Capítulo 39 - Meu divino lobo.

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Eu estava nervosa quando nos aproximamos do acampamento. De longe podíamos escutar as conversas animadas e as risadas. E eu imaginava o pior, mas ele tentava me acalmar e depois segurou minha mão andando mais rápido.
Como já era de noite, nós conseguimos ver a luz de uma fogueira e entramos em uma trilha aberta no meio da floresta que alguém tinha feito indo naquela direção. E então já conseguimos ver alguns lobos andando de uma lado para o outro e alguns sentados em bancos feitos de tronco. A primeira loba que vi, que se levantou e avisou os outros dizendo alguma coisa que eu não pude escutar, era alta e usava roupas de cor rosa. Tinha cabelos cinza e orelhas pequenas como sua cauda. Ela era engraçada porque veio na nossa direção como uma cachorrinha feliz. Eu não podia chegar chamando os outros de cachorrinha em pensamento. Então sorrir tentando ser educada.
-oi Kelly...
Disse Robert soltando minha mão para dar um abraço nela desajeitado.
-você trouxe uma amiguinha!
Ela ficou na minha frente me dando um abraço também. Eu retribuir calada meio surpresa com isso, mas eu gostei dela só por ser gentil comigo.
-que bom... Mas uma menina no grupo
Ela disse sorrindo puxando uma mecha do meu cabelo e jogando do lado do meu rosto brincando comigo. Também sorri e olhei para Robert tentando fazer ele entender que eu precisava conhecer os outros pra me enturmar.
-ei Robert! Oque você trouxe pra nós?
Um garoto apareceu do meu lado e eu me encolhi do lado de Robert entrelaçando meu braço no dele. Era um lobo com um sorriso assustador no rosto, ele tinha olhos negros e cabelos escuros. Usava roupas exageradas como uma calça preta e uma jaqueta aberta no peito, eu não gostei dele só por ter chamado Robert daquela forma.
-essa é Leah, e esse é Dean... O idiota
Robert riu e Dean ficou olhando pra ele com cara de quem já tinha ouvido isso muitas vezes. Não era tão surpreendente o tipo de pessoas com quem ele fazia amizades, o resto eram lobos comuns que adoravam fazer piadas bestas e ficar comendo coisas de humanos.
Depois de ter conhecido metade dos seus amigos, eu me perguntava porquê estava com tanto medo. Eles me trataram bem, até demais... Robert precisou calar a boca de Dean porque ele conversava comigo sobre coisas que eu não estava interessada em saber. Então eu resolvi sair de lá impaciente e entrar em uma das barracas que vi Robert entrar.
Lá dentro era bem grande, era uma barraca que dava para ficar em pé e tinha bastante espaço, colchões e até luz que atraía mosquitos irritantes. E eu me deitei perto de um dos colchões observando ele remexer sua mochila tirando a minha de lá e colocando perto de mim. Fiquei aliviada mas também curiosa porque ele parecia meio triste e sério demais.
-que foi?
Perguntei me aproximando dele e sentado com as pernas entrelaçadas na sua frente abaixando meu rosto para ver o seu. Ele estava bem deprimido mesmo.
-eu acabei de saber pela Kelly que meus pais se separaram, agora meu pai está morando longe de nós e talvez nunca volte
Ele falava baixo e suspirou no final como se quisesse chorar, eu coloquei uma mão no seu ombro e tentei fazer ele olhar pra mim. Mas ele continuou encarando uma blusa sua sobre seu colo e ficou em silêncio me deixando agoniada.
-eu sinto muito...
-tudo bem... A parte pior é que minha mãe está na minha casa me esperando... Ela vai passar uns dias lá comigo, e também com certeza ela vai me explicar porque fez isso com meu pai
Agora ele estava frustrado olhando para o lado com as sobrancelhas unidas de irritação. Eu tirei minha mão do seu ombro e fiquei o encarando esperando ele se acalmar pra mim poder continuar. Eu não entendia nada sobre assuntos familiares, mas sei como deve ser ruim ter pais separados.
-então não vou poder ir pra lá?
-claro que ainda pode mas...
Ficamos calados de novo e eu notei seu rosto ficando vermelho, era a primeira vez que eu vi ele ficar assim, mas quase não se dava para notar por causa da sua pele avermelhada.
-não sei se ela vai deixar você morar comigo...
Ele disse baixo demais mas eu havia entendido, fiquei pensando sobre isso e não me parecia algo tão ruim. Eu sabia ser educada e bem gentil com alguma pessoa que precisa ter uma visão boa de mim. Principalmente se essa pessoa ser sua mãe... Agora parece ser bem assustador.
-mas você não precisa ficar com tanto medo... Quem tem de ficar com medo sou eu
Eu ri tentando animá-lo e deu certo porque ele sorriu e me olhou com um brilho fraco nos olhos. Mesmo assim foi o bastante para me encantar de novo. Mas seu sorriso foi sumindo aos poucos e eu fiquei séria também percebendo que ele estava se aproximando de mim de novo, o fato de estarmos sozinhos aqui, me deixava meio nervosa, talvez desesperada. Meu coração estava batendo rápido demais e eu, covardemente, fui me chegando para trás sem tirar os olhos dele.
E quando eu não conseguia mais fugir, ele parou quase encostando seus lábios nos meus, podia sentir sua respiração acelerada também e seus olhos quase fechados direcionados para minha boca me deixando ansiosa mas também com um pouco de medo e insegurança. Mas eu não sabia se queria ou não, então quando coloquei minha mão na sua nuca, foi apenas para ver oque acontecia. Eu estava experimentando uma coisa que já tinha sentido, mas quando o beijei algo lá dentro de mim me disse que dessa vez tinha sido real. Não era fantasia, não era falso, era simplesmente uma sensação única que eu nunca havia sentido.
E não segurei a vontade de continuar abraçando-o pelo pescoço dando velocidade no beijo que estava ficando cada vez mais intenso com seus novos toques que eu sentia e guardava cada momento comigo para relembrar mais tarde.
Suas mãos estavam subindo pela minha cintura parando uma atrás da minha cabeça e outra na minha coxa. Era impossível conter a vontade de gemer de alegria e prazer por estar tendo isso com ele.
Mas tivemos que parar porque nenhum de nós conseguimos prender o ar por muito tempo. Eu passei meu dedo nos seus lábios e ele sorriu de um jeito que me deixou com mais desejo de continuar aquele beijo e ver até onde nós iríamos.
-desculpa se eu for muito atrevido... Mas eu escolhi você desde o primeiro momento que te vi
Eu sorri de volta e sentir vontade de chorar da sua tamanha perfeição com as palavras. Este ser divino e perfeito estava se declarando pra mim. E minhas lágrimas não aguentaram mais serem seguradas, então eu chorei ainda sorrindo olhando para seu rosto.
-não chore...
Ele pediu limpando minhas bochechas com seus polegares mas eu não conseguia parar. Mas minhas lágrimas eram de felicidade, e também porque ele tinha dito aquela coisa linda que guardarei pra sempre dentro de mim.

Pequena Loba curiosa.Where stories live. Discover now