- Não consigo compreender o que ele fez, Louis. Nem o que vocês fazem, porque provavelmente tu fazes parte do negócio desequilibrado dele. Essas coisas são tóxicas, vocês são perigosos.

- Eu conheço-o desde que ele entrou nisto. Desde que o obrigaram a entrar. Achas que ele tem um pingo de culpa? Não sejas orgulhosa, Skylar. - Fez uma pausa. - O orgulho, por vezes, mata-nos.

- Vocês dizem sempre a mesma coisa, todos vocês. Dêem-me tempo, não sou capaz de esquecer o que aconteceu num dia, muito menos em um mês. Levo o meu tempo, e não esperes que perdoe já o Harry. Levei muito tempo para confiar nele. - Retorqui, suspirando profundamente.

- Querida, leva o tempo que precisares. Se quiseres, não falamos mais dele, se facilita as coisas para ti. - Disse, agarrando na minha mão com força e sorrindo com todos os dentes para mim.

- Isso é impossível, o facilitar das coisas. Neste momento, estou numa das casas do Harry. Como posso facilitar as coisas, se estou na casa de uma pessoa que quero evitar? - Terminei, fazendo-o pensar.

Queria chorar, aniquilar a dor de mim; e tudo se restringia a um único pensamento: Harry. Era apenas um nome, quiçá um nome por quem muita gente é chamada, porém era o pior que eu poderia ouvir ou relembrar neste momento. Mas era inevitável; foi quando uma lágrima desceu pelo meu semblante, que me relembrei de tudo; e o tudo é doloroso, porque o tudo se tornou em nada; as duas realidades entrelaçavam-se e criavam um relevo minucioso, incapaz de ser desfeito.

- Oh querida, não chores. Vem cá. - Agarrou-me no braço e entrelaçou as suas mãos à minha volta. Pousei a cabeça no seu ombro e deixei-me ficar assim.

Louis era um rapaz tremendamente querido; sentia-me bem no seu apego, enquanto tresandava tristeza por todos os cantos. Separámo-nos e ele ficou a observar-me, dando-me um pequeno e triste sorriso; e foi naquele sorriso que eu consegui ver a mentira camuflada, o ego maior que a lucidez; todos, mas todos sem exepções, mentiram-me; até este momento parecia ser feito, retirado de um sonho, de algo ficticio; com certeza eu não era uma adolescente normal: as mentiras faziam de mim uma insana, uma rapariga apegada a mentiras.

- O que achas de irmos ver um filme? - Disse e eu assenti, limpando as lágrimas.

Deitámo-nos na minha suposta cama; Louis ligou a televisão e procurou um filme; aproveitei para descansar a minha cabeça no seu ombro acolhedor quando ele selecionou o filme: assassino americano. Baseava-se num rapaz que se encontrava numa praia com a namorada; retratava um local feliz, duas pessoas completamente conectadas uma à outra: almas gémeas. E então ele pediu-a em casamento, no meio do mar, e o seu sorriso deu-lhe a resposta: ela aceitou, aceitou compremeter-se com ele. Prosseguiu com um beijo, porém ele deixou-a sozinha dentro de água, para ir buscar qualquer coisa: e mal ele sabia que aquele seria o último sorriso que ele teria dela.

Houve um atentado; mais de três homens a disparar, no meio da praia para toda a gente; e ele no meio da algazarra, chamou pelo nome dela; e chamava, mas não havia resposta. O desespero dele era notório e foi quando ele a encontrou, que dispararam contra ela e seguidamente contra ele: mas ela morreu, morreu estendida na areia: e essa foi a última recordação que ele teve dela: a sua morte.

A Jasmine abriu a minha porta devagarinho e juntou-se a mim e a Louis,sorrindo: e eu comecei novamente a chorar como se eu fosse uma criança sem ter o que deseja; o rapaz do filme perdera o amor da sua vida e eu podia determinar como é fácil perdermos as coisas valiosas: podemos perdê-las a qualquer momento: no meio de uma discussão explosiva, num sorriso tímido, num cinema acolhedor ou numa passadeira; podemos perder tudo em segundos, e isso assustava-me; o Harry podia estar perdido, podia na verdade, sucumbir e desaparecer para sempre.

"Posso estar longe, mas espero que saibas que o meu longe está mais perto do que tu imaginas". Ele disse-o na carta; e de alguma forma, eu acredito nele. Ele está aqui, e eu sinto-o. A última coisa na qual eu pensei antes de adormecer, cair num sono profundo, foram nos seus olhos esmeralda. Eles olhavam-me com toda a intensidade que tinham. Ele estava a olhar para mim e de certa forma eu sabia.

_____

Boa noite lindas! Como estão? Espero que esteja tudo bem nas vossas vidas!

Demorei muito tempo para escrever este capítulo, porque a minha mãe teve um acidente. Está internada no hospital e tenho estado com ela quase sempre; o meu namorado e as minhas têm-me ajudado um pouco a ultrapassar isto e o meu choque foi tanto que me impossibilitou de escrever. Sorry for that babys.

E o que acharam disto? A d o r o o Louis! Seriously, melhor pessoa do mundo.

Talvez o próximo capítulo seja Ponto de vista do Harry. Estou a pensar nisso.

Beijinhos grandes meus amores!

Kate.

Duas Metades {HS}حيث تعيش القصص. اكتشف الآن