R u n a w a y - Parte #2

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*Antes de tudo, já vou me adiantar desejando que vocês tenham um feliz ano novo! (É que vou passar dois dias num lugar sem internet ;-;)*


— Isso simplesmente não é possível. — me aproximei dele, tentando convencê-lo da mesma forma que me convenci durante anos — Eu não tenho família.

— Tem sim. — seus olhos semicerrados tentavam esconder as lágrimas rentes aos cílios — Você é a irmã que eu estava procurando todo esse tempo. — tirou um papel levemente amassado do bolso da camisa. Não precisei me esforçar muito para reconhecer o símbolo do orfanato de St. Anthony.

— Dylan, olha... — eu queria me explicar, era o mais justo à se fazer no momento.

— Você matou aquelas pessoas, Katherine. — seu timbre carregava uma mistura de angústia, raiva, e decepção.

— Não, eu não matei! Você tem que acreditar em mim, aquela não era eu!  Era um... — hesitei — Metamorfo.

— Metamorfo?! — ele riu ao mesmo tempo que uma lágrima escorria do seu olho esquerdo e sua voz parecia se afogar nela — Espera que eu acredite nisso?

— Não importa. — tentei parecer firme,  e acabei cuspindo aquilo pelo simples fato de não haver nenhum pingo de afeto entre nós, embora ele fosse meu "irmão" — Eu tenho que sair daqui, a polícia já deve saber onde eu estou.

— Sim, já sabe. — Dylan mostrou o registro da chamada em seu celular.

— Dylan... — não queria deixar que ele pensasse que eu era aquilo.

— Foge. — me mantive perplexa encarando-o — Foge! — exclamou mais alto, me tirando da transe.

     Voltei à correr entrando numa floresta restrita. Com a respiração ofegante, o suor me esquentando, o som das folhas das  árvores acompanhando meus passos, cheguei ao outro lado da estrada.

     Gotas grossas caíam sobre mim. Não era fácil de digerir aquela situação, e correr era a única coisa que estava fazendo sentido. Mais gotas firmes e pesadas vinham de encontro ao meu rosto frequentemente, e eu não conseguia pensar em muito além do fato de me sentir completamente sozinha. Eu mal sabia onde estava.

     Atravessei a estrada indo de encontro com outra mata restrita. O som dos trovões começavam a se fazer presentes, e os relâmpagos iluminavam o céu. Meu cabelo molhado escorria sobre meu rosto, e tudo que eu podia fazer era correr, só correr. Felizmente, minha mente acelerada não me permitia sentir cansaço. Quanto mais longe eu estivesse, melhor.

     Senti algo espetar minha perna de repente, e foi a única coisa que fez meus passos desacelerarem. Caí de joelhos sobre o chão molhado, a terra úmida e as folhas duras. Olhando para trás percebi, levei uma flechada. Eu não estou sozinha. Ignorei a dor quando todos os sons pareciam ter se tornado um só. O vento que balançava os galhos, os trovões que davam sonoridade ao silêncio do céu, e algum animal pequeno que corria para trás das árvores. Mas nenhum som, de forma alguma deixava rastros de quem, ou o quê, poderia ter atirado aquela flecha.

— Te peguei. — a voz alta, firme, feminina, mas quase sussurrada, me fez olhar para todos os cantos, e enxergar ali, bem atrás de um amontoado de folhas caídas, uma mulher.

— Quem é você? — tentei controlar minha respiração, e me afastar dela ao mesmo tempo.

— Me chame de Scarlett. E você deve ser Haniel, estou certa?

***

— Ai! — gritei enquanto ela tirava a flecha da minha perna.

If I Had Wings (Hiato)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora