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ALEX — 1943 — DUNKIRK


Eu acordava suado de mais um pesadelo, o sol estava nascendo e eu acabei aceitando o fato que eu não dormiria tão cedo.

Os pesadelos estão tão frequentes que me vejo desistindo de dormir futuramente, assim que desci pra tomar um café encontrei Charlie rabiscando em suas folhas enquanto batucava os dedos na xícara impaciente.

As vezes me pergunto se ela sabe o quanto é capaz de chamar a atenção, usava suas famosas calças e botas, tinha  uma blusa mal abotoada e os cabelos ondulados, ficava muito bem presa nesse mundo particular que eu teria prazer de atrapalhar agora.

Puxei os papéis de sua frente passando meus olhos pelas suas anotações em palavras chave "desaparecimento Janice" e finalmente a frase que eu tinha dito a ela alguns dias atrás "nada bom começa em uma guerra"

— Vou querer créditos por isso — A adverti

— Muito engraçado — Falou irônica arrancando o papel da minha mão

— Por que você acorda tão cedo?

— Eu gosto de trabalhar no silêncio, mas você sempre acaba com isso.

— é sempre um prazer, princesa.

Escutei sua risada abafada enquanto eu enchia uma xícara de café, ainda sentia minha perna latejar um pouco e sem querer soltei um grunhido de dor, na mesma hora tendo os olhos castanhos de Charlie arregalados em minha direção.

— Tem certeza que está cuidando disso? — Apontou o lápis pra minha perna

— Eu não sei, acho que sim.

Ela revirou os olhos se aproximando e mexendo um pouco, logo estalou a língua em reprovação e voltou a me encarar.

— É um machucado pequeno, mas vai acabar infeccionado, por que homens são tão desatentos?

— Talvez seja um dom que venha com o pênis — Dei de ombros

Ela riu novamente balançando a cabeça de forma negativa e voltou a prestar atenção na sua folha escrevendo alguma coisa aleatória, como pode caber tantas informações dentro de um corpo tão pequeno?

Ainda sou pego de surpresa quando penso nela me beijando no meio daquele caos, era com certeza a última atitude que eu esperaria dela.

A deixei entretida indo em direção a cozinheira que me lançava um sorriso, assim que entramos na dispensa deixei que ela se agachasse e fizesse seu "trabalho", fechei os olhos e tentei não fazer muito alarde.

Eu sempre fui bom em trepadas sem compromisso e fáceis, assim que me deparo com uma garota feito Charlie que ainda teria seu primeiro simplesmente travo, não quero ser lembrado por alguém desse jeito, porque sei que vou decepciona-la mais cedo ou mais tarde.

— Estive pensando — a morena, Rosane, falava enquanto beijava meu pescoço — poderia me levar pra Londres com você.

— Claro, posso ver se consigo te levar. 

Era uma fodida mentira, sabia que ela me dava sexo vendo uma oportunidade de sair desse lugar, mas eu não era o cara certo pra apelar esse tipo de coisa, mas acabo mentindo porque apenas concordo com qualquer coisa perto de um orgasmo.

O dia seguia tenso com novas ameaças e oficiais se espalhando para analisarem o local, estávamos cada vez mais cercados e dependendo mais da força aérea. 

Enquanto eu seguia ordens poderia ver Charlie conversando com uma senhora parecendo tão interessada, ela poderia ser boa em falar, mas é ainda melhor em escutar.

— Está perto de pegar a jornalista não é? — Steve questionou

— Não.

— Vai mesmo perder a oportunidade?  — insistiu

— Tem como prestar atenção nessa merda e parar de falar nela?

Ele apenas desmanchou seu sorriso patético e voltou a fazer seu trabalho, assim que terminarmos nos restava rezar pra nenhum outro ataque surpresa acontecer.

Quando a noite caiu eu me deitei na cama e encarei o teto até cair no sono.

Estava preso no meio das chamas, alguém me puxava pra sair dali, mas eu havia deixado alguém pra trás e meu nome era repetido inúmeras vezes. Alex, Alex, Alex.

Abri meus olhos de uma vez me sentando e passando a mão pela minha testa limpando a pequena gosta de suor, olhei para o lado vendo Charlie recuando e depois soltou um suspiro.

— Eu fui tomar água e te escutei, está bem?

— Só... Tenho alguns pesadelos.

— Quer me falar? — Ela sentou na cama largando o copo de vidro na comoda

— Virou uma terapeuta?

Ela bufou e eu apenas acabei me dando por vencido, estava cansado demais pra começar alguma provocação.

— Eu te disse que meu pai também era jornalista, trabalhava pra um jornal polêmico, quando ele começou a questionar porque a Inglaterra não intervinha logo na Alemanha queimaram o lugar — desviei o olhar — eu consegui fugir, mas ele não.

— Ele parecia corajoso.

— Era um idiota — fiz um sinal negativo — o que custava simplesmente calar a boca?

— Isso é a última coisa que pode se pedir pra gente.

Voltei a olha-la, seu rosto ainda sonolento esboçava um pequeno sorriso na tentativa de ser compreensiva, exatamente feito ele, parece inofensiva, mas no fundo sabe usar muito bem suas armas que é a pior de todas: as palavras, logo ela se levantou deitando na mesma cama que eu.

— O que você está fazendo?

— Vou te contar histórias até sua mente ficar tão cheia e você dormir igual uma pedra, meu pai fazia isso comigo.

— Não sou uma criança, Charlie — revirei os olhos — e não é muito certo você dormir na mesma cama que eu.

— Ah, você quer começar a ser moralista? Vamos lá, vou começar...

Me dei por vencido me deitando ao seu lado olhando pra ela que tinha as mãos entrelaçadas sob a barriga olhando para o teto enquanto contava suas "magníficas histórias de criança", eu realmente poderia aproveitar o momento, mas eu tinha que reconhecer, Charlie era diferente, todos esses animais de guerra tem certo respeito por ela e é muito difícil conseguir isso sem uma arma, por um milagre seu lado tagarela estava funcionando, aos poucos me sentia exausto e acabei caindo no sono de uma vez.

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rapazeada dois capitulos no mesmo dia se isso não é amor então eu não sei o que é não hhaha, caso alguem fique meio putx pelo Alex estar pegando a cozinheira espero que lembrem q no comecinho que estava escrito "talvez ele não seja seu tipo de herói preferido" nosso pequeno soldado tem muitos altos e baixos rsss


MERCYOnde as histórias ganham vida. Descobre agora