N a t a n a e l

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* Dono da minha virgindade na multimídia *

Orfanato St. Anthony, Texas - 2005

     Acordei, mas ainda era noite. Eu sabia disso porque a janela refletia apena a luz da lua, e todas as crianças ainda estavam dormindo. Anne disse que era só fechar os olhos e esperar amanhecer, porém não adiantava, nunca adiantava. Aqueles sonhos apareciam só de piscar. Neles, eu caio de um lugar muito alto, e eu queimo. Mas de certa forma, sinto como se não fosse eu, como se alguma parte de mim queimasse com todo o resto, e então só restasse um corpo destruído e sem vida.

Orfanato St. Anthony, Texas - 2015

     Tudo em mim tentava entender as coisas ao meu redor. O que havia acontecido com Natanael? Eu me lembrava de algo referente à ele, era um anjo bom, como Castiel. No entanto, não era como ele se mostrava agora. Havia frieza em seu olhar, sarcasmo em sua voz, e algo que eu não conseguia identificar em todos os seus gestos e traços.

Como ele conseguia causar medo em Crowley? Eu realmente não sabia. Mas sabia que tudo nele causava medo em mim.

- Olá Crowley. - ele finalmente apareceu, e não se parecia nada com um garotinho de 7 ou 8 anos.

- Natanael. - Crowley o cumprimentou a distância, com um olhar desamparado, querendo não demonstrar derrota, e falhando miserávelmente.

- Você tem coisas que eu preciso. - a expressão ilegível comum dos anjos, era ainda mais confusa nele.

- As Graças? - gargalhou com deboche - Você nunca terá as Graças, Natanael.

- Mesmo? - uma expressão perversa cobriu o pouco que restava de angelical ali

Natanael iniciou passos lentos em direção a Crowley, e eu não sabia se ficava feliz por ter alguém no mesmo barco que eu, ou ficava assustada com aquele olhar explosivo.

Os demônios que tentavam impedí-lo eram arremessados para longe imediatamente. Naquele momento restavam apenas eu, Crowley, Scarlett, Jane, e os demônios que seguravam Dylan. Só consegui dar passos para trás e me assegurar de que meu irmão estava seguro também. E na verdade, ele só estava mais assustado do que antes.

- Não ouse se mexer, Katherine. - Crowley me reprimiu ainda virado antes que eu corresse para perto de Dylan.

Parei imediatamente. Por que eu estava o obedecendo? Por quê eu estava com medo? Eu estava tão confusa. Voltei a encarar Dylan. Ele era minha única preocupação agora.

- Se você encostar um dedo em mim, o garoto morre. - o King of the Hell tentou negociar com o anjo.

- Eu não me importo com o garoto, - se mostrou imparcial - eu só quero as Graças, Crowley.

"As Graças? No plural? ", perguntei para mim mesma. Eu ainda não conseguia entender o que ele realmente queria.

- Cadê. As. Graças? - Natanael agarrou Crowley pelo colarinho e pronunciou-se pausadamente

Jane e Scarlett, por alguma razão, não ousaram se aproximar de Natanael, o que fez mais uma dúvida surgir em minha mente. Por que? Elas eram poderosas, eram a mistura do poder angelical com o poder demoníaco, eram como os primeiros anjos caídos, eram como Lúcifer. O que havia em Natanael de tão assustador?

If I Had Wings (Hiato)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora