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CHARLIE — 1943 — DUNKIRK


Assim que abri meus olhos sentindo a claridade arder, tentei tampar a luz e me mexi sentindo um peso em minha cintura, olhei pra baixo vendo o braço de Alex me contornar, analisei a ancora tatuada, deslizei minha mão pelos desenhos em seu braço, nunca realmente reparei na quantidade de tatuagens dele, era algo incomum entre os soldados, escutei um resmungo e me virei o vendo se mexer um pouco ainda dormindo. 

Eu não queria levantar, mas eu não queria ainda mais ter que vê-lo recuando pra se recusar ao fato que estar ao meu lado significa algo, então apenas me movi saindo da cama e caminhando cautelosamente de volta ao quarto, tomei um banho e encarei minha imagem no espelho, o que estava acontecendo comigo? Talvez só esteja completamente confusa e isso só tinha a piorar. 

Assim que fui tomar um café escutei as vozes familiares, me aproximei vendo Paul e Alex discutirem como nunca e antes que avançassem, foram puxados para lados opostos. 

— O que aconteceu? — Perguntei assim que Paul se aproximou de mim 

— Ele não te disse? Joe falou a verdade pra mim, foi atingido porque Alex abandonou o posto dele, deixou meu primo pra morrer! 

— Você tem certeza? 

— É isso que ele sempre faz, só se importa com si mesmo, por que eu teria alguma duvida? 

— Talvez seja um mal entendido. 

— Quando chegamos em Dunkirk ele foi um dos primeiros a pisar em terra firme, então isso significa que ele abandonou o lugar dele, sendo que era pra ser um dos últimos a sair do navio — me encarou — por que está defendendo ele? 

— Não estou defendendo, só... não quero acusar sem provas. 

Antes que Paul descontasse sua raiva em mim, saí da pensão avistando Alex encostado na parede fumando um cigarro, ergui uma sobrancelha e logo quando me viu jogou o mesmo no chão pisando em seguida. 

  — Não sabia que você fumava. 

— Eu não fumava a um ano, mas estou estressado. 

Me aproximei e encostei meu corpo na parede também soltando um suspiro pensando se deveria ou não falar sobre o que acabou de acontecer lá dentro, no fundo tinha medo da sua resposta. 

— Eu falei, não sou o cara que você pensa. 

— Então é verdade? — O encarei 

Alex desviou o olhar e passou a mão pelos cabelos que estavam começando a crescer. 

— Eu vi uma granada perto do Kellan, não pensei, só saí do meu lugar e tentei empurrá-lo na água, acabei caindo e ele perdeu a perna... Então decidi me salvar e entrar naquele bote, porque eu sabia que não poderia fazer mais nada.  

— Por que não disse isso pro Paul? 

— Do que vai adiantar, Charlie? — Voltou a me encarar — ele tem razão, eu abandonei o Joe, se eu tivesse ficado no meu lugar, talvez ele não estivesse em observação até agora. 

  — Todo mundo pensa que você o abandonou porque é um egoísta, mas... 

— Eles estão certos — me interrompeu— para de tentar fazer com que isso seja diferente, porque não é. 

Antes que eu respondesse o general chamava Alex pra uma conversa, assim que fui deixada sozinha, pude ver Paul olhando para o fundo de sua garrafa de cerveja, ao me aproximar ele me lançou um olhar de relance e voltou a beber. 

— Você vai estar sempre do lado dele, não é? Qual o problema das garotas que sempre gostam dos babacas? 

— Ele me disse que estava tentando ajudar o Kellan e não deu certo. 

— Ah, que irônico, Kellan está morto agora 

— Por que está falando assim comigo? 

— Já tentou parar de prestar atenção nesse idiota e olhar pra mim? 

O estranho era que eu não pensava nele dessa forma, mas eu queria muito, parece que reciprocidade não faz parte da minha vida definitivamente, antes que eu dissesse algo pra amenizar a situação, ele segurou minha nuca colando nossos lábios, segurei em seu casaco tentando afastá-lo, mas não obtive sucesso. 

— Não...— Ele disse assim que se afastou — eu não... eu me precipitei — falava tropeçando nas palavras — bebi demais...

Olhei para os lados vendo os olhares julgadores em minha direção, ótimo, era exatamente isso que eu precisava, mas o pior era receber o olhar julgador de Alex no canto da sala, logo eu subi as escadas correndo entrando no quarto fechando a porta e respirando fundo. 

Quando saí do meu quarto, senti meu corpo ser puxado, antes que eu dissesse algo Alex estava ali encostando a porta atrás de si e me beijando, na mesma hora correspondi, mas havia algo estranho no seu beijo, como se eu estivesse sentindo falta de algo, assim que suas mãos passaram por baixo do meu vestido, sentia vontade de deixá-lo fazer isso, mas ao mesmo tempo desconfortável e isso só aumentou então recuei no mesmo momento. 

— O que foi? — Ele perguntou — não é isso que você quer? 

— Alex... — Fui interrompida 

— Eu pensava que você era diferente — Segurou meu  rosto — mas você é dissimulada, Charlie, só está querendo que algum de nós te leve pra cama logo. 

  Não pensei apenas diferi um tapa no seu rosto e ele pousou a mão ainda me encarando fixamente.

— Você... 

— Para de falar como se fosse o dono na razão, porque não é e eu sou tão burra por pensar que tem algo bom em você. 

  — E aquela ceninha com o Paul? — Riu debochado — quem é você pra falar de mim? 

— Ele estava bêbado e me beijou, mas claro que você pensou o pior de mim, sabe por que? — me aproximei — porque está desesperado pra me odiar, quando na verdade sente o contrário. 

A única coisa que ganhei foi silêncio, saí dali de uma vez, me odiava por querer simplesmente sumir daquele lugar, como eu deixei Alex ter tanta influência sob mim em tão pouco tempo? 

*****

soldado vacilão em cena se não for pra investir em tratamento psicológico a charlie nem queria. 

aaaa valeu muito pelos votos e comentários, caralho gosto muito de escrever essa fic e fico feliz que vcs gostem de ler <3 all the love. 

MERCYOnde as histórias ganham vida. Descobre agora