Capítulo 32

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Acordo pela manhã em um salto quando alguém toca meu ombro.

Encontro cabelos ruivos e olhos verdes me analisando, ele levanta uma sobrancelha para minha reação o que me faz soltar o ar me acalmando.

- você não deveria usar a cama? - pergunta quase sugestivo. – é solitária demais?

Não consigo entrar no clima porque mal havia percebido que cai no sono na poltrona com um livro no colo de frente a lareira agora em brasas.

- talvez eu goste das dores que essa poltrona me causa. - digo alongando o pescoço e lembrando das vezes que acabei dormindo ali.

- não sabia que masoquismo era seu lance. - diz pegando um copo descartável de café que ele provavelmente trouxe o oferecendo para mim.

Recuso com um aceno e franzo a testa para ele sem saber como responder aquilo, então desvio do assunto.

- como entrou aqui? Acho que tenho que reforçar a segurança desse lugar, todo mundo entra e sai quando quer. - considero pensativo.

Andy pondera tomando seu café encostado a pequena mesa de madeira ao lado.

- eu tenho uma cópia da chave e não venha dar chilique por isso. - diz despreocupado.

Há algo diferente nele essa manhã, o que me faz estreitar os olhos.

- eu não disse nada. - falo por fim fechando o livro e me levantando já me espreguiçando o que faz Andy encarar. - o que?

Seus olhos voltam do meu corpo ao meu rosto e ele sorri sem jeito.

- nada. E eu sei o que iria dizer. - retorna ao assunto com casualidade.

- que isso é uma total invasão de privacidade? Nem preciso. - passo por ele ao falar indo para o quarto de hóspedes onde deixei algumas roupas.

Percebo Andy parar na soleira da porta e me observar, mas não digo nada.

- então você meio que mora aqui agora? - pergunta ele encarando minhas roupas no guarda roupa.

Dou nos ombros.

- é meu agora, e gosto daqui, me traz paz.

- paz porque está longe de todos?

Paro encarando a camisa branca que escolhi.

- isso também. - digo enfim.

Viro para ir tomar banho, mas Andy não me da espaço para sair. Ele me observa de perto quando o encaro insinuando para que ele me deixe passar.

- eles são sua família, sabe?

- sei e esse não é o ponto.

Seus lábios se apertam.

- qual é? Gosta de ficar sozinho?

Suspiro.

- na verdade sim, mas também não é isso. - ele espera que eu conte, então conto. - há tantos julgamentos, tantos olhares repreensivos que me deixa sem ar, sufocado.

Andy parece entender isso, mas quase posso ver sua mente trabalhando e me preparo quando seu olhar fica cauteloso no meu.

- estou tirando sua paz estando aqui? Eu te sufoco? - pergunta receoso e tenho vontade de rir, mas contenho com algum sucesso.

- não. - me aproximo apertando sua mão com carinho. - não, você não.

Ele relaxa um pouco o que me faz sorrir.

Símbolos de Sangue (Livro 2 da saga "Anjos da Terra")Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ