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4 anos atrás
Skylar

Chuviscava lentamente na pequena cidade onde eu vivia. As pessoas - a maior parte delas - corriam pelas ruas sinuosas e tenebrosas, como outras sentiam o sabor da chuva a cair nos seus corpos frágeis. O sol já tinha desaparecido e a noite descaiu-se com a lua brilhante. Eu já devia estar em casa, mas tinha acabado de sair do apartamento de Bella e os meus pais não me puderam ir buscar.

Provavelmente não era uma grande ideia eu andar sozinha nos becos escuros a uma hora destas. O pior é que eu não sabia disso. Andava alegremente sem pressa nenhuma em chegar a casa e não estava preocupada com nada. Era um dos momentos em que eu refletia no dia de hoje ao sabor da chuva.

Passei a tarde a ver filmes com a minha melhor amiga. Ela confessou-me a sua paixão pelo George, um menino um ano mais velho que ela, mas interessante, dizia-me. Éramos da mesma turma e para não a deixar triste, não lhe contei o que ele fazia às raparigas como eu. Ele era mau, parecia um vilão, mas por qualquer razão, as atitudes dele ao pé da Bella eram completamente e unicamente diferentes. Talvez porque gostava dela.

- Ora, ora...O que uma menina tão pequena como tu faz aqui a uma hora destas? - Ouvi uma voz intensa, que me fez parar.

Olhei para a frente e vi um homem velho e alto com mais de quarenta anos a fitar-me com uma cara um tanto tenebrosa. Reparei que atrás dele havia um homem mais jovem, mas não tanto assim.

- Estou a ir para casa. - Disse.

- Nós podemos levar-te, pequena. - Disse-me o homem mais velho. - Vem, o nosso carro está lá à frente.

Lembrei-me naquele momento, dos avisos da minha mãe acerca dos homens maus, ou mais diretamente, os pedófilos. Ela mostrou algumas notícias sobre isso e advertiu-me sobre nunca aceitar boleia de estranhos em qualquer ocasião. Nem rebuçados, nem nada que eu possa desejar mais que tudo na vida. Sempre me ensinou também se me deparasse numa situação destas, manter calma e não vacilar. Se isto fosse um desses momentos, eu queria fugir. E gritar.

- Não quero, obrigada. Podem deixar-me passar? - Perguntei com a voz a tremer um pouco.

- Vá lá querida. Sabias que nestas ruas existem pessoas que te podem fazer muito mal? - Continuou. - Se vieres connosco, chegarás a casa sã e salva.

O homem velho aproximou-se um pouco. Eu recuei dois passos. O mais novo encostou-se à parede e suspirou. A minha mãe também me avisou sobre as mentiras que homens assim contam. O perigo não estava nestas ruas, mas sim neles. Eles eram o perigo. Dei por mim a sentir o coração bater de forma dolorosa e o ar a faltar-me nos pulmões.

- Já disse que não quero. Não aceito boleias de estranhos. - Disse mas arrependi-me.

O mais novo desencostou-se da parede e sorriu maliciosamente. De repente, vi-me encurralada naquele beco. Quando estava prestes a fugir, o homem mais velho agarrou-me fortemente o pulso e empurrou-me contra a parede, fazendo com que eu caísse rapidamente. O meu corpo estava completamente frágil, vulnerável e eu não tinha força sequer para revigorar.

O mais novo aproximou-se e disse para o velho largar-me. Pensava que estava a salvo. Pensava. Mas o rapaz mais novo começou a tocar na minha blusa e a desabotoar os botões da mesma. Senti-me com um pânico enorme. Paralisada. Não sabia mais o que fazer. As lágrimas escorriam dos meus olhos.

Duas Metades {HS}Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ