Vamos Tentar Não Ser Mortos

644 64 15
                                    

Arya P.o.V.

Dia da Formatura, perto do almoço.

13 de junho.

Nossas habilidades de disfarçar tensão foram muito aproveitadas no dia anterior, porque ninguém suspeitou, pelo menos não muito, e qualquer coisa nós simplesmente despistávamos falando estar nervosos com a formatura, o que não era mentira.

A primeira coisa que eu fiz quando acordei hoje, nem necessito dizer que foi meio tarde já que não tinham mais aulas, foi colocar a escuta, ela era quase invisível, bem disfarçada, ainda soltei o cabelo então não dava para ver mesmo, o Henry e o Alec teriam que se virar, apesar de o cabelo deles não ser tão curto.

Algumas pessoas iam com roupa de gala para a formatura, outras com algo que usaríamos no dia a dia, eu abri meu armário e procurei por algo que possibilitasse a minha movimentação, porque nem fodendo eu iria desarmar bombas com um daqueles vestidos colados que não deixam as pessoas nem darem um passo decente.

Acabei indo com uma calça jeans preta de cintura alta e uma blusa cinza que não era tão grudada a ponto de impedir meus socos e nem tão larga a ponto de me atrapalhar.

Abri a porta e quase dei de cara com o punho do Alexander, acho que ele ia bater na porta, dei um passo longo para trás e só senti o vento. Olhei-o com uma expressão interrogativa, o que diabos ele estava fazendo ali? Eu não estava atrasada nem nada.

— Queria te dar uma coisa. — Ele respondeu ao meu olhar.

— O quê?

— Isso.

Ele puxou uma pulseira do bolso. Estava gravado Queen, em letras cursivas, com uma pedra azul do lado, minha cor favorita. Peguei-a com delicadeza e coloquei no pulso, prendendo em seguida.

— Obrigada, sério. — Abracei ele.

— Eu iria te dar depois da seleção de dupla, já sei que vamos ser nós de qualquer jeito, mas decidi antecipar. Ah, eu também tenho uma, viu? — Ele mostrou o pulso, a dele tinha uma pedra vermelha rosada e estava escrito King.

— Agora vamos, temos que ir para o salão, vai ter aquelas comidas todas antes. E vamos tentar não ser mortos. — Falei para ele sorrindo.

A seleção seria antecedida por uma espécie de banquete, como nas formaturas normais, cheio de besteiras, é meio que nossa ultima chance de sermos adolescentes, depois disso começa "o trabalho de verdade".

Quando viramos o corredor demos de cara com o Benjamin e eu dei um espaço para os pombinhos, pensem comigo, vai ser muito mais difícil para eles ficarem juntos depois, já eu vou ficar grudada no Alec.

Disse algo sobre ter esquecido meu casaco e mandei eles irem na frente, "voltei para o meu quarto", na verdade só fui até metade do corredor, para dar um tempo. A porta do quarto da Catarina estava semi-aberta, eu nem queria espionar, mas ouvi trechos de uma conversa.

— Eu quero falar com a minha irmã. — Seu tom era irritado.

— Vocês não podem me negar isso, temos um trato. — Acho que alguém falou porque ela respondeu.

— Eu faço o que vocês pedem, então me deem noticias dela até hoje à noite.

— O que eu vou fazer? Vocês sabem do que sou capaz, muito bem. Tchau. — Ouvi um som de soco e estava me preparando para sair dali quando a porta foi aberta.

— Arya?

— Catarina, oi.

— O que está fazendo aqui? — Sua voz saiu meio acuada.

— Eu estava indo para o salão, mas resolvi falar contigo.

— Sobre?

— Ah, não sei, só me deu vontade. — Dei um sorriso fraco, não era verdade, mas não era totalmente mentira.

— Hm, bom, eu estava indo para lá também, vamos? — ela me ofereceu a mão e eu entrelacei nossos dedos.

Fomos para o salão e eu comecei a analisar a parte da conversa que eu tinha ouvido, irmã? Era muito raro pegarem crianças que tinham irmãos para treinarem, ainda mais permitirem algum contato com eles.

Quando chegamos automaticamente os olhos do Alec, e de alguns outros, viraram para nós e pude ver um sorriso safado no rosto dele. Para né, nem fizemos nada, meus olhos pareciam dizer e os deles falavam algo como: Mas se pudessem fariam, então só balancei a cabeça negativamente e fui em direção a eles, mal percebendo que estava levando a garota junto.

— Oi, gente. — Cat falou.

— Oi, Cah. — Alec começou todo simpático e eu senti que vinha bomba. — Me diz uma coisa, vocês não usaram batom para não marcar os beijos que vão dar depois da formatura ou o que?

Benjamin começou a rir, eu e a Catarina nos entreolhamos e ela comentou:

— Olha, não tinha pensado nisso, mas que bom que não usei. — Eu fiquei um pouco corada, sim senhores, uma coisa é eu tirar sarro do casal maravilha, outra é eu ser a zoada.

— Benjamin, me alcança uma cereja, por favor? — Alec pediu.

Quando ele chegou perto Alec abriu a boca e fez uma daquelas cenas de filmes, deixando o garoto bem vermelho, eu comecei a rir baixinho.

— Que casal mais fofo, owntttt. — brinquei.

— Calada.

— Enfim né, quem vocês acham que vão ser as duplas de vocês? — Falei catando umas balas Fini.

— Eu não tenho a menor ideia, talvez eu acabe com alguém da outra turma, se não me engano disseram que o Henry tirou notas bem parecidas com as minhas, mas mal conheço ele.

— O Henry é legal, vocês fariam uma boa dupla, mas acho que a dele vai ser um garoto que sempre tem as mesmas missões que ele. — Falei e vi a sobrancelha da Catarina se arquear quando disse a primeira frase, mas ela não falou nada sobre isso. Alec assistia quieto a cena.

— Eu provavelmente vou acabar com um dos meus amigos, nós temos notas parecidas, mas vai saber, pode ser qualquer um. — Ela disse.

— Verdade. — Eu disse e continuei a comer, só doces, acho que estava de TPM para querer tantos, peguei uns quadradinhos de chocolate.

— Fica parada. — Cat disse e eu fiz. — Pronto. — Ela falou depois de limpar o canto da minha boca que estava sujo de chocolate.

— Obrigada. — Corei um pouco.

— Que casal mais fofo, ownnnt. — Alec me imitou e Benjamin riu.

— Calado. — Fiz o mesmo.

— Arya, você parece uma criança com tantos doces. — Catarina disse.

— Deixa eu, quero aproveitar antes de ser despachada sabe-se lá para onde. — falei e fiz um bico.

— Verdade, vamos aproveitar mesmo. — Ela me deu um selinho. — Desculpa, mas seu bico é meio sedutor. — Riu.

— Formandos, está na hora de irem para a cerimônia. — A professora Andressa nos chamou, interrompendo nossa conversa.

Assassinos PerfeitosWhere stories live. Discover now