Depois de trocarmos os turnos de vigia, acordo em um salto com Jack me chamando.
- está tudo bem, mas é melhor nos movermos.
Concordo me sentando ainda exausto. Dormir naquele lugar seria impossível se eu já não tivesse tão cansado. Cal vem até mim e me da um cantil, quando cheiro sei que é chá fortalecedor.
- prevenido, bom. - digo agradecido depois de um gole.
- bom, mas nem tanto. Temos apenas esse então vamos devagar. - alerta.
- claro. - concordo pegando outra barra de cereal que Jack oferece. - quanto tempo estamos aqui?
- é difícil dizer, o tempo aqui passa diferente. Mas pelos meus cálculos cerca de oito horas. - meu avô responde.
- tempo demais. - Cal murmura em pensamento. Ele enrijece e olha para atrás de mim onde não há nada além do deserto vermelho. - sentiu isso?
Levanto-me em um salto.
- sim. A terra está tremendo, tudo em volta está mudando. - olho para os três que estão alerta. - temos que ir, agora.
Vejo Andy apertar a lança.
- estou querendo matar alguma coisa mesmo. - o ouço resmungar quando segue Jack e Cal para dentro da floresta.
Levo um momento para fazer o mesmo. Corremos em linha reta pela floresta de árvores estranhas. Elas parecem mortas, mas também vivas, as cores são deprimentes de verde podre a cinza escuro, os troncos descascam e sangram em vermelho o que me faz ter vontade de vomitar.
Mas é só isso que posso ver e me permitir ver, árvores e mais árvores de todos os tamanhos que nos cercam.
Mantenha o foco a frente, a frente... - me advirto mentalmente.
Quando Andy ameaça parar e olhar para o lado eu o empurro e depois puxo pela mão.
- não pare e não olhe Andy! Reto e em frente. - grito para ele que não responde. - está me ouvindo!?
Mas ele não está. Sei por que me sinto puxando um boneco, e não posso olhar para trás.
Continuo seguindo-os e puxando Andy comigo. Depois de algum longo tempo ouço vozes, mas não quaisquer vozes, mas as que mais mexem comigo: meus pais.
Eles intercalam entre falas calmas e desesperadas e sei que aquilo não é real, que a intenção é nos enlouquecer, mas mesmo assim é difícil resistir.
- não ouçam! Não lhes deem ouvidos! - grito para eles que mal parecem me escutar.
Jack está centrado, fitando o horizonte à frente e agradeço por isso. Porém vejo que Cal está quase cedendo, ele diminui o passo e ouve com atenção.
Não sei o que ou quem ele está ouvindo, mas posso imaginar.
- Cal, ouça a minha voz, ela é real. - digo mais perto dele o empurrando para continuar. - continue, não desista, apenas siga em frente.
- Carmen? Minha menina? - ele sussurra dolorosamente e imagino que esteja chorando, mas não consigo ver.
- ela não está aqui Cal, está em um lugar muito melhor. - garanto e isso parece acorda-lo.
Com alívio vejo Cal assentir e seguir em frente mais rápido.
Depois de mais alguns minutos de corrida vejo o fim da floresta se aproximar, Jackson grita para nos apressar e é o que tentamos fazer.
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Símbolos de Sangue (Livro 2 da saga "Anjos da Terra")
FantasyJames é filho de uma hibrida com um anjo, o que o torna o Nefilim mais poderoso que já existiu. Quando seus pais são sequestrados por Lúcifer afim de manipula-lo, James se vê em uma difícil jornada a procura de uma saída para escapar do Diabo e salv...