Capítulo 41 - Cartas na mesa

Start from the beginning
                                    

– Tito essa mulher não te merece, ela estava se esfregando com Rafael no sofá da nossa casa. Aos beijos, as roupas. Aí, foi tão, tão feio, vulgar, escroto...

A ânsia de vômito falou mais auto que a própria raiva recém-formada, talvez o excesso de bolo de cenoura tenha alguma culpa, meu filho estava crescendo e suas reações em mim já não se esconderiam por tanto tempo.

Corro para o banheiro, sem tempo para justificações, não tenho prazo se quer para trancar a porta, uma. Duas. Três. Quatro vezes. Abraço meu ventre em forma protetora sentindo minhas pernas pesadas demais para serem sustentadas.

Alguém tem meu corpo enlaçado, qualquer toque é frio quando não é o dele. Com ajuda bem-vinda estou sobre os pés e lavo o rosto, a água corrente da torneira bem lustrada se mistura com as lágrimas, o tremor traz à tona o instável habitual.

– Doce, vai ficar tudo bem tá bom? Vou chamar Thor aqui, explicar que não tivemos nada, e que aquela mulher é louca, demente...

– Ele a ama... – A voz saía fraca e chorosa, seu rosto se contorce em dor e comoção. "Você vem primeiro doce" naquele dia descobri que você não mentiu Austin, vinha primeiro em suas ações, vinha até mesmo antes do seu próprio eu. Seu amor nunca fora tão claro.

– Mas também ama você, pode ter certeza que se você não falar vai ser pior. A omissão destrói tudo. É melhor vocês conversarem. – Tentou forçar um sorriso.

– Não posso mais ficar aqui nenhum minuto, você viu a forma doentia como ela me olhou? – O medo vinha em dobro agora.

– Eu vi. E isso não é normal.

– Invadi a casa dela, tomei muito do tempo deles, até Roberto me dá atenção, talvez seja isso, além do perigo, que estou trazendo a todos vocês.

Na frente de Rafael não precisei segurar o mar salgado. Deixei-o sair livre em cascatas, choro, soluço, Austin me abraça e acaricia minhas costas. Sussurrando um vai ficar tudo bem. Após alguns minutos a calma começa a se instalar, respiro fundo afasto de sua camiseta molhada o rosto, encaro-o esperando algum conselho ou empurrão milagroso.

– Vamos para a cabana, faço tudo para que fiquem seguras lá, Luana vai amar o lugar.

– Não posso voltar pra minha casa ok? Qualquer lugar menos lá. – Contorno minha barriga novamente com meus braços, agora titia também precisará disso. Proteção. Abrigo.

– Calma tudo bem, foi sua mãe? O que ela fez? Sempre achei que tivesse algo de errado na relação conturbada de vocês, mas sempre que perguntei...

– Eu disse que estava tudo bem, nunca foi verdade Rafa, minha mãe é... – Lágrimas assolam a porta dos olhos novamente, percebendo puxa meu corpo junto ao seu num abraço terno e demorado.

– Luiza te machucou?

– Ela tentou, ela tentou... – Não consigo concluir a frase. Dói demais. E o soluço choroso está de volta.

– Tudo bem, pode me contar depois, se acalme doce.

– Rafael tenho algum dinheiro guardado no banco, posso alugar algo temporário para mim e Luana. Mas preciso planejar isso direito.

– Layla por favor não discuta isso agora, vou levar você e titia para cabana. Não terá todo conforto que tem aqui, mas eu sei que o lugar é especial pra gente, prometo cuidar de vocês. – Segura firme minhas bochechas entre suas mãos forçando meus olhos a fitarem os seus – vamos ficar bem!

– Obrigada.

– Não por isso. – Presa novamente em seu abraço, cola seus lábios em minha testa.

Meu Limite - QUEBRADOS 1Where stories live. Discover now