Capítulo 43

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Enquanto Liv consola Andy que chora discretamente, Leo me da um aceno com a cabeça para que eu o siga.

Vamos até a cozinha ampla e sei que Leo ocultou nossa conversa.

- James, eu sei que tivemos nossas - aperta os lábios. - diferenças. - é óbvio o quanto aquilo é difícil pra ele. - mas, Andy me contou o que aconteceu naquela noite, na batalha e hoje... - suspira. - você pode ser o que for, mas protege ele e eu agradeço por isso.

Respiro fundo.

- não sei porque ta me dizendo isso agora Leo. Achei que você já sabia disso.

- eu tinha minhas dúvidas. Depois de tanta irresponsabilidade que você demonstrou...

- ok, há entendi. – digo rapidamente. – então isso é o que? Uma trégua?

- acho pouco provável que você consiga se desapegar da sua idiotice. – fecho a cara e ele bufa. – mas, em outras palavras sim. – Leo olha para trás onde Andy e Liv estão conversando baixo. – ele precisa de você agora e eu não vou piorar as coisas para ele. – me encara firme. – não estrague tudo.

Com isso ele se vira e sai. Respiro fundo exaustivo.

- esse é meu lema. – murmuro antes de ir até eles.


Alguns dias se passaram e as coisas ficaram estranhas.

Andy começou a praticamente morar comigo na casa do Cal e Liv vivia la conosco, na verdade mais com ele.

Eu sempre me forçava a engolir meu ciúme, sabia que era coisa minha, eles eram amigos, nós éramos.

Estava pensando em como as coisas estavam calmas demais, observando Liv e Andy jogarem xadrez e rirem porque Andy era péssimo, quando meu peito se apertou. Não como algo físico, como um puxão, como se tirassem meu ar por um instante.

Me sento ereto na cadeira, os olhos arregalados para o nada e quase posso sentir o cheiro de sangue, o liquido quente em minhas mãos. As encaro, mas estão limpas. Minha mente está a mil por hora quando Andy aparece a minha frente.

- Jemy? – chama preocupado. – o que foi? O que está acontecendo? – pergunta em desespero crescente.

Olho para ele sem conseguir vê-lo realmente, balanço a cabeça devagar e engulo em seco.

- eu não sei. – confesso. – tem algo...- respiro. – tudo bem. Já passou.

Tanto Andy quanto Liv estão me olhando sem acreditar que realmente estou bem.

- vou pegar um pouco de água. – Liv diz já se levantando e saindo para a cozinha.

Olho para Andy.

- tem algo errado. – digo baixo demais. – com ela.

Ele enrijece imediatamente.

- foi isso que o cartão quis dizer? Que vocês estão ligados?

- a criança? Sim, talvez.

Andy balança a cabeça atordoado.

- o que faremos? Não podemos invoca-la.

Toco seu rosto para que se acalme.

- não vamos. Está tudo bem agora, já passou. Pode ter sido só algo... normal. Se é que podemos chamar algo sobre isso de normal.

Ele não se convence, mas nesse momento Liv volta e me da o copo com água.

- obrigado. – bebo já me acalmando. – acho que já vou deitar. – digo me levantando.

Símbolos de Sangue (Livro 2 da saga "Anjos da Terra")Where stories live. Discover now