E p h e m e r - Sam P.O.V's

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[E f ê m e r o - Ponto de Vista do Sam]

Dallas, TX — 21h47

                Quando olhei Dean pela primeira vez desde que ele foi levado, ele estava finalmente retornando a consciência, os olhos miraram levemente abertos em direção aos meus, caídos e um pouco sonolentos. Observando através do vidro da sala de cirurgia, não pude hesitar em abrir a porta e socar o primeiro médico que tentou me impedir de me aproximar, ameaçar o segundo com um bisturi para que ele me desse seu crachá médico, e afastar a maca lentamente para o lado de fora.

Amarrei a maçaneta com o cinto da calça e os prendi lá dentro. Dean agarrou minha camisa enquanto eu corria com a maca em direção ao elevador de funcionários, ele tentava me dizer algo, mas provavelmente não sabia que só saíam grunhidos. Abri a porta pelo código de barras do crachá e selecionei a opção "subsolo" no quadro de botões.

— Sammy... — Ele dizia ao mesmo tempo que seus olhos reviravam. — Sammy, eu...

— Vamos ficar bem, Dean. — falei, pousando minha mão em seu peito esperando os números do painel diminuírem.

Por vezes, as luzes piscavam e eu evitava ser pessimista. Iria dar tudo certo, sairíamos daquele hospital vivos, todos nós.

O subsolo era um labirinto de corredores e portas com dutos metálicos aparentes, pouca iluminação e nenhuma saída de ar. Mas estávamos quase lá, na última porta, prestes a nos deparar com a rua, longe de demônios, e pela primeira vez naquela noite, livres de algum grau da tensão que nos perseguia.

Coloquei Dean no chão e o ajudei a caminhar até o Impala. Fechei a porta de trás, sentei ao volante, e suspirei. Katherine ainda estava lá dentro, de qualquer forma. Eu sempre senti que devesse protege-la, e era ridículo porque Katherine sempre tomou suas decisões sozinha.

Eu precisava saber que ela não estava em perigo e que sairia ilesa, para que eu pudesse seguir sendo racional e não um idiota apaixonado por uma garota tão egoísta. E de súbito, Castiel apareceu do lado de fora do carro, com um anjo e Natanael. Franzi o cenho. O que estava acontecendo?

— Ela se foi. — O anjo negro disse enquanto Natan se apoiava nele. — É um deles agora.

Ele não podia estar falando da Katherine O'Brien que eu tinha em mente. Simplesmente não podia.

— O quê? — Indaguei, os lábios entreabertos.

— Preciso que leve Natanael para um lugar seguro. Eles virão atrás de nós agora que têm a Katherine. — Castiel disse, com determinada frieza.

A informação levou algum tempo para que pudesse ser processada. Aquilo não podia estar acontecendo, eles tinham que estar errados, Katherine não tinha se entregado e colocado tudo a perder.

— Sam. — Castiel chamou minha atenção. — Sei que está bravo comigo, mas ter me aliado à Trívia foi um plano para trazer Dean de volta. Eu não podia arriscar contar a vocês, espero que me perdoe.

Ele me lançou um de seus olhares mais piedosos, mas eu não estava bravo. Estava confuso, não podia ser verdade, evitamos tanto, tanto.

— É melhor contar a eles o que descobriram. — Natanael disse, ainda mancando.

— O interesse de Crowley em Katherine é muito mais do que em força de batalha, apesar de nunca ter deixado transparecer. — O anjo negro se pronunciou novamente. — Ele não pode mata-la porque Deus confiou a ela o segredo da localização da Arca da Aliança. A Arca é um instrumento de guerra capaz de matar exércitos inteiros só com sua presença. Crowley pretende usá-la para matar todos nós que não nos aliamos.

— E é por isso que a Trívia deseja mata-la antes que consigam fazê-la se lembrar. — Castiel disse.

— E... O que vamos fazer? — Perguntei, mas queria dizer "Como impediremos que ela seja morta?".

— Vocês não farão nada. Nós faremos. — Castiel se referia aos anjos. — Vpcês são humanos, e Katherine não é mais a pessoa que conheciam.

— Quer dizer que teremos que sentar e esperar que a tragam morta?

Castiel suspirou, e numa tentativa fútil de me contrariar, disse:

— Quero dizer que precisam ficar vivos até que a guerra acabe.

***

O carro retornou ao silêncio da estrada escura. Dean alternando entre acordado, falando sílabas, "Sammy", e desacordado novamente enquanto a rádio local tocava Bohemian Rhapsody.

— Sabe que não precisamos fazer o que o Castiel diz, né? — Natanael atravessou a calmaria.

— E se ele tiver razão? Não vamos ajudar em nada se estivermos mortos.

— Tá brincado? — Ele riu descontraído como se fôssemos amigos de longa data. — Um Winchester com medo de morrer?

— Não tenho medo de morrer. — Peguei a saída 50A para a estrada AZ-101. — Mas não significa que temos que agir sempre por impulso.

Ficamos em silêncio por um instante até ele se inclinar na minha direção.

— Sabe, desde a noite em que fomos para Connectcut e fui sequestrado pelos demônios, tenho pensado sobre como sempre estaremos um, dois, três... dez passos atrás de Crowley ou da Trívia. Cada um defende seu próprio interesse porque são poderosos e influentes, ao passo de que fizeram Katherine acreditar que eu matei Dylan, fizeram você acreditar que ela ama o Dean, fizeram Dean acreditar que ela estaria te destruindo.

— Aonde quer chegar com isso?

— Não está claro? Eles nos enfraqueceram para tirar a Kat de nós porque sabem que somos tudo que ela tem. Somos a família dela.

— Quando foi que você ficou tão tagarela? — o encarei pelo canto do olho.

— Sammy...

— Sam. — Corrigi.

— Nós temos o poder de trazê-la de volta. — falou em algum tom esperançoso.

Parte de mim tinha raiva da Katherine em tantos níveis e por tantos motivos. E parte de mim tinha raiva do Natanael por estar dizendo aquilo. Família. Será que ela pensou nisso quando disse que sim? Aliás, no que ela pensou quando aceitou? Provavelmente que não tinha escolha ou que era um monstro. Eu tinha raiva porque queria que ela tivesse me escutado. Por que ela não me escutou? Por quê não fui o suficiente para tê-la feito desistir? Eu queria voltar no tempo e ter entrado no elevador junto a ela. Mas será que ainda era inevitável? Como eu poderia saber? Eu te odeio Katherine O'Brien.

— Qual o seu plano, então? — Indaguei.

— Sangue de demônio?

Hesitei à princípio. A ideia parecia retirada de um fundo de desespero que já estive antes. Toda vez que eu não conseguia proteger a Katherine por algum motivo, aquilo vinha à minha cabeça como um lampejo, uma solução final. Apesar de degradante, incerto e talvez burro, aceitei o plano. Arriscar tudo ainda era melhor do que não fazer nada.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 25, 2018 ⏰

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