Os barulhos dos chicotes me fazem sentir dor, algo diferentemente, genuíno.
Olho ao redor, sei que não estou realmente ali, é um sonho ou uma visão, mas tudo parece muito real.
O teto parece mais baixo do que realmente está, a nevoa vermelha é constante e fedorenta ao redor do lugar pouco iluminado por tochas. Parece uma cela, ou uma tumba, não sei dizer.
Paro de pensar ao ouvir o grito abafado de dor que me atinge em cheio.
- mãe... – corro em direção ao som. Seguindo as chicotadas, a dor, os grunhidos. – mãe! – grito por ela quando a vejo pendida em correntes grossas e vermelhas.
Sou impedido de avançar por uma grade de barras grossas. O carcereiro vestido de preto atrás dela, tem um chicote de espinhos na mão e sei mesmo sem conseguir ver que ele está sorrindo.
- não ouse, seu...
- ora, não precisa de tanto escândalo. – a voz me atinge em cheio, suave e persuasiva. Mas nada parecida com qualquer outro demônio.
Ele é único. Terrivelmente único.
Me viro para encara-lo, esta vestido da mesma forma de antes, sua pose é a mesma, nada nele mudou, principalmente a sensação que me tras de que ele é errado.
Tudo nele é errado, não parece certo, não parece natural.
- pare! Pare de machuca-la! – estou grunhindo porque meus dentes estão apertados demais pela raiva.
Lucifer da um sorriso contemplativo.
- já disse que não precisa de escândalo. – ele levanta uma mão impedindo o demônio que já levantava o chicote. – ela só está recebendo uma punição por ser tão atrevida.
Consigo pensar em mil coisas que ela possa ter feito ou falado pra ele que o ofendeu, minha mãe sempre teve problemas de disciplina e meu pai fazia questão de me dizer o quanto somos parecidos nisso.
- porque estou aqui? O que quer de mim? – pergunto tentando me acalmar.
Ele me da um sorriso debochado.
- porque faz perguntas das quais já sabe a resposta Nefil? – percebo seu sotaque antigo e isso faz todos meus pelos arrepiarem.
- não faço. Liberte-os, deixe-os ir e faço o que for necessário.
Ele ri, breve e maligno.
- ah você vai, mas não vou liberta-los ainda. Posso apenas, melhorar sua estadia.
- então isso é um suborno?
Ele da nos ombros indiferente.
- se você vê assim.
Olho novamente para minha mãe, desmaiada e acorrentada, suas roupas estão em farrapos, seu sangue parece estar em todo lugar, os cabelos longos e cinzas escuro caem em volta de seu rosto.
YOU ARE READING
Símbolos de Sangue (Livro 2 da saga "Anjos da Terra")
FantasyJames é filho de uma hibrida com um anjo, o que o torna o Nefilim mais poderoso que já existiu. Quando seus pais são sequestrados por Lúcifer afim de manipula-lo, James se vê em uma difícil jornada a procura de uma saída para escapar do Diabo e salv...