Símbolos de Sangue (Livro 2 da saga "Anjos da Terra")

Capítulo 39

As coisas ficaram estranhas.

Quero dizer, foi maravilhoso com Andy, totalmente, pelo menos para mim. Mas depois disso ele ficou distante, pensativo, estava quase cogitando perguntar se ele havia se arrependido, se tinha percebido que não era isso que queria ou algo assim.

Estava quase me corroendo por dentro quando ele enfim disse ao colocar a roupa:

- talvez seja melhor darmos um tempo, - ele me olha com pesar e preocupação. – disso.

Me sento na cama, coberto por apenas um lençol. Minha boca se abre em indignação.

- espera, o que!?

Andy respira fundo quando termina de abotoar sua camisa.

- não estou falando para terminarmos...

- acho bom que não esteja. – solto ofendido.

Andy parece perdido, há tanta dor que não conheço em seu olhar.

- o que eu quero dizer, é que é melhor nos afastarmos um pouco enquanto a Lívia assimila tudo.

Fico olhando para ele, acho que por tempo demais. Não sei o que aconteceu, não sei o que dizer, minha mente parece ter ficado lenta demais.

- Lívia? – solo em um murmúrio. – é por causa dela ou...

Andy balança a cabeça e se senta a minha frente, seus olhos estão mais claros e o rosto corado o que faz meu sangue correr mais rápido.

- é por causa dela. – garante ao ver minha preocupação. Andy sorri tranquilizador e toca meu rosto com carinho. – não é você, jamais seria você. Isso foi... – procura a palavra. – incrível.

Suspiro.

- por mais que eu ame a Liv, e você sabe que sim... não quero ficar longe de você, não mais. E muito menos depois disso. – admito o puxando para mim, não o beijo, mas ficamos muito perto.

Meu corpo reage a proximidade dele, ao seu calor, ao seu corpo tão próximo ao meu. Acho que ele sente isso também, porem se afasta delicadamente.

- eu sei. Não estou falando para deixarmos de nos falar nem nada, só que talvez isso, seja muito evidente.

Estreito os olhos para ele.

- não sei se fico lisonjeado por ser evidente que te deixo "feliz", ou se me sinto ofendido por você não querer que ninguém veja isso.

- James...

- porque é que agora é você que está complicando as coisas? – indigno amargo.

- porque não quero magoa-la mais, porque achei que você mais do que qualquer um entenderia.

- eu entendo. – confesso. – só não concordo.

Ele respira fundo como se tivesse que concentrar sua paciência.

- então vamos contar a ela? – pergunta quase retorico e quando não digo nada ele levanta. – foi o que pensei.

Levanto mais rápido que ele deixando o lençol na cama, estampando minha nudez como uma arma contra ele. Entro em sua frente antes que ele saia, seguro seu rosto entre as mãos e o beijo firme e necessitado.

Andy corresponde de imediato, como se tivesse precisando daquilo também.

- eu amo você. – confesso e ele trava, os olhos se arregalam nos meus, surpreso. – não... – engulo em seco. – não me deixe de novo.