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CHARLIE — 1943 — DUNKIRK

No dia seguinte eu caminhava pela rua tentando conversar com os moradores locais, em sua maioria bem receptivos e animados com o fato de falar com uma repórter.

Enquanto caminhava notei um homem de aparência diferente de todos ali, de forma duvidosa tentei me apressar até a pensão, mas ainda poderia escuta-lo logo atrás de mim, assim que tentei apertar mais o passo pra começar a correr senti meu braço ser segurado.

— Shh... Não grite.

Ainda encarando seus olhos azuis assenti tentando me livrar de suas mãos.

— Você faz parte deles, não é? A repórter? Deve valer alguma coisa.

Tentei me soltar e mordi sua mão com toda força que eu tinha, fazendo-o soltar um grito e me dar um tapa forte no rosto, antes que me arrastasse escutei o som de armas serem destravadas, ele me virou e senti uma faca contra meu pescoço, do outro lado estava Paul e Joe com armas apontadas na nossa direção.

— Solta ela agora. — Joe ameaçou

— Eu solto ela morta, o que acha?

Quando ele caminhava ainda me segurando escutei o tiro e fechei meus olhos com força, ao sentir alguém me segurar abri os olhos pra encarar Paul de perto.

— Quem atirou? — Perguntei

— Não tenho ideia, mas tem uma boa pontaria... Vai se lavar, vamos pegar informações de como ele chegou aqui.

Olhei para o homem completamente desfigurado e entrei na pensão que se aglomerava pra olhar pela janela, enquanto subia as escadas passei por Alex que guardava sua arma.

— Foi você... — Acusei — c-como conseguiu acertar da janela?

— Eu atiro desde os dez anos, Charlie — Deu de ombros — ele te machucou?

Neguei com a cabeça e agarrei seu tronco me aninhando contra seu peito, não fui correspondida e nem estava surpresa por isso, mas por um momento acreditei que eu realmente morreria ou pior estaria no meio dos nazistas que fariam o que bem entendessem comigo quando eu ultrapassasse a linha. 

— Obrigada — Sussurrei

Quando ergui os olhos pra encara-lo ele parecia não saber como agir, talvez nunca esteve acostumado com agradecimentos, Alex não parecia o tipo de cara que fazia caridade, mas agora não parecia ser alguém ruim, só um soldado que não fazia questão de ser o herói.

— Tome um banho, depois tentamos cuidar desse machucado.

Assenti indo pra dentro do banheiro e tomando um banho quente e demorado, depois coloquei um vestido confortável, cruzei meus braços envolta de mim e assim que abri a porta vi Alex sentado em uma das camas conversando com uma enfermeira de meia idade, se não me engano Janice.

— Está melhor querida? — Ela perguntou

— Sim, bem melhor.

— Vou fazer um chocolate quente pra você.

Assenti com um sorriso e ela logo saiu do quarto, me sentei na cama de frente pra Alex que tocou o canto da minha boca cortado.

— Ela me deu essa pomada pra passar nisso — Ergueu a mesma na altura dos olhos — pode arder um pouco.

Dei de ombros e deixei que tocasse meus lábios que de fato ardeu um pouco, olhei pra ele que mantinha a expressão séria enquanto fazia, mas ainda continuava bonito daquele jeito dele de ter os cabelos bagunçados e a camisa entreaberta.

— Obrigada de novo — Eu agradeci assim que terminou

— Acho que isso realmente te afetou, até parece uma garota educada.

Eu ri um pouco e puxei uma coberta pra me cobrir tirando as botas em seguida.

— Descobriram alguma coisa?

— Era um espião, a missão dele era passar pela nossa barreira com um de nós pra dar informações.

— E o que vão fazer?

— Ainda não recebi ordens. — Se apoiou na cabeceira

Ele pegou o livro que eu lia e soltou um riso abafado.

— Você gosta desses romances baratos?

— Não sei o que eles têm, posso achar ridículo, mas sempre leio até o final.

— Minha mãe adora essas merdas... Minhas irmãs não são muito diferentes.

— Sempre fui filha única, as vezes é solitário.

— Vá por mim, ter irmãos não é nada divertido.

Ele falava assim, mas eu podia ver em  seu colar alguns nomes femininos que provavelmente era da sua família, sorri de lado alcançando o pingente que fui puxado bruscamente da minha mão.

— Você é muito bruto, Alex — Acabei rindo voltando a olhá-lo nos olhos — mas no fundo é um cara legal.

— Acho que você é primeira garota que me conhece a mais de uma semana e ainda não me acha um completo babaca.

— É que você faz um ótimo esforço pra passar essa imagem.

Ele acabou rindo devolvendo o livro aonde estava e olhou envolta para o quarto organizado.

— Acho que já fiz minha caridade do ano — Se levantou — vai ter que me dar um presente de natal.

Eu sorri segurando a vontade de falar que eu realmente esperava ainda vê-lo no natal, quando ele saiu encostando a porta Janice apareceu com o chocolate quente.

— Não quis atrapalhar vocês dois. — Ela sorriu — ele é difícil, mas no fundo um bom garoto, lembra meu filho.

— É, acho que ele não é nada mal...

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ooi decidi postar esse capítulo pequeno só pq achei ele uma gracinha e tenso, o próximo vai ter várias tretas, preparam o core

MERCYOnde as histórias ganham vida. Descobre agora