Capítulo 34

2.3K 142 3
                                    

POV Victória

Ultimamente meu estresse vinha alcançando níveis inimagináveis, eu queria matar o Marco sempre que ele abria a boca, ou sempre que se aproximava de mim com aquele cheiro insuportável da loção pós barba, André disse que normal pegar "ranço" do companheiro durante uma fase da gestação e que basta ter paciência que logo passa.

— Bom dia, meus amores — ele já chegou em meu apartamento gritando — O que acha de Vanessa?

— Feio.

— Daniela?

— Não gosto!

— Sara?

— É a namorada do Isco.

— Diana?

— Era a princesa.

— Nossa, você ta impossível — ele bufou frustrado — Se não gosta de nenhum nome que eu sugiro, então dê sugestões também, caramba, parece que não quer que eu participe, você mal se aproxima de mim, quando eu chego perto você é grossa e mal humorada, eu sei que seus hormônios estão a mil, mas tudo tem limite, né, Victoria? Eu não tô aqui pra ser tratado assim! — fiquei em silêncio, olhando pra ele com cara de deboche, fazendo pouco caso de todo seu discurso melodramático — Eu vou pro treino, se precisar de alguma coisa me liga.

Ele saiu batendo a porta e eu senti minha consciência pesar, comecei a chorar compulsivamente e senti a monstrinha chutando, como se reprovasse a forma como venho tratando o pai dela.

— A mamãe é idiota, bebê, muito idiota — acariciei minha barriga de seis meses — O papai tem feito de tudo por nós e eu estou sendo tão grossa com ele.

Fui para o hospital, apesar da preguiça eu ainda tinha que trabalhar.

Assim que eu entrei na sala dos médicos, dei de cara com Juan, terminado de guardar suas coisas.

— Nossa, você tá péssima — ele falou.

— Obrigada pelo "elogio" — fiz aspas com os dedos — Pena que eu não pedi sua opinião.

— Nossa, como ela ta sensível — ele falou cheio de ironia — Depois dessa eu nem devia te falar.

Juan sabe como sou curiosa e sabe que é quase crime provocar esse meu lado.

— Aaaah, Juan, por favor, me fala!

— Nossa, você continua curiosa demais, não é mesmo? — escutar novamente aquela voz, depois de tanto tempo, mexeu com meus hormônios, meus olhos se encheram de lágrimas e eu me jogou em seus braços.

— Kevin — o abracei apertado — quando você chegou? O que veio fazer aqui? Cadê a Alice?

— Calma, uma coisa de cada vez — ele disse rindo, segurando meus ombros — Primeiro, você está ainda mais linda grávida, Marco é um homem de sorte.

— Obrigada — sorri sem graça, não tendo tanta certeza da sorte dele, dado meu humor atual.

— Eu cheguei hoje cedo, vim trazer a Alice para passar um tempo aqui e oficializarmos nosso noivado perante minha família.

— Não acredito, vocês vão se casar? — gritei eufórica — Parabéns, muitas felicidades e muitas bençãos na vida de vocês. Mas cadê ela?

— Antes de se casar comigo ela se casou com o trabalho, está olhando uma tomografia com o Tomy, aparentemente eles tem um tumor gigante.

— Gigante? — Alice invadiu a sala — É o maior tumor que eu já vi, um monstro, o Tomas vai disseca-lo amanhã e me deixou participar. O que acha? — dava para ver nitidamente a adoração que Alice tinha pela cirurgia cerebral.

Antes que Kevin respondesse ela se virou para mim e me abraçou. Com a minha reaproximação em relação ao Kevin eu acabei começando a conversar muito com Alice também, descobri que ela era uma excelente pessoa, além de um pouco louca e apaixonada por super heróis, meu par perfeito, apesar de só estarmos nos conhecendo pessoalmente agora.

— Ali, como você está? — perguntei retribuindo o abraço.

— Estou bem e você? Como é carregar esse barrigão? Tem certeza que é apenas um bebê?

— Graças a Deus é só um, imagina dar conta de dois ao mesmo tempo? Mas eu tô bem, apesar de estar cansada e estressada.

— E o casamento, sai quando? — Kevin perguntou, abraçando Alice por trás e eu pude admirar como eles formam um belo casal.

— Eita, lá vem você com essas perguntas difíceis — fiz uma careta.

— Por que eu tenho a impressão que vocês não estão tão bem?

Contei pros dois a raiva que eu estava sentindo ultimamente e a "discussão" que eu e Marco, lê-se apenas Marco, tivemos hoje de manhã.

— Uou, você está insuportável — Alice falou com naturalidade e eu a fuzilei com o olhar — O que foi? Eu tô falando a verdade, no lugar do Marco eu já teria surtado há muito tempo, ele aguentou foi muito abuso.

— É, Vic, dessa vez não dá pra te defender — Kevin disse, concordando com Alice.

— Eu sei, logo que ele saiu lá de casa hoje eu cedo eu me arrependi, mas fazer o que? Eu tô estressada!

— Eu sei que sim, seus hormônios estão uma bagunça, sua mente está a mil, mas isso não é motivo pra você tratar o Marco desta forma — Kevin disse, de forma delicada, mas severa — Ele tem feito tudo por vocês e, mesmo estando com raiva só dele chegar perto de você, valorize o homem que está ao seu lado, porque ninguém merece ser tratado com tanta frieza e grosseira, principalmente quando só quer ajudar a escolher o nome da filha!

— Eu vou tentar melhorar — respondi como uma criança culpada.

— E só pra constar — Alice falou — Dizem que a criança nasce com a cara da pessoa que toma raiva na gravidez.

Depois de conversar mais um pouco com eles, eu fui atender meus pacientes, no fim do dia meus pés estavam inchados e minhas pernas pareciam pesar um tonelada, a ideia de voltar a pé para casa parecia um inferno e a possibilidade de dormir no hospital parecia tentadora.

Chato 🖤: Estou te esperando na porta do hospital.

Depois de receber essa mensagem eu peguei minha bolsa e caminhei lentamente até a saída, o relógio marcava mais de 22 horas, eu estava morta e praticamente ne arrastava pelos corredores.

— Bom noite — o cumprimentei assim que me joguei no banco do carro — eu estou morta, sempre aguentei passar mais de 36 horas nesses hospital, sem nenhum problema, mas agora parece que o bebê não aceita mais que algumas horas sem descanso.

— Hum — foi tudo que ele disse.

— Me desculpe por hoje mais cedo — suspirei — e por ontem e por antes de ontem, eu sei que estou insuportável e me estresso só pela sua presença, mas você não merece ser tratado assim.

Quando Marco não respondeu e apenas continuou olhando para a frente, eu abaixei a cabeça e resolvi não pressiona-lo.

— Tudo bem — sua mão apertou minha coxa — Não precisa ficar mal com isso, eu entendo seu estresse, só tenta não ser tão fria ou tão grossa, ok?

Apenas assenti e o vi parar na garagem de sua casa.

— Marco eu tô um pouco cansada, queria ir pra casa.

— Eu sei, mas tem uma surpresa te esperando aqui — ele saiu do carro e ficou me esperando na porta.

— Mana — Ana se jogou em cima de mim assim que eu passei pela porta.

Ainda Sou Eu - Marco AsensioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora