• deja vu •

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A respiração de Hoseok estava ofegante, suas feições relutantes esboçavam um pavor, lágrimas escorriam de forma lenta sob o rosto deslizando para o peito de Hyungwon, o menor se encontrava atordoado, espasmos o faziam se mexer de forma perturbadora acordando Chae que ao ver o modo no qual se encontrava o menor o abraçou e tocou seu rosto o chamando de forma delicada e preocupada.

— Wonho... Amor... Acorda...

Suas tentativas de o despertar estavam sendo falhas até que ele chamou de forma firme e grave

— Amor... Acorde.

Wonho despertou se agarrando assustado a Hyungwon, que o acalentava passando as mãos pelos fios loiros.

— Calma... Calma, foi só um pesadelo, eu estou aqui.

A respiração ofegante foi se tornando compassada, o sonho deve ter sido muito ruim era o que Chae imaginava.

— O que houve? Você quer falar sobre o que sonhou?

Ao encontrar os olhos negros e profundos do menor, se arrependeu da pergunta, o mesmo se encontrava acanhado e retraído sob o corpo de Chae, o silêncio era invadido pelas respirações que outrora eram descompassadas.

— Se você quiser conversar depois, tudo bem, eu estou aqui e vou estar quando quiser falar. — Depositou um beijo na testa de Hoseok que sorriu enquanto o moreno passava as mãos no rosto do menor enxugando as lágrimas — Se você soubesse como me machuca lhe ver assim... Chorando. — Hyungwon o puxava para si, e o enlace do abraço acalmava Wonho que correspondia afagando sua cabeça no peito do maior.

Hyungwon se sentia impotente, Hoseok não era de muitas palavras sobre os problemas próprios, mal falava sobre si mesmo, apesar dos sentimentos explícitos que ambos tinham um para com o outro, Chae ainda não sabia a fundo muitas coisas sobre Wonho, ou o que lhe acontecia, pois sempre que estavam juntos falavam sobre tudo, menos sobre aquilo que martelava os pensamentos de Hyungwon, a sensação de desconhecer seu amado o fez sentir que necessitava mudar esse cenário, mesmo que fosse aos poucos, mesmo que fosse gradativo.

Queria saber quais medos lhe afetavam, quais problemas já passou, sobre sua família, desde quedas na infância até suas frustações, queria o conhecer de fato, e Hyungwon estava certo de que isso iria aprofundar ainda mais a relação entre os dois.

Hyungwon estava quase pegando no sono, quando ouviu Wonho lhe chamar, o menor ficara incomodado desde que acordou por conta do sonho ruim.

— Anjo? Já dormiu?

— Estou quase... o que foi?

— O sonho... não consigo dormir. Me traz lembranças ruins... — lagrimas brotavam sutilmente no olhar do loiro.

— O que você sonhou?

— Eu sonhei com a morte dos meus pais... de novo.

De novo? — pensou preocupado Hyungwon assimilando aquilo que o menor acabara de lhe dizer.

Como assim de novo? Você tem sonhos como esse frequentemente?

— De novo porque isso já aconteceu, eu era criança, mas essa situação ainda me assombra durante algumas noites, a sensação da perca... espaço vazio... tudo volta como um looping incessante de vezes me lembrando da realidade. — As lagrimas se intensificavam e o choro prevalecia como um apelo angustiado de alguém que não aguenta mais reviver isso. — Eu tinha 6 anos quando tudo aconteceu, eu estava na escola... A professora me tirou de dentro da sala, ela falava coisas do tipo "seja forte", "tenha calma" ...Não lembro ao certo o que ela falava especificamente, mas aquelas palavras estavam me assustando, e eu sentia um aperto muito forte no peito. Foi quando avistei minha tia no corredor chorando, eu não estava entendendo, até que ela tentou me explicar tudo que tinha acontecido, nem ela sabia como me dar a notícia. — E eu chorei, ainda sem entender muito, chorava porque ela disse que eles não iriam mais voltar, anos depois fui entendendo o que tinha acontecido, o acidente, tudo... Sinto tanta falta deles...

— Amor... eu não sei nem o que dizer, mas quero que saiba que pode contar comigo para tudo viu?! Estou aqui do seu lado, e não pretendo sair. — Você foi criado pelos seus avós?

— Não conheci eles, já haviam falecido quando eu nasci... Minhas tias me criaram, sou muito grato de verdade, mas não me sentia em casa, não me sentia... e eu tentei, tentei mesmo. Com o passar dos anos esse vazio e esse sentimento de não pertencer aquele lugar aumentava, apesar do abrigo e conforto que elas me proporcionaram, me sentia um intruso... é estranho explicar isso, mas eu me sentia assim.

— O sentimento de "não pertencimento" — completou Hyungwon, abraçando Hoseok, sentia tanto por ele, imaginava o quão doloroso tinha sido a vida. — Mas você agora tem um lugar... pode não ser muito grande, nem muita coisa, mas meu coração fica muito feliz em te abrigar. — sorriu olhando para Wonho que já havia parado de chorar o respondia sorrindo de forma suave, suas bochechas coradas e o movimento abaixando a cabeça mostrava o quanto estava envergonhado com tamanha declaração.

— Você é um anjo mesmo... — levantava o olhar indo de encontro com os de Hyungwon e o abraçava mais forte.

O sentimento que preenchia todo aquele espaço era de afago, ambos correspondiam de forma intensa, era como um encontro genuíno de duas almas, ambas despidas e totalmente entregues a esse sentimento.

Hyungwon o observou adormecer, pensava em tudo que aconteceu.

O sentimento de não pertencimento, a falta de um lar, a falta de algo para chamar de seu, o vazio, o incompleto... o espaço.

É assim que somos sem laços, é assim que nos sentimos. Como uma folha que está à mercê de um vento que a guia cegamente, sem entender o sentido de porto.

Hyungwon tentou imaginar como teria sido sua vida sem o apoio de seus pais, sem eles ao seu lado lhe guiando, e nessa hora, ele se desfez em lágrimas, um choro contido para Wonho não perceber e nem acordar.

Admirava ainda mais o menor pela sua força, por suportar toda essa dor, e estava determinado a não o deixar mais levar esse fardo sozinho, o fardo continuaria existindo, mas ele estaria lá para ajudar.

+++++++++++

Changkyun passara o dia inteiro tentando falar com Jooheon que não atendia o celular, procurou o rapaz pelo campus durante o dia mas não achou então o jeito era persistir nas ligações.

— Alô? Jooheon?

— Oi Chang, o que foi? Eu estava ocupado fazendo uma arte para o trabalho de mídias sociais. Desculpe não ter atendido, vi agora as ligações.

— O Conselho Joohoney... eles estão me observando, eu não sei o que eles querem, e eu estou com medo.

— Isso foi por causa do trote? Tu sabe que vai ter que andar na linha agora né?!

— Não sei foi pelo trote, ou por causa de algum fica meu no campus, se bem que não estou ficando com ninguém dentro da faculdade, e nem fora também, então deve ser pelo trote. — Eu já estou com problemas em casa, imagina se o Conselho entra em contato com meu pai, posso me declarar morto.

— Calma Chang, eles não vão fazer isso, agora é tomar cuidado e ficar atento. Já resolveu o lance com o Hyungwon e o Hoseok?

— Não, ainda não... Eu sei, já deveria ter ido falar com eles e pedir desculpa, mas estou criando coragem, não é tão fácil assim Joohoney.

— Eu imagino mesmo que não seja, mas fica tranquilo e tenta descansar, amanhã a gente se vê e conversa.

— Certo, até amanhã. 

Eu particularmente acho que essa música casa bem com os sentimentos do Hoseok, espero que apreciem a letra. Até a próxima monbebes do meu core, espero que estejam gostando.. :* 

• Gravity • {2won}Where stories live. Discover now