Capítulo 3

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POV Marco

A sensação de ter Victoria por perto me trouxe novamente a paz. Ao chegar em casa Igor e meu pai estavam no sofá, ele teve alta poucas horas depois do procedimento.

— Como foi, filho?

— Nós colocamos o papo em dia e ela parece feliz.

— Você vai tentar concertar tudo que fez?

— Não, Igor, eu só quero voltar a ser o melhor amigo dela. Eu já vacilei demais, ela merece alguém que a faça feliz como eu nunca pude.

— Marco, você errou, mas também a fez feliz, eu e sua mãe sempre notamos o sorriso verdadeiro e o brilho nos olhos que vocês dois tinham quando estavam juntos desde crianças, só você que nunca percebeu isso e deixou aquela garota incrível escapar por causa de um bando de abutres.

Eu respirei fundo, sabia que ele estava certo, e o pior é que eu a tratei como qualquer uma quando deveria tê-la tratado como única.

— É, pai, mas parece que o noivo dela a trata como a mais especial das mulheres e ela merece isso.

— Mas que ela ficou mexida com sua presença, isso ela ficou — Igor falou dando de ombros.

Fui pro meu quarto e peguei um velho álbum de fotos, ela sempre esteve lá, eu não posso impedi-la de ser feliz, eu a amo demais pra isso.

— Ela sabe que você foi até o aeroporto? — meu irmão entrou no quarto, me assustando.

— Não, eu não contei e nem contarei.

— Marco, você tem que lutar pelo amor dela.

— Não, eu tenho que vê-la feliz, mesmo que não seja comigo. Eu não sou homem pra ela.

Igor saiu do quarto, me deixando finalmente pensar, eu quero tê-la pra mim, mas ela merece ser feliz de verdade.

...

— O que está fazendo? — ela perguntou quando me aproximei dela e toquei seu rosto, tinhamos 12 anos, ainda não havíamos dado nosso primeiro beijo e, não sei porque, eu queria que fosse com ela — Marco...

Não dei tempo para que ela falasse, tomei seus lábios, ela deu um passo atrás com a surpresa, mas eu não iria deixá-la sair dos meus braços. Quando ela cedeu ao meu toque eu abri e boca e pedi passagem com a língua, tinha conversado com meu irmão e ele me explicou mais ou menos como se faz isso.

Ela abriu a boca também, nossos movimentos eram lentos, carinhosos, o beijo era algo estranho, mas um estranho bom. Eu senti partes do meu corpo se acenderem, me afastei lentamente dela.

— Isso foi, uau — falei sorrindo, ela ainda me olhava um pouco assustada, fiquei preocupado — O que foi, Vic, não gostou?

— Ah, não, Marco, nada disso — ela disse meio confusa — É só que... Isso foi estranho — ela não gostou? — Mas um estranho bom, é que ninguém nunca tinha colocado a língua na minha boca — ela disse divertida, me fazendo rir.

— Você é incrível, sabia? — toquei seu rosto e a beijei mais uma vez.

Duas semanas depois eu comecei a beijar outras garotas, não posso diz que não sabia o que estava fazendo, pois eu sabia.

Eu só não percebi que estava magoando a única mulher por quem eu realmente me apaixonei. Victoria me observava saindo com infinitas mulheres, eu contava a ela cada uma das minhas conquistas. Isso nos aproximava como amigos, mas nos afastava como amantes.

— Vic, peguei a Isabele, sabe aquele gata da outra sala? — tinhamos 14 anos e eu estava começando a fazer sucesso com as garotas mais velhas, Isabele tinha 15.

— Sério? — ela perguntou saindo do banheiro com um roupão e secando o cabelo na toalha — Ela é mais velha, ne?

Me levantei de sua cama e passei os braços em volta de seu corpo, ela estava sentada em frente a penteadeira.

— Não, Marco — eu cheirei seu cabelo e beijei seu pescoço — Para, eu não vou te beijar, não quero pegar baba da Isabele — ela falou o nome com nojo, eu ri e voltei a me sentar na cama, tinhamos essa liberdade.

— Eu vou dormir com ela — vi seus ombros caírem — Hoje a noite.

— É melhor você ir, não vai querer deixar a Isabele esperando.

— Está tudo bem? — perguntei preocupado.

— Ta, Marco, eu só quero deitar e dormir.

— Tem certeza? — acariciei seu rosto e ela fechou os olhos apoiando a bochecha na minha mão — Sabe que pode me falar se algo estiver te incomodando.

— Eu sei, mas agora só quero deitar um pouco, minha cabeça está doendo, não esquece de se depilar, porque ninguém merece ficar com gente peluda — ela disse divertida e deu uma risada fraca.

— Pode deixar — beijei sua testa e fui embora rindo.

No dia seguinte acordei cedo e fui até a casa dela.

— Bom dia, senhor Tomas, Dona Luísa, Ana — cumprimentei seus pais e sua irmã — Ela ainda está dormindo?

— Ta sim, Marco, vá lá acorda-la e desçam para o café — sua mãe disse me dando em beijo na bochecha.

Subi as escadas correndo, entrei em seu quarto e a encontrei linda, um pijama curtinho, deitada de bruços com o rosto sereno, eu ainda estava com sono, então tirei a camisa e me joguei na cama ao lado dela.

— Marco? — ela sussurrou com a carinha amassada.

— Eu tenho muita coisa pra te contar.

— Não, só me diz se foi bom, me poupa dos detalhes.

— Foi incrível, você tem que experimenta.

— Dispenso — eu a puxei para os meu braços, ela se aninhou em meu peito e dormimos.

— É quase hora do almoço, levantem — dona Luísa entrou no quarto e abriu as cortinas — O café ainda esta na mesa, mas comam pouco pra não perderem o apetite do almoço.

Ela fechou a porta do quarto e eu me levantei.

— Marco, suas costas — Vic disse assustada.

— Ah, isso — olhei por cima do meu ombro — É normal, as unhas dela eram grandes.

Vic passou uns dias estranha comigo, ela parecia distante, eu sabia que estava sofrendo, mas não sabia porque, então minha mãe adoeceu.

...

Merda, eu sou um idiota — bati em minha própria cabeça, era muito obvio que ela estava apaixonada por mim, mas eu estava preocupado demais em pegar o máximo possível de mulheres para pagar de fodão pros garotos da escola. Vic sempre foi linda, mas ela nunca foi aquele padrãozinho que a gente pega no ensino médio, caralho, eu sou um idiota por ter me importado com isso.

Ainda Sou Eu - Marco AsensioOù les histoires vivent. Découvrez maintenant