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ESPECIAL DE NATAL PART 2

CHARLIE — 1943 — ENGLAND 

Assim que eu desci do navio era cegada por flashs e mergulhada por inúmeras perguntas, parece que meu chefe não havia mentido quando dizia que iria abusar do marketing. 

Acompanhada por seguranças fui levada até um carro preto que dirigia em direção a minha casa, era muitas informações pra digerir, eu ainda segurava o montante de papéis com as anotações e assim que desci o olhar pude ver a primeira palavra rabiscada "anti herói", os olhos verdes me vieram a lembrança, como eu poderia me preocupar tanto com ele? 

Na realidade, meu coração apertava ao pensar em todos, queria grudar meu rosto ao rádio pra escutar novas notícias sobre Dunkirk, mas ainda tinha que fazer meu trabalho, mas uma parte de mim havia ficado com eles e provavelmente morreria com eles também. 

Assim que larguei minha bolsa na sala de casa, escutei os passos da minha mãe, quando me viu seus olhos se encheram de lágrimas e ela correu pra me abraçar. 

  — Acho que você cresceu mais, meu deus, faz tanto tempo. 

— Mãe faz uns bons anos que eu parei de crescer — limpei as lágrimas do seu rosto — eu morri de saudades, foi tão difícil. 

Então eu deitei a cabeça no colo dela despejando todas as coisas horríveis, não cheguei a citar, Alex, Paul ou Joe, porque com certeza acabaria caindo em lágrimas e a última coisa que eu gostaria agora era que ela me olhasse chorar. 

Por fim recebi uma ligação, senhor Belfort fazia questão que eu fosse até o jornal ainda hoje, estava ansioso por notícias e eu acabei cedendo porque também estava ansiosa por notícias. 

Assim que entrei na sede, fui cumprimentada por todos, recebi até uma salva de palmas, só que não me sentia confortável, Alex tinha razão, eu voltei como uma heroína e ninguém falava sobre os soldados.

  — Minhas anotações, senhor Belfort — Larguei os papéis em sua mesa 

— Você voltou mesmo — Ele sorriu— parece seu pai, nunca decepciona 

Senhor Belfort foi amigo de faculdade do meu pai, ele não era o cara mais fraternal, provavelmente meu pai teria o matado se soubesse que me deixou partir pra essa missão, mas eu era agradecida por ele ter acatado a essa ideia.

— Tem notícias?— Perguntei ansiosa— sabe se teve muitas baixas nas trincheiras? Algum desaparecimento? 

— É muito difícil a comunicação com eles agora, só sei que os alemães voltaram a avançar. 

Respirei fundo tentando aceitar a falta de informação, mas apenas queria ligar para cada maldito jornal na França pra saber alguma novidade. 

Antes que eu saísse da sala fui chamada novamente, assim que me virei pude ver meu chefe segurando um envelope na altura do rosto onde estava escrito "Para: Charlie" 

— Isso estava no meio dos papéis, acho que não é pra mim. 

Agradeci rapidamente indo até minha mesa e me sentando, enquanto uma das mulheres tentava dizer algo pra mim, travei ao ver "De: Alex" no começo daquele papel. 

Charlie, não sou tão bom nas palavras quanto você, mas queria que soubesse o motivo pelo qual sempre tentei te afastar: estava com medo. E sim, estou admitindo, isso que parecemos criar me assustou tanto quanto qualquer arma apontada pra mim nos últimos tempos, então espero que consiga voltar pra sua casa e diga ao seu chefe que quero uma foto minha no jornal, mas de qualquer forma... O que eu tinha medo aconteceu, irei sentir sua falta.  ALEX

Ergui meu olhar vendo Madison ainda questionando sobre algo aleatório, a ignorei apressando o passo até a sala do Senhor Belfort que parecia entretido com as minhas anotações. 

  — Senhor Belfort? — Chamei sua atenção? 

— Algum problema, Charlie? — Me encarou 

— Além da notícia sobre como está a tensão em Dunkirk, pensei que poderíamos fazer uma série especial sobre as pessoas que conheci na guerra. 

Ele pareceu pensativo, então coçou sua barba e sorriu de lado, provavelmente pensando nos lucros que isso poderia acarretar. 

— Tem alguma ideia do que gostaria de escrever? 

Me aproximei apontando para uma das folhas mostrando a quem eu gostaria de me referir. 

— Podemos começar por ele. 

— Alex Jones? — Ele questionou 

Abri um sorriso como se tivesse um flashback de suas implicâncias, a primeira vez que ele me salvou, a primeira vez que o beijei e quando entreguei o colar do meu pai nas suas mãos, eu sabia que a probabilidade de nunca mais vê-lo é grande, mas eu faria o que prometi, não o deixaria ser mais um, não deixaria que nenhum deles fosse apenas mais um. 

  — Sim, chefe... Alex Jones.  

PART II

DEAD MEN TELL NO TALES

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a parte dois começa no próximo capítulo abraços ❤️

MERCYOnde as histórias ganham vida. Descobre agora