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CHARLIE  — 1943 — DUNKIRK

Assim que sai do quarto escutei o violão e as músicas pelas vozes grossas e desafinadas dos soldados, quando cheguei no final das escadas Paul me rodopiou e eu apenas consegui sorrir sem ainda entender nada. 

  — Os alemães estão perdendo espaço em Paris — Ele explicou — isso significa que talvez tenhamos mais alguns dias de vida 

— Onde está o Joe?

— Ainda em repouso, mais dois dias e vai estar preparado pra outra. 

— E a comemoração é com cerveja? — Perguntou vendo todos com os copos cheios 

— Charlie, você chegou aqui uma mocinha e vai acabar parecendo um de nós — Encheu um copo pra mim  

Apenas sorri em resposta, a cantoria continuava, até os soldados novos que eu não gostava muito se mostravam mais abertos, nós sabíamos que isso não significava algo de fato, mas era um bom começo para o fim. 

Já sentindo a madrugada começar, saí da pensão vendo Alex comendo uma maçã com os olhos fixos no céu, me aproximei apoiando meu corpo na parede e ainda sentindo minha visão turva pela bebida. 

— Deveria comemorar, você estaria nas trincheiras uma hora dessas. 

— Do que adianta comemorar? — Me encarou — dou menos de dois dias pra que eles se recuperem e voltem a nos cercar 

— Não vou me irritar com você hoje, Alex — Me afastei 

— Aonde está indo? 

— Até a praia! — Falei sem parar meu caminho 

Quando escutei os passos logo atrás de mim não escondi o sorriso e virei um pouco o rosto pra vê-lo me alcançar, ele tinha uma expressão indecifrável no rosto, Alex não faz ideia o quanto gostaria de saber o que se passa na sua cabeça e se tem algo além de pessimismo dentro dela.

  — Por que você sempre tem que inventar alguma coisa pra tirar o meu sossego, Charlie? 

— Não pedi pra me seguir — Dei de ombros 

Assim que comecei a tirar minhas botas senti seu olhar queimar em mim, mas tentei meu máximo pra não ligar, quando por fim tirei o vestido deixando meu corpo apenas com o shorts e sutiã entrei direto na água sentindo o frio me arrepiar por completo, assim que me virei o chamei ainda rindo da sua expressão, por um milagre ele tirou a camisa e as botas entrando também, assim que mergulhei o efeito da bebida começava a passar aos poucos e quando voltei para respirar encontrei Alex fazendo o mesmo. 

— Estou tirando seu sossego agora, soldado?  

— De que mundo você veio, Charlie? Tirar as roupas e entrar no mar com um desconhecido? 

— Eu vim do futuro — Brinquei — vai ter que se acostumar com isso. 

— Quando sairmos aqui pode ter certeza que nem vai lembrar que eu existo. 

— Você realmente não me conhece. 

Estávamos perto demais, pudia sentir sua respiração e até mesmo seu corpo se arrepiando com o vento gelado, me aproximei mais até que meus lábios se encostassem ao dele e finalmente sua mão alcançou meu rosto me trazendo pra perto finalmente me beijando, ele me pressionava contra o seu corpo e descia sua mão pelas minhas costas, quando se afastou um pouco pra me encarar, pude ver seus olhos mais verdes do que nunca e isso acabou me fazendo sorrir. 

— Você não tem noção nenhuma do que faz, não é?

— Alex para de tentar me proteger de você mesmo. 

Ele não deixou que eu falasse mais nenhuma palavra, novamente colava nossos lábios e fez com que eu entrelaçasse as pernas em sua cintura, pudia lembrar da minha mãe dizendo que eu não deveria beijar homens no meio da rua, talvez eu esteja bem longe da dama que ela sonhou, quando senti meu corpo longe da água, encarei Alex vendo que estávamos na areia e logo ele me deixava sob a mesma voltando a me beijar, minhas mãos se afundaram em seus cabelos assim como seus lábios desceram até meu pescoço, de forma involuntária sussurrei seu nome ao senti-lo sugar minha pele, era tudo tão novo e deveria ser errado, mas apenas soava certo. 

— Eles vão sentir falta de nós... — Minha voz saía de forma arrastada 

— Eu sei — Voltou a me encarar e finalmente sorriu — mas você fica bem melhor falando meu nome. 

Mordi o lábio inferior tentando esconder o sorriso, mas logo ele pousava o indicador em meu queixo puxando para que eu parasse e finalmente me beijar novamente, eu estava tão quente que mal sentia o frio da madrugada, Alex sussurrava o quanto eu deixava louco, fiquei por cima dele ainda o beijando e suas mãos desceram até minhas coxas as apertando com força, pude sentir sua ereção e o encarei com um sorriso malicioso, lembrando de toda as vezes que ele me provocou. 

— Infelizmente está na hora de boas garotas irem dormir.  

Me levantei colocando meu vestido e calçando minhas botas, realmente Alex sabia muitos palavrões e começou a despejá-los de uma vez só enquanto terminava de colocar suas roupas. 

Caminhei de volta para a pensão ainda o escutando resmungar sobre como era difícil se livrar de uma ereção assim, quando chegamos ao lugar, subimos com cuidado as escadas e antes que eu caminhasse até meu quarto, ele agarrou minha cintura me dando um último beijo. 

— Você é cruel, Charlie — ele sussurrou 

— Acho que estou aprendendo com o melhor — Pisquei em sua direção escutando sua risada baixa 

Assim que entrei no meu quarto com cuidado, tomei um banho rápido e coloquei o pijama, joguei meu corpo no colchão e fechei os olhos finalmente dormindo ainda pensando nos últimos momentos com Alex. 

Escutei uma gritaria, nem ao menos tomei café fui direto em direção ao outro lado da rua onde haviam uma discussão e um garoto caído ensanguentado. 

— O que houve?  — perguntei a uma enfermeira 

— Encontraram um nazista ferido, estão discutindo o que vão fazer com ele.— ela explicou

Olhei para a discussão escutando soldados querendo linchá-lo ou fazê-lo falar alguma informação importante. 

— Ele não deve ter nem dezoito anos direito — Tentei intervir  — deveriam dar uma chance pra ele falar. 

— Vamos matar ele de qualquer forma  — um deles falou 

— A Charlie tem razão — o general concordou  — ele é só um garoto. 

Toda a discussão foi parada quando escutamos uma arma sendo destravada, todas as atenções foram para Alex com uma espingarda apontada na direção do garoto. 

— Alex... 

Não consegui completar a frase, ele atirou e havia uma mancha vermelha marcando o chão acinzentado, apenas conseguia olhar pra ele, não havia nada no seu rosto, queria achar o mesmo Alex de ontem, mas não havia um único vestígio dele. 

— Problema resolvido  — Ele falou por fim batendo continência e se retirando 

*****

olá angels consegui terminar o cap ❤️ jingle bell pra vcs adiantado¡!!

MERCYOnde as histórias ganham vida. Descobre agora