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CHARLIE — 1943 — ENGLAND 

Meus olhos se mantinham fixos na porta assim que fui expulsa do quarto, não havia encontrado nenhum sinal de Alex e descobri que ele ainda estava em cirurgia, eu estava com tanto medo por ele e queria ser capaz de fazer qualquer coisa, mas o máximo que conseguia era ficar de braços cruzados esperando qualquer mísera notícia. 

Assim que vi a maca entrar no quarto dos militares observei os olhos entreabertos de Alex se esforçando ao máximo pra simplesmente não desistir, assim que me viu moveu as pálpebras de forma brusca como se não acreditasse no que estava vendo, tentei me aproximar, mas fui impedida pelo médico. 

— Ele precisa de repouso— advertiu— por sorte não perdeu a perna, conseguimos um bom progresso, ele é forte... Você é mulher dele? 

— Eu sou uma amiga, obrigada. 

Assim que os médicos se retiraram olhei para os lados de forma sorrateira e entrei no quarto vendo que Joe estava dormindo depois de receber sedativos, mas fui até o final vendo a cama de Alex envolvida pelas cortinas brancas, me aproximei com cuidado e o vi de perto, estava tão machucado, pudia sentir meu coração apertar ainda mais e não demorou para que seus olhos me encontrassem, antes que ele tentasse dizer alguma coisa pousei o dedo indicador sob seus lábios o impedindo. 

— Você precisa descansar, eu só estou aqui porque não aguentava ficar sem te ver, fiquei com medo que... que você não resistisse. 

Sua mão alcançou a minha com cuidado, queria decifrar o que seu olhar queria dizer, mas só conseguia ver um vazio profundo. 

— Vai se recuperar logo, prometo e a sua irmã está aqui pra te ver, vai ficar tudo bem agora. 

Ele fez um sinal negativo com a cabeça apenas me soltando de uma vez, antes que eu fosse expulsa, deixei um beijo em seu rosto e o olhei pela última vez, assim que saí do quarto ainda sentia algo estranho, assim como Alex estava ali, parecia que eu havia o perdido. 

*

No dia seguinte finalmente pude visitar os soldados novamente, mesmo sabendo que eu deveria estar fazendo uma cobertura sobre isso para o jornal, todo o meu profissionalismo me deixava quando olhava para os poucos corpos deitados naquelas camas. 

Assim que me aproximei da Amelie, irmã do Alex ela ergueu o olhar pra mim de forma desesperada e segurou minhas mãos pra ter minha total atenção. 

— Ele não me deixou entrar, não sei o que eu fiz de errado, pode tentar falar com ele? 

— Se ele não quer te ver imagino que também não vai querer me ver... Mas ele passou por muita coisa, talvez não queira que você o veja assim. 

— Eu ainda tenho que pegar o trem hoje— olhou para o relógio— você pode me ligar caso ele decida falar alguma coisa? 

Era o mínimo que eu poderia fazer, apenas assenti e ela esperou um pouco aguardando, mas o médico não cedeu a permissão e ela iria perder o trem de volta pra casa que era mais ou menos duas horas dali, então acabou desistindo me implorando mais uma vez que lhe desse notícias. 

Não fiz o tipo de pessoa que esperava por uma permissão, então entrei no quarto indo direto até Alex que logo desviou o olhar para as próprias mãos. 

— Alex sua irmã queria te ver, como fez isso com ela? 

— Não consigo olhar pra ela, nem pra você ou qualquer pessoa... 

— Bem, vai ter que olhar pra mim em algum momento porque não saio daqui enquanto não fizer isso. 

Ele respirou fundo e passou a mão pelo rosto, me aproximei, mas ele recuou por um momento. 

  — O soldado que foi torturado e contou os planos foi eu, Charlie— finalmente me encarou — se o Paul está morto agora a culpa é minha!

 — Não tinha como você evitar. 

— Quando minha mãe souber não vai querer me ver. 

— Você foi lutar uma guerra que nem é sua, Alex, nenhuma mãe ficaria com vergonha disso. 

Finalmente sua expressão dura formou um pequeno sorriso em minha direção, não posso imaginar por tudo que ele passou, mas com certeza é admirável que ele ainda consiga sorrir. 

— Eu realmente te subestimei quando disse que você me esqueceria assim que pisasse aqui. 

— Não deveria, costumo ser muito persistente no que eu acredito. 

— Ah é? E no que você acredita jornalista? 

— Que você no fundo tem um coração e só por estar com tanta vergonha, prova que é verdade. 

— Sabe Charlie, eu nunca fiquei tão feliz em estar errado sobre alguém... 

Eu poderia simplesmente contemplar o silêncio ao seu lado, mas depois de uma bronca tive que sair dali, algo em mim não conseguia simplesmente deixá-lo ir, sempre perdi o interesse rápido em exatamente tudo, mas desvendar Alex estava sendo uma das coisas mais interessantes que venho fazendo, mesmo no fundo sabendo que é muito arriscado, eu ainda estava ali. 

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novo capítulo r.i.p paul aceito ódio
e vcs são umas safadas tudo sedentas pelo hot kakskaka já tá chegando rapazeada calma

MERCYOnde as histórias ganham vida. Descobre agora