina o que ela me disse hoje.

— Tô indo ai pra você me contar, quer que eu leve pizza? Sei que esses restaurantes chiques não matam sua fome.

— E tem como matar? Eles só colocam um pouquinho de comida. Te espero aqui, beijo.

Fui colocar uma roupa mais confortável e escolher um filme enquanto Marco chegava.

A campanhinha tocou, eu já tinha avisado ao porteiro que ele viria, então subiu direto.

— Ei — disse jogando um beijinho pra ele pegando a pizza — é de que?

— Calabresa e eu estou bem, obrigado por ter me dito pra me sentir em casa.

— Eu tô com fome, senta que vou pegar o refri, Já escolhi um filme.

— Algum romance clichê?

— Acertou, romance adolescente clichê. Para todos os garotos que já amei.

— Sério isso? — ele fez uma careta.

— Para, o Netflix ta fazendo ótimos clichês. Parabéns pelo gol, era o mínimo depois daquela gracinha — ele me olhou com os olhos semicerrados — O que? O goleiro ta na sua frente e você virou a cara? Foi ridículo.

— Mas se eu fizesse ia ser lindo.

— Mas não fez, saiu de três com um giro lindo e resolveu fazer gracinha na cara do goleiro, se você tivesse olhado teria feito o gol.

— Pior que eu sei que isso é verdade, então vamos ver o filme pra você para de me zoar, palhaça.

Começamos a comer e ver o filme, até que ele pausou e ficou me encarando.

— Que foi? Eu tô azul?

— Não, é só que você tem algo pra me contar.

Contei toda a história do restaurante pra ele, que ficou boquiaberto.

— Eu não consigo te imaginar largando tudo pra ser dona de casa, essa velha ta doida?

— Não fala assim, o pai do Kevin era general do exército, então ele ganhava bem e ela ficava em casa com o Kevin e quando o José morreu em combate ela ficou a pensão, então nunca teve que trabalhar e acha que todas as mulheres do mundo tinham que ser como ela.

— Mas tá errado, você sempre quis independência, sempre sonhou alto, não pode abrir mão disso.

— Eu não vou abrir mão disso, nunca, Marco, por homem nenhum, mas o Kevin não quer isso, pelo contrário ele me incentiva a crescer cada vez mais.

Continuamos vendo o filme, até que a porta se abriu, merda!

— Amor, trouxe chocolates e... — ele parou e olhou para eu e Marco — coxinhas. Olá, Marco!

— Eu já comi pizza, cadê sua mãe?

— Deixei ela em casa e vim pra cá, queria ficar um pouco com você, se não for atrapalhar é claro.

Era nítido que a presença de Marco o incomodava, mas eu me coloco no lugar dele e penso que se fosse o contrário também me incomodaria.

— Bom, acho que eu é que já vou indo — Marco ia se levantando quando Kevin o interrompeu.

— Não, cara, vamos ver um filme, quero conhecer o amigo da minha noiva — eu sabia que Kevin estava marcando território.

Marco me olhou, como quem pede aprovação e eu assenti levemente, que Deus me ajude.

Ainda Sou Eu - Marco AsensioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora