Capítulo 20

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Depois de trocarmos os turnos de vigia, acordo em um salto com Jack me chamando.

- está tudo bem, mas é melhor nos movermos.

Concordo me sentando ainda exausto. Dormir naquele lugar seria impossível se eu já não tivesse tão cansado. Cal vem até mim e me da um cantil, quando cheiro sei que é chá fortalecedor.

- prevenido, bom. - digo agradecido depois de um gole.

- bom, mas nem tanto. Temos apenas esse então vamos devagar. - alerta.

- claro. - concordo pegando outra barra de cereal que Jack oferece. - quanto tempo estamos aqui?

- é difícil dizer, o tempo aqui passa diferente. Mas pelos meus cálculos cerca de oito horas. - meu avô responde.

- tempo demais. - Cal murmura em pensamento. Ele enrijece e olha para atrás de mim onde não há nada além do deserto vermelho. - sentiu isso?

Levanto-me em um salto.

- sim. A terra está tremendo, tudo em volta está mudando. - olho para os três que estão alerta. - temos que ir, agora.

Vejo Andy apertar a lança.

- estou querendo matar alguma coisa mesmo. - o ouço resmungar quando segue Jack e Cal para dentro da floresta.

Levo um momento para fazer o mesmo. Corremos em linha reta pela floresta de árvores estranhas. Elas parecem mortas, mas também vivas, as cores são deprimentes de verde podre a cinza escuro, os troncos descascam e sangram em vermelho o que me faz ter vontade de vomitar.

Mas é só isso que posso ver e me permitir ver, árvores e mais árvores de todos os tamanhos que nos cercam.

Mantenha o foco a frente, a frente... - me advirto mentalmente.

Quando Andy ameaça parar e olhar para o lado eu o empurro e depois puxo pela mão.

- não pare e não olhe Andy! Reto e em frente. - grito para ele que não responde. - está me ouvindo!?

Mas ele não está. Sei por que me sinto puxando um boneco, e não posso olhar para trás.

Continuo seguindo-os e puxando Andy comigo. Depois de algum longo tempo ouço vozes, mas não quaisquer vozes, mas as que mais mexem comigo: meus pais.

Eles intercalam entre falas calmas e desesperadas e sei que aquilo não é real, que a intenção é nos enlouquecer, mas mesmo assim é difícil resistir.

- não ouçam! Não lhes deem ouvidos! - grito para eles que mal parecem me escutar.

Jack está centrado, fitando o horizonte à frente e agradeço por isso. Porém vejo que Cal está quase cedendo, ele diminui o passo e ouve com atenção.

Não sei o que ou quem ele está ouvindo, mas posso imaginar.

- Cal, ouça a minha voz, ela é real. - digo mais perto dele o empurrando para continuar. - continue, não desista, apenas siga em frente.

- Carmen? Minha menina? - ele sussurra dolorosamente e imagino que esteja chorando, mas não consigo ver.

- ela não está aqui Cal, está em um lugar muito melhor. - garanto e isso parece acorda-lo.

Com alívio vejo Cal assentir e seguir em frente mais rápido.

Depois de mais alguns minutos de corrida vejo o fim da floresta se aproximar, Jackson grita para nos apressar e é o que tentamos fazer.

Símbolos de Sangue (Livro 2 da saga "Anjos da Terra")Where stories live. Discover now