Capítulo 45 - Eu não sei oque ele quer.

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Era tão bom sentir seu cheiro de novo, sentir seu corpo junto com o meu nesse abraço que nunca mais queria sair. Eu tive que ficar na ponta dos pés passando meu nariz no seu ombro absorvendo seu cheiro que estava na sua blusa. Eu queria poder morder sua pele para me certificar de que ele era real mesmo.
-pode me soltar?
Ele pediu colocando as mãos na minha cintura e me afastando me deixando triste. Era ridículo tudo que eu estava fazendo, mas não era eu, estava apenas seguindo ela dentro de mim. Eu tinha me esquecido totalmente do que ele havia feito comigo. Eu sei que ele me odeia... Que pode me dá uma facada nas costas quando eu menos esperar. Esse idiota aqui na minha frente já me traiu, já me enganou. E eu respondo tudo isso com um abraço feito uma idiota também. Mas uma idiota que não tem forças para lutar com aquele sentimento que sinto por ele ainda vivo dentro de mim.
-então... Você andou fazendo oque durante esse tempo todo?
Ele andou de costas e depois ajuntou aquela blusa do chão e estendeu no seu dedo indicador olhando pra mim com um sorriso perigoso e maléfico. Ele chicoteava seu rabo de um lado para o outro esperando pacientemente pela minha resposta entalada na minha garganta.
-eu só... E-eu não andei fazendo nada
-para de gaguejar... Você está cheirando diferente... Andou me traindo?
Eu fiquei com raiva do seu tom debochado. Ele parecia gostar de brincar com isso, como se gostasse de me fazer perguntas como se nós dois tivéssemos alguma coisa juntos. Que idiota...
-eu andei sim... Porque? Ele foi embora agora tá? E ainda disse na minha cara que eu parecia com sua irmã falecida
Ele gemeu ali fazendo uma careta pra mim como se sentisse minha dor por isso. Eu me invoquei e peguei a blusa do seu dedo e coloquei por cima do ombro caminhando para a mesma direção que estava indo.
-nossa... Deve ser muito ruim né? Ser chamada de irmã... Você chegou a beija-lo?
-isso não é da sua conta!
Gritei batendo meu pé no chão ficando com raiva dele. Eu parei e o encarei fazendo a pior cara de brava que conseguia, mas ele só sorriu e colocou as mãos dentro dos bolsos da sua calça. Eu fiquei olhando pra ele de outro jeito agora, ele parecia ter crescido ainda mais. Ou eu diminuir?
-você continuar baixinha... Que fofa
Ele aproximou sua mão com a intenção de pegar no meu cabelo, mas eu dei um tapa nela e continuei andando brava tentando deixa-lo para trás. Mas ele facilmente se pôs na minha frente e me barrou me deixando ainda mais irritada.
-oque você quer?
-eu só me sinto bem entediado ultimamente... E perturbar você é bem divertido... Eu posso continuar?
Eu me controlei para não acabar mandando ele para um lugar bem longe. Apenas bufei e passei por ele de novo, e dessa vez eu conseguir bater no seu braço quando ele tentou me puxar de novo.
-tá ficando esperta... Parece que esse alguém aqui...
Ele pegou minha blusa de novo e estendeu bem alto pra mim não conseguir pegar. Eu odiava isso.
-conseguiu te ensinar alguma coisa
Ele ria enquanto eu pulava tentando pegar a blusa de volta, mas não conseguir. Então eu parei e simplesmente fingir que estava chorando, eu até passei os dedos nos olhos tentando engana-lo.
-ei, não precisa fingir que está chorando, pega... Eu só tava brincando com você
Ele me entregou a blusa e eu enxuguei minhas falsas lágrimas com ele olhando pra ele que ainda sorria pra mim inclinado na minha direção porque eu era baixa demais.
-eu descobri que lá eles fazem exames... Pra descobri sobre sua espécie e saber se você é de raça pura ou não... Mas diz aí, oque deu no seu? Meio raposa? Ou coiote?
Ele agora pegou pesado comigo. Então eu não aguentei e arranhei seu rosto lhe dando um tipo de tapa que o fez ficar surpreso mas não também continuo com seu sorriso malicioso passando a mão onde estava sangrando agora.
-nossa... Ela também ficou brava, oque te ensinaram lá? Me mostra
-não me ensinaram nada, só perdi tempo lá, e me dá licença por favor porque preciso achar um lugar pra dormir!
Terminei passando de novo pelo seu lado mas fui puxada para trás pela alça do meu vestido e a blusa dele tinha caído no chão e agora eu quase chorei porque me sentir vulnerável de novo. Pequena demais pra me defender como sempre.
-qual é lobinha? Não vai agora não... Porque você não vai pra minha casa? Lá vamos poder conversar como fazíamos antes
Era impressionante sua ironia, eu quase acreditei que sua proposta era séria. Mas depois ele sorriu quando viu que eu estava quase caindo nisso de novo.
Segurei a vontade de chorar feito idiota.
-você continua ingênua
Dessa vez eu deixei ele brincar com meu cabelo e eu só fiz abaixar os olhos e me render de novo. Eu era tão fraca que ele só precisava brincar com meu cabelo pra mim desistir tão fácil assim sem ao menos lutar.
-quer outro abraço? Eu tava com saudade
Ele abriu seus braços e sorriu pra mim, isso era algo que eu nunca poderia recusar na minha vida. Então eu me aproximei dele e o envolvi com meus braços colocando minha cabeça de frente para seu peito. E ele me fez carinho no cabelo me deixando feliz porque isso era uma coisa que eu adorava quando ele fazia, mesmo que essa seja a primeira vez que ele faz isso comigo.
-então...? Vamos pra casa?
Balancei a cabeça concordando e o acompanhando quando ele começou a andar. Ele ainda tinha seu braço envolvido na minha cintura quando resolveu começar uma conversa.
-seu resultado... Eu fiquei mesmo curioso pra saber oque deu
Ele riu baixinho parecendo ter cuidado para falar comigo agora. Pela primeira vez eu desconfiei de que ele estivesse com vergonha de mim, ou desconfortável.
-não deu nada... Eu tenho raça pura
Me deu um certo orgulho quando disse isso em voz alta para ele. Quase sentir que ele ficou admirado com isso quando balançou a cabeça concordando com alguma coisa.
-e você? Sabe se tem raça pura também?
-eu não sei de nada sobre mim... Minha mãe era uma gata também, mas antes dela me abandonar, não me lembro de nada que ela tenha falado sobre meu pai
Ele respondeu rápido demais como se escondesse alguma coisa. É claro que ele está escondendo alguma coisa. Mas talvez ele me conte quando chegarmos na sua casa.
Era estranho demais depois de tanto tempo estar aqui com ele como se nada tivesse acontecido. Ele é um gato traidor que não sente nada por mim, que já me entregou para aquelas pessoas só pra se livrar de mim e disse na minha cara que só queria que eles me deixassem longe dele. Mas agora eu não consigo sentir a raiva que ficou acumulada em mim durante todo esse tempo que fiquei sem notícias dele.

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