Símbolos de Sangue (Livro 2 da saga "Anjos da Terra")

Capítulo 10

Quando saímos do local deixando o corpo de Gill lá, Azazel para o tempo para sairmos. A policia já estava cercando o bar e passamos por eles como se fossem estatuas.

De volta ao beco escuro encaro os olhos amarelos de Azazel antes dela se despedir.

- porque estou fazendo isso? – pergunto serio.

- não é obvio? Porque quer ser um bom filho?

- estou falando serio Azazel. Porque eu estou fazendo isso? Matar os caras maus, adiantar ou cobrar alguns contratos? Qualquer outro demônio poderia fazer. Então porque eu?

Ela suspira e se aproxima de mim.

- ordens são ordens Nefil. Seja obediente, seja mortal, seja invencível e então se torne o preferido dele. É o que você quer, não é? – paro de respirar enquanto ela me estuda de perto. – é, eu sei. Você está treinando com o feiticeiro, está fingindo cooperar com sua família, mas a verdade é que tem seus próprios planos. – sorri solidaria e toca meu rosto. – não se preocupe, eu gosto disso e seu segredo está seguro comigo.

Dito isso ela se afasta e pisca pra mim antes de sumir em um borrão negro.

Na casa de Caleb no outro dia estou exausto.

- o que você anda fazendo para drenar tanta energia? – pergunta ele me dando um chá que garante ajudar a me recuperar.

Estou sentado no chão do salão dele, pingando de suor depois de treinarmos os últimos exercícios sobre o elemento Ar.

- praticando. – digo em defesa impensada.

Cal com certeza não acredita, mas também não discute.

- então trate de se recuperar logo, estamos perdendo tempo.

Reviro os olhos e tomo o chá. É instantâneo, sinto a leveza da erva fluir em meu corpo como se rejuvenescesse.

- claro treinador, vamos nessa. – termino de tomar o chá e me levanto.

- primeiro. – ele levanta seu dedo longo pra mim. – preciso que faça símbolos de proteção ao redor da sala, não quero que destrua minha casa.

Usar símbolos é mais fácil, eu apenas invisto uma porção de magia neles e eles duram o quanto durarem, não me sugam como quando não os uso e a magia sai diretamente de mim para sua ativação.

Depois de colocar quatro símbolos ao redor da sala fechando o perímetro, me volto para Cal.

- pronto, e agora?

Ele me da um olhar mais cauteloso.

- agora só falta um elemento, o fogo.

Assim que ele anuncia eu me lembro de que ele queria começar com esse, mas eu não quis e estava evitando até o fim. Sinto meu coração bater na boca e minhas mãos tremerem, mas tento disfarçar.

- ok. – me posiciono no meio do lugar.

- feche os olhos, sinta o calor ao redor, canalize-o, controle-o. – instrui e tento fazer o que ele diz.

Fecho os olhos e sinto, sei que o controlo, sei que posso fazer isso, mas ao senti-lo as imagens correm diante de mim. A dor que causei, os gritos abafados e desesperados, os choros, as chamas lambendo a madeira, as devorando. Então quando o fogo cresce em mim eu o bloqueio como se abafasse uma chama.

Respiro fundo e abro os olhos. Cal está franzindo a testa pra mim.

- o que houve? – pergunta. – ainda não está recuperado?