Duas Metades {HS}

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Skylar

Arregalo os olhos de imediato quando as palavras que ele disse, chegam à minha mente longíqua. Os meus lábios enteabrem-se e eu tento falar vezes sem conta, porém não consigo. Neste momento, eu não sei tampouco o que fazer. A minha mente parece estar bloqueada por uma parede, e ela está a impedir-me de falar de uma maneira torturosa.

Olho para os seus olhos, e reparo no quanto eles estão escuros, sem vida. O Harry que eu conheci já não está mais à minha frente; parece que um demónio apoderou-se do seu corpo maduro, e o anjo que outrora estava lá presente, desapareceu por completo.

- Vais responder-me, ou não, porra? - Ele dá outro murro no cacifo.

O barulho ensurdecedor do seu murro no cacifo, chega aos meus ouvidos, e eu começo novamente a tremer inevitalmente. O meu coração começa a acelarar de uma maneira quase instantânea e as minhas pernas tremem tanto, que por momentos tive medo de me desequilibrar e cair no meio do chão.

- Estás a f-falar d-do quê, Harry? - Gaguejo, enquanto um nó forma-se na minha garganta.

Os seus olhos cruzam-se novamente com os meus, e uma risada com direito a humor, sai dos seus lábios carnudos e ressoa por toda a escola. A sua risada foi tão seca e cheia de humor, que eu ainda tive mais medo do monstro que estava habitado dentro daquele rapaz.

- És uma fingida, não é? - Ele faz uma pausa, rindo novamente. - Nem sabes da merda que fizeste?

Naquele momento, o Harry agarra no meu pulso com força a mais, e arrasta o meu pequeno corpo pelos corredores da grande secundária. Eu tentei soltar-me dele, porém não consegui, já que a sua força estava toda concentrada no meu pequeno pulso. À medida em que ele me puxou pelos corredores, olhares enojados e cheios de ódio, pairavam em mim, e eu só queria saber no que é que as pessoas estavam a pensar quando o faziam.

Ele repentinamente solta-me, e quando olho para a frente, toda a minha mente dá uma reviravolta enorme, e uma grande dor no peito atinge-me repentinamente. As várias fotos da rapariga de olhos acinzentados, que Harry tinha no seu cacifo, estão cortadas aos bocados e maior parte delas, estão cheias de furos.

A minha mente neste preciso momento, está vaga; a única coisa em que consigo minimamente pensar, é no porquê de Harry me ter mostrado isto. Depois de pensar em várias possibilidades para isso e até probalidades, arregalo novamente os olhos quando me dou conta, que ele pensa que eu fiz isto.

- Harry, eu não fiz isto. - Digo firme, com toda a confiança do mundo.

- Não me mintas. - Os seus olhos voltam a escurecer. - Tu eras a única que tinhas visto estas fotos.

Um nó enorme volta-se a formar na minha garganta, e desta vez, ele vem seguido de pedras pesadas, fazendo com que uma lágrima seca desca pelo meu olho. Levo a mão à minha face, limpando aquela lágrima de seguida, e depois fecho os punhos com toda a força.

Eu desta vez, não vou ser fraca, nem vou deixar este rapaz ver a minha fraqueza; quando as pessoas costumam ver fraqueza, sabem qual é o ponto fraco da pessoa e sabem onde a podem atingir. E eu fui fraca a minha vida toda, mas desta vez, vou ser forte como uma onda destrutiva.

- Eu já te disse que não fui eu, Harry! - Grito e o nó na minha garganta, está a ficar insuportável. - Porque é que eu haveria de fazer isso?