F l a s h b a c k s

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Greeley, Colorado — 23:09 PM

     O SOM ALTO E GRAVE DA VOZ DE DEAN me despertou instantaneamente. Parecia que eu tinha fechado os olhos por alguns segundos, mas a escuridão no céu e as luzes apagadas nas casas, denunciaram que já era noite. As memórias do sonho que tive foram chegando vagamente.

      Não me lembrava de muito além de estar caindo de um lugar extremamente alto, caindo há milhares de quilômetros por hora, tentando conter minha respiração enquanto incendiava. Eu consegui sentir tudo. O calor do fogo me destruindo, meu coração à mil batimentos por segundo, o peso do chão quando enfim cheguei até ele.

     O carro diminuiu a velocidade até parar. Dean virou-se na minha direção e tirou a fita da minha boca sem aviso prévio. Eu estava o odiando por dentro.

— AI! — gritei — Isso doeu sabia?

— Que peninha. — debochou, soltando um riso fraco — Nossa, está soada. — franziu o cenho, não sei se de preocupação ou curiosidade — Teve um pesadelo?

— Sim. Com você. — pude ver Sam soltar um risadinha.

— Ha ha ha. — simulou uma risada pausadamente — Muito engraçado. Agora diga, qual dessas é sua casa?

— A da esquina. — mirei para através da janela, e ele dirigiu vagarosamente até a casa.

— Aqui?

— É. — engatou o freio de mão e estacionou o carro — Já pode me soltar sabia?

— Não antes de checar se você mora aqui mesmo.

— Minha tia vai ficar assustada se me ver desse jeito. — supliquei.

— Quem disse que ela vai te ver? — abriu a porta do carro na companhia de Sam.

     Eles fecharam a porta do carro, caminharam até o porta-malas e pegaram algumas armas. Revirei os olhos, era inútil. Os observei da janela do carro caminhando até a porta com as armas escondidas no coldre, e apertando a campainha duas ou três vezes. As luzes lá dentro se acenderam e Dean deu uma olhada rápida para trás. Franzi as sobrancelhas e logo Bridgit estava do outro lado da porta dizendo algo. Parecia aliviada de eu ter voltado pra casa, mas ela não me enganava. Me detestava tanto quanto eu detestava ela.

      Sam caminhou de volta ao carro, abriu a porta e começou a me desamarrar.

— Peço desculpas por isso, meu irmão às vezes passa dos limites.

— Aquela coisa ali é seu irmão? — desviei meu olhar para Dean.

— Sim — riu de canto — Sam e Dean Winchester. Caçadores.

— Ah, ta. — demorei alguns instantes para processar aqueles nomes na minha mente — Espera, Sam... Winchester? — arregalei os olhos.

— É. — ele sorriu franzindo o cenho sem entender bem.

— Eu sabia que te conhecia de algum lugar. — senti a pulsação em meu peito, suas sobrancelhas continuavam estreitas — Lakewood High School.

     Ele me olhou franzindo as sobrancelhas por alguns breves segundos, vasculhando em sua memória as lembranças que nos levavam de volta para aqueles dias.

— Kat... — sorriu surpreso e eu retribuí. Costumava me chamar assim nos velhos tempos.

Flashback ON

     Eu estava perdida nos meus pensamentos, lembrando das coisas que li num dos livros antigos da Bridgit. A capa possuía um vermelho quente e envelhecido. Entre as imagens desenhadas e a letra cursiva escrita com tinta, os textos diziam literalmente que não havia como mudar o destino, que 'se você nasce para o mal, não há bem que mude isso'. Como Deus poderia ser tão injusto?

If I Had Wings (Hiato)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora