Capítulo 16

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POV Victória

— Vic, espera — Igor veio correndo atrás de mim — você sabe que ele ta de cabeça quente, ele só está inseguro.

— Igor, desculpa, mas no momento eu tenho que avisar uma mãe que o filho dela morreu por que alguém antes de mim foi incompetente, então eu não tenho tempo para pensar em mais nada — falei, sentindo as lágrimas que enchiam meus olhos finalmente escorrerem.

Igor me abraçou apertado e acariciou meus cabelos.

— Você vai voltar, não vai?

— Não sei, agora eu preciso ir, tchau, Igor.

Eu carregava tanta dor no peito que não conseguia enxergar além da nossa briga.

Cheguei ao hospital e fui logo colocar minha roupa, enquanto me vestia Raica chegou a sala dos médicos.

— Tudo bem, Vic?

— Briguei com o Marco e meu paciente morreu.

— É, acho que não tem nada bem — ela me abraçou apertado, nós nos conhecemos no primeiro dia de residência e ficamos amigas logo de cara.

Mesmo que não nos falassemos todos os dias, a amizade continuava sempre ali, intacta para quando eu precisasse dela, ou ela precisasse de mim.

— Lisa — abri um sorriso triste ao me aproximar, pela forma como ela nos olhou, acredito que já sabia o que iríamos dizer.

— Não — ela esticou o braço, como se pedisse para não nos aproximarmos mais — Foi assim que os médicos me olharam quando o pai dele morreu.

— Lisa, eu sinto muito — lágrimas escorriam dos olhos dela e enchiam os meus, Juan tentava manter uma pose forte, mas não estava acostumado a ver uma mãe desesperada assim — A cirurgia foi muito pro Davi, ele teve duas paradas na mesa e mais duas após a operação e não resistiu, ele...

— Não diz!

Era isso eu mais ouvia, mas o protocolo me obrigava a dizer a palavra MORTE.

— Davi... — respirei fundo, para tomar fôlego.

— Ele morreu, Lisa — Juan disse, segurando a mão dela.

— NÃO, ele estava bem até chegar aqui, vocês mataram meu filho.

— Nós tentamos salva-lo, Lisa — tentei toca-lo, mas ela empurrou minhas mãos.

Juan me tirou dali e me levou para as escadas de incêndio, único lugar onde os médicos podem sentir sua dor.

— Você sabe que não foi nossa culpa, né? Nós fizemos o possível — Juan disse, acariciando meu cabelo.

— Eu sei, mas ele tinha tantos sonho, ele queria jogar bola, talvez fosse um grande jogador.

— Eu sei — ele olhou seu relógio e disse — tenho que ir.

Quando abriu a porta, a fechou de novo e escreveu algo em um papel, me entregou e deixou as escadas.

Quando abri o papel, me surpreendi ao ver o número do Kevin. Mas não posso ligar agora, não sei se ele quer ouvir minha voz ou se está pronto para me aconselhar em relação a Marco.

— Por que me deu o telefone? — perguntei a Juan no dia seguinte.

— Porque você queria saber dele.

— Mas eu não sei se ele quer que eu ligue.

— Relaxa, eu falei com o Kevin antes e a sugestão veio dele.

Respirei aliviada, Kevin não me odeia.

Ao chegar em casa a noite eu resolvi ligar para ele.

Alô? — uma mulher atendeu — Quem é?

— Ah, é do celular do Kevin? — perguntei apreensiva.

Só um segundo, ele ta vindo.

Alô? — escutar a voz dele, depois de tanto tempo, me deixou feliz.

— Kevin?

Vic, imaginei que fosse ligar.

— Eu não queria atrapalhar, o Juan disse que você tava saindo com alguém, eu devia imaginar que ela estaria com você, desculpa.

Você nunca atrapalha, nós ainda somos amigos, não é?

— Acho que sim.

Então começa me contando que história é essa de você e Marco estarem brigados.

Contei tudo para ele, Kevin ouvia atentamente, sem me interromper.

— Te entediei, né?

Não, isso tá melhor que novela mexicana, quer dizer pior — ele falou rindo — Vocês tem que se acertar, os dois foram infantis e estão sendo orgulhosos.

— Eu sei, mas...— minha campanhinha tocou e um bip começou no celular.

Vic, desculpa, segunda chamada, é do hospital, daqui a pouco eu te ligo.

Joguei o celular no sofá e atendi a porta, meu coração errou uma batida ao ver um Marco abatido e com olheiras parado, escorado no batente.

— Marco...— ele me abraçou apertado, prendendo meu corpo ao seu, mal me deixando respirar — Eu não tô respirando...

— Desculpa — ele segurou meu rosto — me perdoa por ser um idiota inseguro, eu só...tenho medo de perder você. Saber que você não me escolheu me machucou, vida, machucou muito.

— Marco, eu não sei o que teria acontecido se Kevin não tivesse terminado comigo, mas eu sei o que aconteceu e sei o que vai acontecer, nós seremos felizes, mas pra isso você tem que confiar que eu estou entregue de corpo e alma a essa relação.

— Eu confio, nunca mais vou desconfiar de você.

— Eu te amo, seu bobo!

Ele me abraçou e me beijou, nosso beijo foi ficando quente, suas mãos deslizavam pela minha bunda e ele me pegou no colo, se sentando no sofá e me colocando sentada com as pernas em volta de sua cintura.

Meu telefone começou a tocar, Marco fez menção de pega-lo, mas já sabendo quem era eu segurei sua mão, ele me olhou desconfiado e eu o beijei, tentando distrai-lo. Mas ele pegou o celular e viu o nome do Kevin brilhando no visor.

— O que? — Marco se levantou e soltou meu corpo no sofá — Você está conversando com ele?

— Marco, o Juan me passou o número dele, eu só liguei hoje, queria saber como ele está.

— Então a gente briga uma vez e você vai correndo pro seu ex? — ele pergunta indignado.

— Você disse que nunca mais iria desconfiar de mim — falei firme.

— Mas eu pensava que não tinha motivo, por que você quis esconder essa ligação? Hein, Victoria? Por acaso ta tendo alguma coisa com ele?

Não pensei antes de dar um tapa em seu rosto, quando Marco voltou a me olhar, sua face esquerda tinha a marca perfeita da minha mão e seu olhar era ódio puro.

— Ah, meu Deus, desculpa — cobri minha boca com as mãos, mas me lembrei do que ele estava insinuando sobre mim e voltei a sentir raiva — Nunca mais fale algo assim de mim, parece que você não me conhece.

— Talvez eu realmente não conheça — ele saiu da minha casa batendo a porta e eu sabia que a merda estava armada.

Ainda Sou Eu - Marco AsensioWhere stories live. Discover now