Capítulo 33 - O mal está a caminho

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"Seja forte e não se deixe levar, pois a fraqueza é o mal querendo entrar"

"Seja forte e não se deixe levar, pois a fraqueza é o mal querendo entrar"

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F♥

Faz semanas que estou vivendo dias maravilhosos. Durante anos tive uma visão de vida perfeita totalmente errada, essa a qual levava agora parecia muito leve, só que não me trazia realidade, não a minha, por diversos motivos.

Não consegui criar a coragem de voltar para casa, encarar a face da minha progenitora depois de tudo que nos aconteceu. Talvez daqui alguns dias, semanas, ou meses, seja mais simples encara-la. No momento tudo que buscava referia-se a uma estabilidade emocional, tenho toda certeza que não obstante existe naquela casa.

Por esse motivo sou hóspede VIP da família de tio Vicente segundo ele será o vovô do coração desse ser humaninho pequeno dentro de mim, e tia Bel como gostava de ser chamada a mãe de Ana será avó e encherá ele de chocolate... O amor deles aquecia meu coração como um forno de 360° graus ardentes aquece uma torta de maçã. A estadia foi um pequeno paraíso, tive todos os mimos que uma gravida poderia ter, doces, tortas salgadas, chocolates.

Ana Vicente sempre aparentou ser boa amiga, mas nessa ocasião foi além, se tornou irmã, esse amor pode ser até mais alto do que aquele nomeado por laços sanguíneos. O ponto de ruptura onde uma amizade atravessa para o lado fraternal leva anos, dias ou segundos. O nosso pareceu sempre existir, e só de imaginar estar sem ela nesse momento meu estômago fica embolado numa torrente forte.

Visitei titia Luana, sozinha por opção, e me surpreendi quando a velha senhora que tanto amo disse que Rafael foi visita-la na terça à qual estive no hospital, impossibilitada de ir, ele a tranquilizou sobre meu estado, mas não disse uma palavra se quer sobre nós.

Jamais seria hipócrita em omitir a tempestade que essa notícia causou em mim. Chorei em silêncio trancafiada a um banheiro privado de uma lanchonete qualquer por minutos. Todos os dias pensava nele, ainda que inconsciente, sempre de uma maneira diferente.

Contar tudo que aconteceu e chorar no seu colo, foi como evaporar a aflição do meu corpo. Recebi um puxão de orelha e um aviso, devo contar a Austin com urgência sobre o seu filho. Levar Telles para que ela o conheça, pelas fotos que mostrei na tela do celular suas palavras descreveram o como um pedaço de pão açucarado. Luana notou meus olhos sofridos. E disse que somente por esse novo amor estou de pé. Segundo titia, o amor ancorado é bonito, mas não é concreto.

Prometi a dona Luana que meu bebê estaria seguro longe de Luiza e a doce mulher se acalmou. E pela primeira vez pediu para que eu a tirasse de lá somente para que pudesse cuidar do neném quando nascesse. Todo amor de avó esse serzinho teria, disso tive certeza.

Recusar o convite do Thor de dormir ao seu lado nesse curto período em que decido o que fazer da minha vida foi uma tarefa extremamente difícil:

Primeiro estávamos andando em velocidade acima da média para um início de relacionamento, e não queria jamais ser como uma obrigação para ele. Ter que me abrigar apenas por que minha mãe quis me matar? Neguei-me a fazer isso.

O mais fofo nisso tudo é a forma como me levava no colo para a casa de Ana, meu corpo depositado na cama de minha amiga, feito pluma de algodão, com todo carinho. Cada parte de mim amava mais e mais aquele homem, cada centímetro dele, seu cheiro, sua voz, seus olhos, sua boca. Tudo convidativo e intenso, real e único. Quantos "eu te amo" dissemos um para o outro nessa semana nem a mais potente das calculadoras somaria.

Julia Telles havia se transformado, parecia outra pessoa infelizmente nos afastamos, podem ser contadas as palavras dirigidas uma à outra nessa semana, juro que não foi por implicância minha ou coisa do tipo, ela estava de todo modo, diferente.

Já Roberto foi o primeiro a comprar presentes do bebê, ele me deu um kit completo de sabonetes, shampoos, perfumes, pentes, toda linha de banho com aquele cheirinho gostoso de recém-nascido. E sempre alisava minha barriga.

Era engraçado, a forma como essa criança no meu ventre passou a ser amado por todos ao seu redor antes mesmo de dar as caras.

Uma família.

Parecíamos até uma família comum e feliz.

Feliz demais para durar...

Estou saindo da empresa, Ana não pode vir comigo, pois Teodoro a chamou para uma conversa particular. Não sei o resultado do que vai sair de lá, então prometi que esperaria na biblioteca aqui na esquina, nosso refúgio e fortaleza. Toda amiga devia ter uma biblioteca para utilizar de esconderijo secreto como a nossa.

O dia estava indo tão bem, em breve teria o Grandão nos meus braços. Ana e Roberto competindo em piadas, e pediríamos pizzas.

Mas o mundo parou, pelo menos o meu.

Existe o poder de um olhar que vai além, hoje posso entender.

Estava sendo seguida, sentia isso não, não quis olhar pra trás muito menos saber quem é, tudo em mim gritava para que corresse o mais longe possível dali.

Externamente não, a guerra aqui é interna.

Giro nos calcanhares, com o coração na mão e lágrimas nos olhos.

O problema do perigo é que ele não vem com uma placa amarela de letras pretas, ou em neon quem sabe, escrito "corra, vou te fazer mal". Esse substantivo triste e irritado causa um efeito dominó tão grande que seu estrago nem mesmo agregado ao trevo de quatro folhas, resultaria em coisa boa.

Olhei pra trás e confirmei, estava sendo seguida!

Ruelas, semáforos, placas de trânsito, faixas de pedestre, viraram rabisco pela forma como corri na cidade, por quanto tempo? Entrei no primeiro taxi que vi.

– Boa tarde, pra onde vamos?

– Pra qualquer lugar.

– Esse não me aparece no GPS.

– Por favor, só me tire daqui.

– Posso ir rumo a minha casa, e você decide onde quer parar, tudo bem senhora – analisei o motorista a minha frente. Devia ter faixa de uns sessenta anos e não me parecia uma pessoa ruim. Um trabalhador, cansado talvez.

– Tudo bem.

– Assim que quiser parar, é só falar.

– Tudo bem.

– Moça você está me ouvindo?

– Tudo bem.

E assim estava meu corpo num ataque de pânico. Quando dei por mim os taxista parou.

– Senhora preciso ir pra casa, infelizmente essa é parada final, tem um ônibus que passará aqui se não me engano e irá até o centro da cidade.

– Tudo bem.

– A conta senhora!

– Tudo bem.

– Senhora você precisa pagar o valor final.

– Desculpe! Aqui – ofereço o cartão para que o senhor passe na maquininha.

Não sei! Aonde cheguei? Não sei! O céu azul agora está negro, os saltos agulha finos, mudaram para acessório de mão, continuo caminhando, agora descalça, com a alma e os pés no chão imundo dessa cidade. O volume de carros e motos vai ficando submergidos ao ruído bem diferente e tão comum, devo estar perdida tanto fisicamente, quanto emocionalmente.

Meu Limite - QUEBRADOS 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora