Capítulo 47

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Entro hesitante, o coração acelerado e o sangue correndo rápido nas veias.

Azazel está sentada na cama, ela parece cansada, mas tem um sorriso leve no rosto e seu olhar amarelo sorri para mim com prazer estranho. Em seus braços ela segura nossa filha, um ser pequeno enrolado em uma manta branca.

Penso como ela parece uma mãe normal, humana, amorosa. Ainda é difícil me assimilar aquele príncipe do inferno.

Minha mãe me deixa cambalear em direção a elas sentando ao lado de Azazel que me olha com uma sobrancelha levantada.

- ele te deu uma surra. – ela observa com satisfação disfarçada.

- cala a boca. – murmuro pegando uma toalha que minha mãe me deu e secando o rosto.

A toalha volta vermelha e marrom, mas não ligo, estou encarando o mando no braço de Azazel.

- estou com medo de você toma-la de mim se não a entregar. – diz ela estendendo para mim o pequeno ser embrulhado.

- eu poderia fazer isso. – digo já pegando minha filha com o maior cuidado possível e minha respiração falha ao ver seu rosto.

Tão delicada, pequena e linda.

- ela é linda, não é? – Azazel diz orgulhosa.

Sorrio e desvio o olhar rapidamente para ela.

- esperava menos de mim?

Ela da um riso soluçado.

- de você sim, de mim não. – diz presunçosa o que me faz revirar os olhos.

Volto a encarar a criança dormindo nos meus braços, minha mãe fica no quarto apesar de distante e quieta. Percebo as duas me encarando, mas não digo nada, apenas observo a estrutura frágil do ser aos meus braços.

- eu ouvi. – Azazel diz depois de um momento me fazendo voltar para ela, seus olhos estão sérios nos meus. – ele ia matar você.

Levanto uma sobrancelha para ela.

- cuidado Az, posso achar que estava preocupada comigo. – brinco, mas ela não sorri, apenas me observa receosa.

- não achei que ele tivesse coragem. – confessa me fazendo encara-la. – subestimei a raiva dele, achei que o fraco dele pela vida humana o impedisse de matar qualquer um de vocês.

- e impediu. – conto. – ele não quis nos matar antes e não quis agora, mas... – meu olhar vaga por um momento, recordando a cena. – acho que ele viu que só chegaria a você quando eu estivesse morto. – volto meu olhar para o bebê em meus braços. – e se não fosse pelo Andy eu estaria mesmo.

Ela me estuda.

- eu ouvi também. – começa hesitante. – você. Aqui. – diz indicando a cabeça o que me faz apertar os lábios e ela amolece de leve. – você não me decepcionou novamente. Você, Nefil, por incrível que pareça, consegue ser algo além de sua genética. – estreito os olhos para ela sem entender. – você é alguém, uma personalidade forte e única. – ela indica a criança. – seja esse alguém para ela.

Abro a boca e a fecho duas vezes antes de soltar:

- você vai...

- sim. – ela sorri de canto e da um beijo fraco na cabeça de nossa filha e segura meu braço. – eu vou estar por perto o quanto puder, mas...

- eu sei. Eu entendo. – digo tentando ser firme, mas falho horrivelmente.

Sei que Azazel está fraca demais e tem que ir para o inferno se recuperar. Sei que não pode levar o bebê e nem eu e nem quero que faça isso. Mas pensar em cuidar dela sozinho...

Símbolos de Sangue (Livro 2 da saga "Anjos da Terra")Where stories live. Discover now