Pequena Loba curiosa.

Capítulo 49 - Ainda sem novas descobertas.

Quando chegamos no escritório, ele estava todo sujo e destruído, a única coisa inteira era a mesa que estava com pedaços do teto em cima e folhas que eu não sabia de onde tinham vindo. Claro que eu ainda me preocupava com a sombra preta de morcegos nos cantos da parede e no teto. Eu segurava sua blusa e o seguia para onde ele estava indo sem sair de perto dele nem trinta centímetros. Ele mexia nas gavetas da mesa e separava alguns papéis que achava interessante, eu só o soltei porque tive que mexer nos papéis.
Eram documentos sem importância, como a escritura da casa ou contas atrasadas. Infelizmente não achamos mais nada, então eu desistir e fiquei pensando onde meus pais poderiam estar, ou pelo menos para onde os antigos donos tinham se mudado.
-é melhor nos irmos agora
Ele falou me tirando dos pensamentos, eu olhei pra ele e acenei ficando desapontada com todo esse esforço para nada. Mas tínhamos que ir mesmo.
Segurei sua mão e fomos na direção da porta, mas nós dois paramos quando ouvimos um barulho alto do piso de madeira estalando. Quando viramos, eu já fiquei com medo só de ver uma pessoa ali parada olhando para nós, era um lobo adulto com aparência assustadora usando roupas rasgadas sujas, logo atrás dele estava outro mais novo mais com o mesmo olhar assustador. Eu sentir meu corpo ficar mole e eu me agarrei de novo a ele com medo.
-oque vocês querem?
-pensou que ia escapar de nós tão fácil?
Os dois riram se aproximando de nós com passos lentos. Eu dei um para trás e vim puxando o gatin junto comigo, olhei para porta e o corredor bem atrás de mim e pensei em correr.
-acho que não terminamos
O lobo mais velho acelerou seus passos e eu puxei ainda mais o gatin, mas ele se soltou e também correu na direção do lobo. Eu entrei em pânico quando vi os dois no chão, mas não podia começar a gritar ou me desesperar. Eu tinha que fazer alguma coisa, mas estava em pânico. Então eu resolvi seguir meu instinto de loba, foi ela quem me ajudou a avançar no outro lobo também segurando ele pelo pescoço e o forçando contra a parede tentando enforca-lo. Mas claro que ele era mais forte e inverteu a situação me enforcando com o dobro de força.
Eu conseguir pegar um suporte de velas na parede e acertei na sua cabeça fazendo ele se afastar e pôr a mão na testa que estava sangrando. Eu sentei no chão tossindo e tentando respirar normalmente, mas ele me pegou de novo e dessa vez me suspendeu querendo me matar. Tentei uma última coisa já sem ar, usei minhas pernas para tentar empurra-lo para longe, e conseguir caindo no chão de novo quando ele me soltou. E mesmo sem ar e fraca, eu peguei ele de novo e dessa vez segurei sua blusa e sua calça tentando empurra-lo pela janela. Eu rosnava enquanto ele segurava meus braços tentando me levar junto. Mas eu puxei meus braços com mais força e o empurrei de uma vez me afastando da janela e me sentando no chão de novo fraca.
Comecei a tossir sem parar ficando sem ar, eu sentir que ia desmaiar mas eu tentei respirar e absorver oxigênio o suficiente para meu cérebro não desligar.
Conseguir me controlar e levantei de novo passando a mão no pescoço, o gatin estava ensanguentado sobre o corpo daquele lobo que estava morto. Ele também estava com o pescoço vermelho e com as marcas das mãos dele. Eu fiquei olhando aquilo assustada mas ao mesmo tempo aliviada que tudo tinha acabado, eu ainda não conseguir absorver a situação. Matei um lobo que era duas vezes mais forte que eu e ele também.
Oque estava acontecendo com nós dois?
-você está bem?
Ele perguntou se levantando do chão e andando na minha direção, eu balancei a cabeça e depois abaixei os olhos ainda um pouco ofegante. Ele segurou meu rosto com sua mão suja de sangue e beijou minha testa carinhosamente tentando me acalmar.

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Paramos em uma lagoa rasa para nos limpar, eu me sentia a vontade nua na frente dele porque já estava acostumada. Estava sentada no fundo apenas com o tronco do corpo para fora vendo ele lavar seu rosto e braços apenas vestido com sua calça. Eu me perguntava se ele tinha vergonha de mim, eu acho que já falei pra ele que já tinha o visto nu. Mas então resolvi dizer mais uma vez para ver sua reação.
-você sabia que eu te observava quando tomava banho no lago perto do lugar que costumava caçar?
Ele me olhou desconfiado mas se manteve sério e depois se virou saindo da lagoa e me deixando rindo da sua reação. Ele vestiu outra blusa seca e foi pra trás de uma árvore trocar de calça ainda com vergonha de mim. E eu ainda ria enquanto saia da lagoa também vestindo meu vestido mesmo molhada, se me incomodar eu fico nua. Eu não sentia vergonha de andar dessa forma quando estava com ele.
-e agora...? Pra onde vamos?
Perguntei quando ele apareceu enxugando seu cabelo e suas orelhas, eu fiquei esperando ele responder pensando no que faríamos agora que não conseguimos respostas.
-não sei... Não temos mais nenhuma pista dos seus pais... Eu não sei oque você vai fazer... Mas quando eu vivia sozinho, eu costumava não fazer exatamente nada. Então eu vou pra casa agora e descansar
-pera aí... Mas você não vive mais sozinho
Sorri tentando anima-lo porque ele estava sendo chato de novo. Eu não conseguia viver sem fazer nada na vida. Eu tinha que descobrir mais sobre meus pais e ele tinha que me ajudar.
-olha eu sinto muito mesmo que não tenhamos encontrado nada... Mas acabou tá? Eu não quero mais voltar naquele lugar e quero ficar quieto na minha casa
Ele começou a arrumar sua bolsa e colocou nas costas começando a andar emburrado comigo. Eu o seguir como sempre fazia e fiquei olhando para seu rosto sorrindo tentando deixar ele irritado.
-e você? Não sente curiosidade de descobri mais sobre seus pais?
-ha... Já estão mortos, pra quê que eu iria querer saber de mortos? E os seus também devem estar, então é melhor parar antes que você seja visitada por algum fantasma que não conseguiu descansar porque você anda perturbando ele
Eu não sabia se ele estava sendo sarcástico ou se só queria me dizer pra mim deixar isso quieto. Mas eu não ia conseguir viver em paz se não souber pelo menos oque aconteceu com meus pais, ou o motivo de minha mãe ter me abandonado.