Capítulo 2 - Desculpa amar você.

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Mais um pouquinho perto e eu conseguia sentir sua respiração calma batendo no meu nariz, era tão normal pra mim fazer isso mais uma vez. Está aqui de novo foi uma coisa que depois de muito tempo conseguir decidir sozinha discutindo comigo mesma. Sei que tivemos um pequeno mal entendido ontem, gatinho, mas quando você acordar vamos nos entender. Me aproximei mais um centímetro e toquei meu nariz na sua testa sentindo seu cabelo fazer cócegas no meu queixo.
Infelizmente ele acordou, e como da última vez, ele se assustou de novo e dessa vez acabou me dando um tapa sem querer quando se levantou e ficou de pé na minha frente procurando sua lança que eu havia jogado bem longe daqui por precaução. Balancei a ponta da cauda que estava entre minhas pernas dando um pequeno sorriso a ele que retribuiu com uma careta me mostrando suas presas finas e afiadas. Não conseguir ter outro pensamento além de "que bonitinho".
-oque você quer comigo?
Perguntou sério andando para trás ainda fazendo aquela expressão tentando me intimidar. Eu não ia embora até poder ter uma conversa com ele depois de tanto tempo criando coragem para finalmente aparecer na sua frente. Então me aproximei das suas pernas e olhei para seu rosto que parecia ter trocado de cor, me abaixei e esfreguei minha cabeça no seu joelho como uma forma de me apresentar e dizer que não sou perigosa e nem vou fazer mal algum com ele.
-gosto de você
Falei com as poucas palavras que conhecia sentindo ele se afastar de mim lentamente. Me sentei de novo e mantive meu sorriso quando vi que ele estava se acalmando, mas depois percebi que ele estava segurando alguma coisa atrás de si e antes que eu pudesse reagir, sentir meu rosto molhado e minha visão ficar embaçada. Passei a mão no rosto e quando abrir os olhos, ele havia sumido, fiquei em choque por alguns segundos e depois escutei passos rápidos se afastando de mim do lado de fora da caverna. Quando olhei para trás, vi ele correndo entre as árvores em uma velocidade incrível, quase se tornando um vulto negro.

Não pensei duas vezes antes de sair correndo também rindo por está me divertindo perseguindo um gatinho inocente que deve me achar uma louca uma hora dessas. Conseguir chegar perto o suficiente para ouvir sua respiração pesada e ofegante, ele tropeçava e se levantava toda vez que eu gritava para ele parar e que não ia machuca-lo. Pelo menos não agora, como será a sensação de morder sua pele macia?
-ei... Não quero te machucar
Disse calma apesar de estar cansada, já estava do seu lado e conseguir agarrar a borda da sua bermuda fazendo ele parar na hora e tropeçar. Cair por cima do seu corpo rolando duas vezes no chão parando sentada sobre sua barriga. Sorrir tranquilamente agarrando seus bracinhos para ele parar de se mexer e tentar sair correndo de novo, e quando finalmente conseguir fazer ele parar, ele me mordeu.
-au! Eu só quero conversar...
Expliquei agora brava segurando seus ombros, ele rosnava agora e seus olhos tinham pupilas que pareciam dois riscos pretos. Nunca vi ele bravo assim, era divertido e eu gostei.
-sai de cima de mim...! Você é louca
Eu sabia que ele ia ter essa visão de mim logo no nosso segundo encontro. Então sair de cima do seu corpo e me afastei pra ele respirar um pouco e se levantar, me limpei e arrumei meu cabelo que estava arrepiado. Ele deu alguns passos para trás e eu também dei alguns pra frente ameaçando correr atrás dele de novo se fosse preciso. Mas uma vez me incomodei pelo jeito que ele me olhou por não usar roupas. Fiquei me sentindo estranha então me virei de lado olhando para o chão
-se não se importa, agora eu vou embora, espero que você tenha um ótimo dia e pare de me seguir por favor
Ele falou meio frustado abaixando suas orelhas arredondadas e marchando de volta pra sua caverna, como eu não sabia como dialogar direito, eu não entendi exatamente oque ele havia dito. Então o seguir me colocando do seu lado sem conseguir tirar meu sorriso infantil, ele tinha aquela expressão de zangado que eu conhecia muito bem. Passei minha vida inteira o observando e conseguir aprender a ler todas as suas expressões, essa agora, era a raiva silenciosa. De quando ele se dava mal nas suas caçadas ou perdia sua presa, será que ele tá bravo por mim ter derrubado ele no chão e ter assustado ele duas vezes?
-quer ir embora por favor?
Perguntou bem irritado se virando na minha direção, percebi seu cabelo em pé e sua postura na minha frente, era de um felino pronto pra atacar e isso talvez tenha sido o último aviso. Eu tinha que ir embora agora, e fiz isso dando meia volta abaixando as orelhas e a cauda fazendo uma encenação para ele acreditar que eu nunca mais vou voltar. Parei e sorrir pra ele quando estava longe o suficiente para me prevenir de não levar uma mordida, seu olhar quase me atravessou de tanta fúria acumulada nele, mas depois continuou andando e eu voltei a segui-lo teimosa como eu era. Eu não vou deixar você em paz gatinho irritado.

Pequena Loba curiosa.Where stories live. Discover now