O celular dispara, mas dessa vez não era o alarme e sim minha mãe, deslizo o aparelho para atender de forma lenta, meu corpo ainda estava despertando
— Alô? Mãe? – pergunto sonolento.
— Oi filho, ontem foi muito corrido aqui na agência não consegui um tempo para ligar no período do seu intervalo, e quando saí de lá acreditei que você provavelmente ja estava dormindo então não pude ligar, mas me conta como foi ontem? As pessoas foram legais? Fez algum amigo novo? E o curso? Você está gostando? – perguntou de forma disparada como quem usa uma metralhadora e estava preocupada com o pouco tempo.
— Mãe, eu não estou em posição de responder ainda porque acredite eu acabei de abrir meus olhos, mas no geral está tudo bem, não se preocupe – respondi compassadamente.
— Tudo bem, seu pai ta mandando um abraço, disse pra você se cuidar e se precisar de alguma coisa você já sabe, pode ligar viu?!
Minha mãe sempre foi o elo entre mim e meu pai, apesar de um pouco distantes eram em horas como essa que me sentia dentro de uma família, eles não mediam esforços para me ajudar
— Certo, agora vou cochilar por mais 30 minutos tá?! Se cuida, e cuida do pai, a senhora sabe como ele é cabeça dura as vezes. – após falar, desliguei retornando o telefone a cabeceira.
Dessa vez era definitivamente o alarme, aquele toque estridente era a única força suprema que conseguia me fazer despertar. Levanto-me apressado seguindo para o banheiro, como dormi um pouco mais teria que correr novamente para não me atrasar. Ao abrir a porta lembrei do que acontecera na noite anterior:
Shin Hoseok
Olhei em direção a sua porta, talvez na esperança de algum movimento qual eu sabia que não iria acontecer, e segui minha rota.
Parei no Coffee Bean para o cappuccino matinal, segui para o prédio durante o trajeto encontrei Shownu, que vinha as pressas em minha direção
— Hyungwon, você sabe que a qualquer momento os veteranos vão sequestrar os calouros para o trote né? Eu soube que no semestre passado eles fizeram os novatos comerem ovo cru enquanto eram obrigados a beber Soju, o Minhyuk meu amigo que faz Comunicação falou também que os que se recusaram foram obrigados a comer o ovo com cuspe dos sunbaes, eu quase vomitei so de ouvir ele contando – falou a tom surdino para que ninguém notasse o assunto da nossa conversa.
— Caralho que nojo hein?! – exprimi repulsa a tais atitudes.
Foi no corredor que pude avistar Hoseok, sua pele era reluzente semelhante a um filme antigo onde a luz invade e desfoca tudo que está ao redor, sua postura na parede me fez pensar por segundos como seria aquele corpo diante do meu
Que diabos eu estou pensando?! Não posso pensar nisso, tenho outras coisas mais importantes
Ao cruzar seu caminho ele dá um sorriso e nos cumprimentamos, ao mencionar seu nome ele diz:
— Wonho, pode me chamar de Wonho, é assim que me conhecem.
— Certo, Wonho – assenti com a cabeça em direção aquela figura angelical, tal como os anjos que guardavam a entrada do Éden.
A aula seguia rotineira até o professor de Introdução a Filosofia passar um trabalho em dupla ou trio devido o número de alunos ser ímpar, eu obviamente ja estava acompanhado pelo Shownu, trabalho era sobre Durkheim e sua obra que retratava o suicídio.
Notei que o Wonho não tinha muito contato com ninguém da nossa sala, fora algumas palavras que havíamos trocado, não havia outra pessoa, ele poderia até ter, mas eu desconhecia, senti o desconforto em suas expressões corporais
— Wonho, você quer se juntar comigo e com Shownu? Podemos fazer juntos se você não já tiver dupla – falei após virar em sua direção.
— Eu quero, obrigada pelo convite, vai ser até mais fácil para mim, já que moramos no mesmo andar.
Ele tinha um ar tão atraente, que eu me sentia constantemente puxado em sua direção, talvez esse trabalho seja a chance para saber mais sobre ele
Combinamos de ler o texto separados e nos encontrarmos no meu dormitório para debatermos alguns argumentos a serem escritos na dissertação, o encontro seria amanhã no período da tarde já que ninguém tivera compromisso e estavam todos bem dispostos, segundo Wonho essa disposição era por conta do início do semestre.
Ao findar o dia, retornei para o meu apartamento, tomei um banho e me dispus a estudar o conteúdo para o nosso encontro, estava centrado nas linhas quais Durkheim afirma o suicídio como fator social quando escuto batidas a porta
Quem será?
Avistei o Wonho posto a minha porta pelo olho mágico, quando abri ele estava sorrindo, e sorrindo para mim.
Talvez seja alegria de ver um rosto conhecido
Eu tenho de sempre mentalizar as situações da forma mais realista possível para evitar ilusões, não consigo interpretar os sinais de forma correta e as vezes me deixo levar por ocasiões que não condizem com a realidade, teria de ter cuidado, pois essas ilusões já tinham me magoado antes, talvez não fossem ilusões, mas ainda sim todas aquelas vivências deixaram marcas
— Wonho? Oi, você está precisando de algo? – não consegui pensar me outra pergunta para justificar aquela presença.
— Para ser sincero, eu queria uma companhia para jantar, e como você mora quase que vizinho eu pensei em passar, talvez você ainda não tenha jantado, sei lá, desculpa se eu estiver incomodando.
— Não tudo bem, tudo bem, eu ainda não jantei, e estava revisando o conteúdo para amanhã, mas posso ir com você, só espera eu trocar de roupa – acenei dando passagem para sua entrada em meu apartamento, não pude deixar de notar seu olhar surpreso com a quantidade de espaço talvez.
Fui breve, e quando saí do banheiro ele estava acomodado de forma confortável sob o sofá
— Pronto, vamos?
— Vamos – levantou de forma ligeira seguindo para a porta.
— Mas para onde vamos mesmo? – perguntei curioso sobre qual restaurante iríamos, entretando estava muito satisfeito por estar saindo depois de quase 1 mês sem nenhum contato social.
— Eu estava pensando em irmos ao Popeyes, mas se vocês quiser outro lugar, podemos ir.
— Vamos ao Popeyes – disse enquanto trancava o apartamento e seguiamos para a escada.
A caminhada ate o ponto de ônibus durava cerca de 10 min, durante a caminhada não pude deixar de reparar no céu, ele estava lindo, repleto de estrelas e capaz de entorpecer os sentidos só de observar, percebi que Hoseok estava me observando.
Mas qual é a dele? Será que ele é gay assim como eu? Ou será que eu estou parecendo um idiota sorrindo pro céu? - pensei.
Não ousei perguntar qual o motivo dos olhares, mas pude notar enquanto o ônibus demorava que não havia constrangimento naquela situação, o silêncio que pairava, era um silêncio confortável.
Ao chegarmos ao Popeyes, recebi uma mensagem no celular, era do Shownu:
Assim que puder me liga, preciso te falar o que meu amigo me falou sobre o Hoseok, aquele que vai fazer o trabalho com a gente
Fiquei apreensivo, pensando no que poderia ter acontecido, ou que possíveis histórias eu iria descobrir, mantive o aspecto calmo desde que saí de casa, mas agora meu interior estava inquieto, tal como um vulcão prestes a entrar em erupção, pensando em quantos segredos aquele sorriso tende a esconder.
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• Gravity • {2won}
FanfictionChae Hyungwon finalmente consegue sua tão sonhada vaga na Korea University, o que ele não contava era que iria se deixar envolver com o misterioso Shin Hoseok, entre uma linha tênue a atração e o mistério enlaçam esses dois, até que ponto eles iriam...
