Capítulo 40 - Era só um sonho, agora é um pesadelo.

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Eu acordei sentindo algumas gotas de água caindo no meu rosto. Passou pela minha cabeça que podia ser chuva, mas quando abrir os olhos, dei um tapa na mão de Robert e me levantei meio confusa com a situação.
-que droga!
Rosnei secando meu rosto com minha blusa, e depois me lembrei do meu sonho. Foi um sonho...? Mas porquê? Era tão real... Ele dizia coisas tão lindas. Eu inventei seus amigos também? Eu inventei nossa noite sozinhos naquela barraca? Como meu cérebro pôde fazer isso comigo?
-ai... Nossa oque foi?
Ele estava massageando sua mão sentado do meu lado. Eu olhei pra ele e depois tentei entender oque havia acontecido. Ainda estávamos sobre a toalha, ainda estávamos perto daquele rio que pensei que já estivéssemos bem longe! Aquilo parece que tinha sido apagado da minha vida. Evaporou! O vento levou... Mas era tão perfeito. Mas claro que era bom demais pra ser verdade. E agora eu desejava mais que nunca chegar nesse acampamento e fazer aquilo acontecer.
-eu... Me desculpa, eu machuquei você?
-não... Só quase quebrou minha mão
Ele reclamou ainda massageando sua mão me olhando confuso. Esse Robert era tão diferente do meu sonho. Parece que foi uma realidade invertida em uma fantasia que conseguir criar enquanto dormia. Tão estranho... Parecia real. Será que não dormirmos no acampamento e ele me trouxe pra cá de novo?
-ainda parece cansada
Ele observou me olhando com a cabeça meio torta me estranhando. Eu acho que não devo contar nada a ele, se eu quiser que se realize preciso manter em segredo. Mas as lembranças do nosso beijo ainda estava muito claras na minha cabeça me torturando e dizendo que nada foi real. Então mandei minha cabeça calar a boca.
-melhor nos continuarmos, já está quase escurecendo
Apontei para o sol começando a se esconder atrás das árvores depois do rio. Eu ainda me sentia cansada, mas eu só queria chegar logo. Queria saber como é lá de verdade já que inventei tudo aquilo. É tão esquisito ir num lugar que eu já estive em um sonho.
-tá bom... E você aproveita e me explica porque disse "sinto muito" e "você é perfeito" enquanto dormia
Arregalei os olhos e senti meu rosto ficando vermelho quando ouvi ele dizendo isso de uma forma que me fez querer me enterrar de vergonha. Eu não sabia oque dizer... Eu falava enquanto dormia...? E ainda disse "você é perfeito"? Oque deu em mim? Oque exatamente acontece comigo quando durmo?
-não precisa se envergonhar... Também te acho perfeita
Ele sorriu pra mim me deixando um pouco mais calma. Mas isso continuava ser um problema. Ele não deve ter escutado só isso de um sonho tão longo. Com certeza me esconde alguma coisa por causa desse sorrisinho bobo na cara.
-então, já descansou? Ou quer que eu carregue você?
Seria uma boa ideia se eu fosse tão folgada assim. Mas não... Acho que prefiro andar.
-não obrigado, eu quero andar
Falei meio desconfiada e me levantei o ajudando a guardar as coisas e colocando tudo dentro da sua mochila. Descobri que a minha estava lá dentro também. Então a tirei de lá e a coloquei nas minhas costas.
-deixa eu levar pra você, não quero que carregue peso
-eu não me quebrar por levar uma mochila nas costas Robert
Dei de ombros e passei na sua frente deixando ele lá atrás em silêncio e confuso, talvez eu esteja sendo meio grossa com ele. Mas não consigo me sentir calma ou feliz depois de ter tido um sonho perfeito que não era realidade.

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Caminhamos por hora e eu tava quase pedindo a ele que me carregasse mesmo, ele insistiu em levar minha mochila, então eu acabei desistindo. Já estava quase de noite, a tarde era amarela de novo com um pôr do sol lindo atrás das copas das árvores altas. Eu observava aquilo distraída quando tropecei e acabei me apoiando em uma planta com caule espinhoso. Eu gemi de dor e na hora sentir a palma da minha mão coçar e arder.
-ha não Leah... Essa planta é venenosa
-oque!?
-calma... Se você tiver sorte, ela só pode causar febre... Mas passa rápido, e acho melhor nós chegarmos logo no acampamento
Eu fiquei com medo disso piorar ainda mais. Mas procurei me apressar, minha mão já estava quente e coçando demais, o lugar que o espinho espetou, já estava vermelho. Isso não pode ser coisa boa... Porque essas coisas acontecem comigo?
-tenta ficar calma, fazer o sangue circular mais rápido só piora, então se ficar nervosa... Seu coração acelera e seu sangue circula duas vezes mais rápido
Quanto mais ele falava, mais me sentia pior ainda. Eu comecei a suar frio e de repente me sentir tonta. Não demorou muito para meu estômago começar a revirar e minha boca ficar com uma quantidade de saliva anormal. Não aguentei mais ficar andando rápido acompanhando seu ritmo e parei me apoiando numa árvore e olhando para cima tentando não vomitar.
-Leah...? Quer vomitar?
Balancei a cabeça negando e mentido também. Eu estava péssima, não era hora de mentir pra ele.
-vem cá, temos que chegar logo...
Ele se aproximou de mim e me pegou nos braços como se eu pesasse um kilo. Isso só pirou minha vontade de vomitar. Aqueles sanduíches estavam revirando na minha barriga querendo subir para minha garganta. E o balanço que ele fazia só estava ajudando meu enjôo.
-meu Deus lobinha, você está branca!
Ele tentava brincar nesse momento de desespero. Mesmo assim ele não conseguia perder seu humor.
-para de balançar tanto...
Assim que eu abrir a boca pra falar isso, aquilo subiu completamente e só deu tempo dele me soltar e eu correr para longe colocando tudo para fora de uma vez. Era horrível essa sensação, eu só conseguir parar porque olhei pra cima de novo e tentei controlar minha respiração e a quantidade de saliva que saía da minha boca.
-vamos... Você precisa se deitar e precisa de um chá também
Ele envolveu seu braço na minha cintura e me puxou para continuar em um ritmo mais calmo agora.
Depois de já ter vomitado, eu estava um pouco melhor, mas minha cabeça doía e eu me sentia tonta sem capacidade para andar direito. Minhas pernas estavam moles demais, eu me jogava de um lado para o outro e em cima dele também.
-vamos lobinha... Já está perto

Pequena Loba curiosa.Where stories live. Discover now