Capítulo 25

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Aproximo-me dela e coloco o colar de prata em seu pescoço, ela sorri pelo espelho, está como sempre linda mesmo com seu vestido preto de luto.

- achei que iria querer isso de volta. – digo a ela que toca minha mão em seu ombro ainda magro demais.

- achei que tinha perdido. Obrigada filho. – diz grata.

Concordo com a cabeça e lhe dou um beijo na testa.

- ele queria que você soubesse que era grato por tudo que você fez por ele, me fez prometer que lhe diria isso. – conto e seus olhos marejam enquanto ela assente.

- eu sei. – diz baixo.

- foi o que eu disse a ele. – conto colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. - estamos esperando lá embaixo. Quando estiver pronta. – olho em seus olhos cinzas e sei que ele nunca estará pronta para isso, para dizer adeus.

Desço encontrando todos na sala da grande casa de madeira. É onde Leo disse que Chris queria ser velado, no lago próximo, suas cinzas espalhadas. Os caixões estão no centro do lugar e os entes em volta.

Odeio velórios. Odeio como temos que relembrar e falar sobre como a morte machuca.

Mas faço isso por eles, porque sei que eles merecem.

Depois de algumas horas nós os levamos para aquele lago, os caixões lado a lado a minha frente e não sei o que dizer, eles sabem.

Minha mãe e Rose contam e agradecem Chris por tudo que fez e por ser incrível. Leo e Andy também dizem muitas coisas sobre ele. Leo fala sobre Cal também, como eram amigos e em como ele descansou. Meu pai o agradece por ter salvado seu filho deixando claro que é uma divida que ele nunca poderá pagar.

"- meu preço é você... sua vida, sua família." Ouço a voz falha de Cal em meus ouvidos enquanto o observo no caixão.

- você foi e sempre será o melhor mentor que terei. – digo apenas porque é doloroso demais, difícil demais dizer qualquer outra coisa.

Pego em meu bolso as pedras que achei em sua loja, as que usei para lhe mostrar meu poder e coloco em suas mãos frias.

Viro-me para Chris, ainda mais pálido, ainda mais branco, mas ainda assim belo e suave. Sua expressão como a de Cal está calma, serena e sei que ele está em um lugar bom.

- uma vez você me disse que eu não poderia fugir disso, que eu não deveria ter medo de ser quem eu sou. – respiro devagar. – eu deveria ter te ouvido. – confesso. – você sempre soube o que dizer, lhe agradeço por isso.

Canalizo minha energia sabendo que todos estão atrás de mim, chorando em silencio, observando a dor um dos outros. Uso minha magia para fechar os caixões com o vento e os empurro para a água que os carrega lentamente para o meio do lago.

Ficou ali, olhando seus corpos se afastarem e então sinto minha mãe me abraçar de lado, meu pai está ao lado dela e eles me olham com incentivo. Então alguém pega minha mão e quando olho encontro Andy com os olhos inchados ainda mais claros que o normal. Aperto sua mão e o braço ao redor da minha mãe, sei que estão sofrendo ainda mais do que eu e tenho que aguentar.

Quando os corpos já estão longe o suficiente ativo o símbolo de fogo que desenhei nas tampas e o fogo se espalha pela mateira mesmo na água, queimando a carne, a parte mortal daqueles que um dia foram considerados imortais.

Enquanto estou olhando as chamas os devorarem no meio do lago fundo, penso no quanto a vida é frágil, no quanto nada realmente dura.

"- prometa que ela saberá que morri feliz por ajudar, que tive uma vida longa e boa graças a ela." As palavras de Chris passeiam pela minha mente.

Símbolos de Sangue (Livro 2 da saga "Anjos da Terra")Where stories live. Discover now