Capítulo 28

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POV Victoria

— Papai — me joguei em seus braços assim que ele passou pela porta do meu quarto — é tão bom te ter aqui.

— Ei, princesinha, conta pra mim o que aconteceu — ele acariciou meus cabelos, enquanto me sentava em seu colo feito uma criança.

— Eu estou perdida, papai, eu não sou mais eu, me perdi no Marco.

— Como assim?

— Aconteceu uma coisa — senti o nó em minha garganta aumentar e o aperto em meu peito se intensificar — E se eu ainda agisse como eu, teria pensado e sentido completamente diferente, mas eu estou tão perdida no Marco que pensei exatamente igual a ele, reagi igual a ele e isso é inaceitável.

— O que exatamente aconteceu? — ele perguntou com a voz cautelosa.

— Eu tô... — voltei a chorar compulsivamente.

— Shiu, não precisa falar agora — ele me balançou nos braços, me ninando como quando eu era pequena — Eu vou fazer um chocolate quente para você enquanto toma um banho.

Deixei a água quente cair pelo meu corpo, molhando meu cabelo e lavando minha alma, fechei meus olhos e imaginei algo simplismente divino.

— Eu vou resolver tudo aqui dentro, não tem motivo pra ter medo, nada de ruim vai te acontecer.

Saí do banho, coloquei um short de pijama curtinho e um moletom do Marco.

— Tenho a impressão que esse moletom não te pertence — papai falou com um tom divertido.

— Não mesmo, é do Marco — suspirei.

— Agora que está mais calma, pode me dizer o que aconteceu?

— Eu sinto falta de mim, de quem eu era sem o Marco, de como pensava, agia, eu me perdi nele e isso não é bom pra mim.

— Minha filha, é exatamente dessa maneira que você deve se sentir quando ama alguém, acredite ou não, ele também se perdeu em você e vocês tem que se encontrar um no outro — ele colocou uma mecha do meu cabelo molhado atrás da orelha — Mas não fique complicando as coisas e não estrague algo que a maioria das pessoas não consegue ter.

Meus olhos se encheram de lágrimas de novo, senti o nó se formar em minha garganta mais uma vez.

— Papai...

— Não é só como você está se sentindo, não é? Não tem a ver só com o fato de que você mudou. Me fala o que está acontecendo, Vic, se eu não souber não posso te ajudar!

— Eu tô... Eu tô grávida, pai, o Marco não quer ter um bebê e eu não sei cuidar nem de mim, como vou cuidar dessa criança? — ele parecia chocado, estava de queixo caído — Por favor, fala alguma coisa, grita comigo, mas não fica me olhando em silêncio.

Voltei a chorar muito e ele me abraçou apertado, acariciando meu cabelo até eu me acalmar.

— Senta aqui comigo, vamos conversar — nos sentamos no sofá — Primeiro, se o Marco não quisesse um bebê, vocês não fariam — ele fez uma careta e sacudiu a cabeça — aquela coisa que adultos fazer.

— Não é bem assim — contei a ele toda a história da viagem.

— Eu vou matar o Marco, como ele pôde falar assim com você?

— Esquece isso, por favor, já faz muito tempo, foco no agora que realmente tem um monstrinho em minha barriga — dei um sorrisinho triste — e quando eu descobri eu só pensei que não poderia ter um bebê e essa não sou eu, pai.

— Por isso você disse que se perdeu no Marco, porque você, sem o Marco, nunca pensaria assim.

— Exatamente, a primeira coisa que veio em minha cabeça foi que isso era um enorme erro e não deveria nascer, mas eu não sou assim e me sinto tão culpada por ter cogitado essa hipótese.

— Está tudo bem, amor, você estava assustada, não estava pensando direito, mas o que importa é que você está pensando com clareza agora, sabe que eu estarei contigo todos os dias, sempre que você precisar e estarei com esse bebê também.

Me deitei no ombro dele e fiquei pensando em tudo, meu Deus, como não vi isso antes?

— Pai — o chamei assustada — eu uso DIU.

— Mas, assim como o anticoncepcional, também pode falhar, né?

— A questão não é essa, uma das complicações de engravidar com o DIU é o risco de aborto, eu tô com medo.

— Não, amor, amanhã cedo nós vamos ao médico e vemos como isso fica, não se preocupe, tudo vai dar certo — estar nos braços do meu pai me trazia a certeza de que tudo realmente ficaria bem — E amanhã a senhorita também vai contar pro Marco e não vai mais afasta-lo quando precisar dele.

— Tudo bem, amanhã eu falo com ele, agora vamos dormir.

Me deitei na minha cama e meu pai no quarto de hóspedes, mas eu não conseguia dormir, o medo do que o médico falaria para mim amanhã é terrível e angustiante.

— O que foi, querida? — papai perguntou assim que cheguei a porta do quarto dele.

— Eu tô com medo de amanhã, posso dormir com você?

— Claro, bonequinha, vem cá — dormi segurando a mão do meu pai, me sentindo a pessoa mais segura do mundo.

Quando acordei no dia seguinte meu pai tinha preparado o café e estava pronto para correr.

— Bom dia — beijei a bochecha dele — Vai correr?

— Vou sim, só estava esperando você acordar, seu médico vai ser que horas mesmo?

— Duas e meia — ele assentiu e saiu da cozinha, indo para a academia do prédio.

Tomei café e me senti enjoada, como vinha me sentindo em todas as manhãs.

— Vamos lá, monstrinho, deixa a mamãe comer alguma coisa — senti um desconforto em meu estômago e respousei as mãos em meu ventre — Calma, meu amor, tudo vai ficar bem, eu vou te proteger de tudo, mesmo se o papai não te quiser, eu ainda vou amar você!

— Você tá grávida?

Ainda Sou Eu - Marco AsensioWhere stories live. Discover now