Capítulo 3

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Os barulhos dos chicotes me fazem sentir dor, algo diferentemente, genuíno

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Os barulhos dos chicotes me fazem sentir dor, algo diferentemente, genuíno.

Olho ao redor, sei que não estou realmente ali, é um sonho ou uma visão, mas tudo parece muito real.

O teto parece mais baixo do que realmente está, a nevoa vermelha é constante e fedorenta ao redor do lugar pouco iluminado por tochas. Parece uma cela, ou uma tumba, não sei dizer. 

Paro de pensar ao ouvir o grito abafado de dor que me atinge em cheio.

- mãe... – corro em direção ao som. Seguindo as chicotadas, a dor, os grunhidos. – mãe! – grito por ela quando a vejo pendida em correntes grossas e vermelhas.

Sou impedido de avançar por uma grade de barras grossas. O carcereiro vestido de preto atrás dela, tem um chicote de espinhos na mão e sei mesmo sem conseguir ver que ele está sorrindo.

- não ouse, seu...

- ora, não precisa de tanto escândalo. – a voz me atinge em cheio, suave e persuasiva. Mas nada parecida com qualquer outro demônio.

Ele é único. Terrivelmente único.

Me viro para encara-lo, esta vestido da mesma forma de antes, sua pose é a mesma, nada nele mudou, principalmente a sensação que me tras de que ele é errado. 

Tudo nele é errado, não parece certo, não parece natural.

- pare! Pare de machuca-la! – estou grunhindo porque meus dentes estão apertados demais pela raiva.

Lucifer da um sorriso contemplativo.

- já disse que não precisa de escândalo. – ele levanta uma mão impedindo o demônio que já levantava o chicote. – ela só está recebendo uma punição por ser tão atrevida.

Consigo pensar em mil coisas que ela possa ter feito ou falado pra ele que o ofendeu, minha mãe sempre teve problemas de disciplina e meu pai fazia questão de me dizer o quanto somos parecidos nisso.

- porque estou aqui? O que quer de mim? – pergunto tentando me acalmar.

Ele me da um sorriso debochado.

- porque faz perguntas das quais já sabe a resposta Nefil? – percebo seu sotaque antigo e isso faz todos meus pelos arrepiarem.

- não faço. Liberte-os, deixe-os ir e faço o que for necessário.

Ele ri, breve e maligno.

- ah você vai, mas não vou liberta-los ainda. Posso apenas, melhorar sua estadia.

- então isso é um suborno?

Ele da nos ombros indiferente.

- se você vê assim.

Olho novamente para minha mãe, desmaiada e acorrentada, suas roupas estão em farrapos, seu sangue parece estar em todo lugar, os cabelos longos e cinzas escuro caem em volta de seu rosto.

Símbolos de Sangue (Livro 2 da saga "Anjos da Terra")Where stories live. Discover now