Capítulo 25

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POV Victória

Tudo aqui em Atenas era simplismente divino, eu mal podia esperar para ver a Acrópole, aquele "monte de pedras" guardava uma história milenar.

Quando passamos pelo Propileu (monumento que da acesso à Acrópole) eu me senti dentro da história.

— É incrível — meus olhos brilharam.

— Pra mim parece um monte de pedras — eu esperava que esse comentário viesse de Marco, mas não, veio do Angel.

— Por você não conhece a história por trás do "monte de pedras" — fiz aspas com as mãos.

— Então contra pra gente — Marco pediu com um sorriso de canto, ele sempre amou me ouvir contando histórias.

A cada monumento que passávamos eu contava um resumo da história, e todos pareciam impressionados por aquelas pedras guardarem tanta história, mas Marco me olhava com uma admiração e um brilho nos olhos que me deixava até sem graça.

— E aqui — falei indicando um dos monumentos — é o templo de Ilitia, deusa grega protetora das mulheres grávidas e do parto.

Estefi se aproximou das ruínas do santuário e tocou uma das pedras antes de dizer.

— Acho que toda proteção é bem
vinda — eu sorri em concordância — tira uma foto nossa aqui — ela puxou Igor e entregou seu celular ao Javi.

Me afastei das ruínas do santuário, Marco se aproximou de mim e disse baixinho.

— Nosso filho seria bem inteligente — senti um arrepio percorrer minha espinha e um nó se formar em minha garganta, ele não poderia brincar comigo assim.

Ignorei Marco e permaneci em silêncio durante todo o trajeto de volta ao iate.

— Dizem que tem uma ilha maravilhosa mais ao sul — Bertto pareceu pensar — Ilha de Citera, faz parte das Ilhas Jônicas.

Não poderia perder a oportunidade de alfinetar.

— Marco não vai querer ir lá — todos me olharam confusos — Citera tinha Afrodite como patrona, ela é a deusa da fertilidade, os habitantes dessa ilha faziam muitos rituais para aumentar a fertilidade de quem pisasse nela.

— Hahaha, engraçadinha — Marco respondeu de forma irônica, e eu tive que rir — pois nós vamos sim à ilha de Afrodite!

Eu sabia que Marco estava fazendo de tudo para se redimir, mas eu ainda daria um gelo nele. Eu entendi muito bem a situação, ter um filho era um pavor para Marco, ele morria de medo de não ser bom o bastante, então ao pensar que eu estava grávida ele simplismente surtou, assim como já médicos experientes enlouquecerem dentro da sala de cirurgia quando algo fugia ao planejado.

Mas, por outro lado, e se eu estivesse realmente grávida, ele me diria tudo aqui e como eu ficaria? E o bebê? Ele não poderia ter me dito tudo aquilo, não tinha esse direito!

— Agora a gente pode conversar? — ele perguntou quando eu estava na cozinha.

— Eu ainda estou com raiva — dei um suspiro — você me magoou demais, Marco!

— Eu sei, amor, eu sou um idiota, mas vou aprender com meus erros, prometo!

— Você disse que iria aprender a controlar seus impulsos quando tivemos aquela briga meses atrás, estamos juntos há mais de um ano e você ainda não aprendeu a se controlar, não da, Marco.

— O que — seu rosto perdeu a cor — O que você quer dizer com isso?

— Que eu não vou ficar te dando chance atrás de chance, é melhor você aprender logo, porque eu não vou esperar pra sempre pelo seu amadurecimento!

— Eu vou mudar — fiz cara de pouco caso — Qual é, eu sei que vou mudar.

— Não, nem pense — gritei quando ele se aproximou para me fazer cócegas — Não, Marcoooooooooo!

— Eu tô perdoado? — ele perguntou enquanto eu recuperava o fôlego.

— Eu ainda estou magoada — Marco me olhou com confusão — Você já parou pra pensar como seria se eu realmente estivesse grávida?

— Eu sei, eu fui um monstro — ele parecia realmente arrependido — Você comeu alguma coisa ontem? Fiquei preocupado.

— Claro que comi, só não fiz isso na sua frente — falei rindo — você, por acaso, já me viu ficar um dia inteiro sem comer?

— Não, você é uma draga — o olhei com indignação — Uma draguinha linda.

Eu amava essa capacidade que Marco e eu tinhamos de num instante estarmos brigando e no outro brincarmos como se nada tivesse acontecido.

Marco se aproximou para me beijar e eu virei o rosto.

— Eu ainda estou com raiva — me virei de costas pra ele — você me magoou muito e isso não vai sumir do nada!

— Eu sei — ele suspirou — eu fui um babaca idiota e impulsivo, mas eu vou melhorar, amor, vou melhorar por nós dois — suas mãos pousaram em meu quadril.

— Eu sei que vai, meu amor — me virei pra ele e acariciei seus cabelos — mas por enquanto vai continuar dormindo com seu pai.

Passamos o resto do dia assim, Marco se aproximava e eu me afastava, nos falávamos quando necessário e as vezes brincávamos um com o outro.

— Marco — resmunguei quando saí do banho — o que está fazendo aqui?

— Eu vim dormir — ele respondeu como se fosse óbvio.

— E eu disse que você não iria dormir comigo.

— Você tava falando sério? — revirei os olhos — Eu achei que você estivesse brincando!

— Mas não estava — ele veio me abraçando e beijando meu pescoço — Não, Marco, transar leva ao risco de engravidar e nós não queremos correr o risco.

— Então não precisamos transar, podemos só dormir.

— Eu não durmo ao lado de quem eu tô com raiva, então não vou dormir ao seu lado.

— Você é chata — ele colocou língua para mim e sorriu, antes de sair do quarto.

Aaaah, Marco, parece que está levando a sério isso de mudar por mim, aprendendo a respeitar mais meu espaço, espero que continue assim, era o que eu queria dizer à ele, mas não era hora ainda.

...

— Feliz cumpleaños, cariño — abracei ele, duas semanas se passaram desde nossa discussão, ainda não transamos ou dormimos juntos e ele sempre respeitou minhas escolhas, sem insistir — ¡Yo te amo y te desejo muchas cosas boas!

— Gracias, cariño, podemos voltar a transar? Isso seria uma coisa muito boa — ele sussurrou em meu ouvido, já que estávamos cercados por nossos amigos.

— Se controla, Chencho — respondi sorrindo.

Aos poucos as coisas iam normalizando entre nós, apesar da minha "greve" estar mantida.

Ainda Sou Eu - Marco AsensioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora