E então ele me pegou em seus braços, minhas pernas rodeando sua cintura, Will me beijou e eu estava no paraíso.

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Entrei na escuridão do quarto nas pontas dos pés, até mesmo segurando a respiração, e deitei-me no colchão. Esperei um momento e quando nada aconteceu, suspirei aliviada.

- Onde você estava? - a voz de Anabella soou e eu congelei. Droga de suspiro, será que foi tão alto? Talvez eu devesse ter segurado a respiração até que ficasse roxa e morresse. Porém, eu poderia jurar que isso estava acontecendo agora, eu estava roxa e morrendo, mas de vergonha. O que eu poderia falar? Eu invadi o quarto do seu irmão a noite e nós... 

- Estava tomando banho - e que banho. 

Lembrei-me das mãos de William em cima de mim, esfregando minhas costas e seus cabelos molhados enquanto eu os escovo para trás com meus dedos. E eu sonharia com aquele corpo nu o resto da minha vida. Eu não tinha muita experiência sexual, aliás, não tinha nenhuma, e não tinha feito um rodízio de homens, mas eu doaria um rim se eu encontrasse alguém melhor do que William. Ele tinha um corpo feito para o sexo, peito e costas largas, uma barriga que passaria inveja em um tanquinho, uma bunda perfeita, e sua parte da frente era... bem, dizer que era generoso seria um eufemismo. E Will sabia o que fazer com ele. 

- Banho? - ela sentou e ligou a luz. Fiz o mesmo e para minha alegria, eu tinha meu cabelo molhado como um álibi para o que eu dizia. 

- Sim - respondi inocentemente. 

- Tudo bem então - Ana olhou para o relógio e grunhiu - está cedo ainda, volte a dormir, Lucy - mas isso seria impossível. Toda vez que eu fechava os olhos, cenas do que ocorreu anteriormente invadia meus pensamentos. 

- Mas se não conseguir, vista alguma das minhas roupas - ela acrescentou, como se pudesse ler minha mente. Vesti um short e uma blusa regata, desci as escadas e a casa estava em um silêncio profundo. Quando cheguei na cozinha para tomar uma água, encontrei Will de costas apenas em sua boxer.

- Não deveria andar assim por aqui - murmurei enquanto me aproximava e rodeava-o com meus braços pelas costas. Senti seu sorriso quando ele falou.

- Se eu não posso ficar assim em minha casa, não sei onde eu poderia - comentou e virou-se para me encarar. O soltei, mas ele me agarrou, me abraçando pela cintura e me puxando para ele.

- Não deveríamos ficar assim - murmurei.

- Por quê? Minha mãe não está.

- Sabia que você é o único homem nessa casa? E que está cheia de mulheres? Não deveria ficar andando assim - repeti o que eu disse anteriormente. 

- Você não gosta do que vê? - perguntou e eu ri, até que uma voz soou atrás de nós. 

- O que está acontecendo aqui? - nós dois olhamos juntos para encontrar Nina parada na porta, seus olhos arregalados e seu lábio inferior tremia.

Nós dois permanecemos imóveis e em silêncio. Oh, ela estava chorando?

- Então foi por isso que você me dispensou? Para receber essa vadiazinha na sua cama? - ela disse, apontando para mim com a cabeça e meus nervos começaram a reagir com sua palavras. William deve ter sentido a tensão em meu corpo e envolveu mais firmemente seus braços em torno da minha cintura.

- Nina, controle-se - ele grunhiu e ela riu sardonicamente, seus olhos vermelhos pelas lágrimas. Ela se aproximou de nós e eu me controlei para não esbofeteá-la. 

- O que ainda está fazendo com ela, Will? Você já conseguiu o que queria - Nina falou e senti minha mandíbula apertar - sou eu quem você quer, sei tudo sobre você, cada interesse seu - ela estava ainda mais nos cercando e como eu estava do lado de William, Nina alcançou seu peito nu com um dedo - eu conheço cada linha do seu corpo Will e isso é uma coisa impossível de se esquecer. Eu fui a única mulher que esteve com você mais do que uma transa qualquer. Ela espalmou a mão em sua barriga e eu procurei a faca mais próxima para amputar esse seu membro caso ela não se afastasse agora; entretanto, Will facilitou as coisas para mim e tirou sua mão de cima dele. 

- Lucy, poderia nos deixar a sós um instante? - ele perguntou, sua voz mais calma do que ele parecia estar. Acenei com a cabeça, ele me soltou e eu pude ouvir sua voz assim que dei um passo longe.

- É melhor que se vá, vadia - Nina apenas murmurou mas eu ouvi. Então me virei e dei um murro no seu rosto com uma força que eu nem sabia que tinha. 

Haviam poucas coisas que eu já havia feito em minha vida antes que eu fugisse de casa e brigar com certeza não era uma delas. Essa foi a primeira vez que eu realmente perdi a calma, mas acalmei-me dizendo-me que foi por uma causa nobre enquanto eu saía do cômodo. Will escolheu o caminho mais seguro, permaneceu calado. Porém, devo admitir que fiquei um pouco decepcionada, eu realmente queria que ele dissesse algo. Então, Nina largou o pano e aproximou-se ainda mais dele, posicionando-se em frente a ele.

- Will, nós fomos feitos um para o outro - ela começou, tocando seu rosto e eu queria irromper no lugar e quebrar um vaso em sua cabeça. Ô mulherzinha maldita, tire as mãos de cima dele. Nina suspirou e parecia pensar várias vezes em suas palavras - eu te amo, sempre o amei. Eu fiquei destroçada quando você foi embora e pensei que fosse apenas uma fase, que logo passaria e tudo ficaria bem. Mas quando nos reencontramos, acendeu a chama que havia se apagado há alguns anos e eu percebi que não iria passar assim. Você foi meu primeiro e único amor, Will, e eu sei que fui sua primeira mulher, passamos bons tempos juntos, não é possível que não sinta nada quando estamos assim, pertinho um do outro. 

Ele estava com a cabeça baixa para olha-la, o que facilitou quando ela colocou-se na ponta dos pés e o beijou levemente. Gelo corria em minhas veias e eu queria fugir dali, queria sair dessa casa e nunca mais voltar. Então, enquanto eu estava em um torvelinho de pensamentos, Will a afastou pelos ombros. 

- Vai me dizer que não sentiu nada com isso, Will? Vai me dizer que não sente nada por mim, que não o atraio? - ela soltou. 

- Sim Nina, você foi a primeira mulher que eu beijei, a primeira que eu transei, passamos momentos agradáveis juntos e porra, eu sou homem, é claro que você é atraente para mim - ele disse, soltando seus ombros e se afastou, passando a mão em seus cabelos loiros - mas você quer coisas que eu não posso te dar. Eu não vou estar na sua cama todos os dias, eu não vou fazer amor com você, algo que, para mim, eu nunca fiz com mulher alguma e...

- Nunca fez? - ela o interrompeu - como assim nunca fez?

- Para mim todas as vezes foram apenas sexo, nada mais do que isso - disse sucintamente - e eu não vou enviar-lhe flores, bombons, cartões românticos e essas besteiras todas. 

- As coisas podem mudar - ela murmurou. Ele respirou fundo, como se assim pudesse conseguir calma e quando ela começou a falar novamente, virou-se para encara-la. 

- Eu não te amo Nina - berrou, assustando a nós duas - eu não estou aberto a relacionamentos, nunca estive. Talvez você conhecesse o garoto que eu era, mas não o homem que eu me tornei. Então, se uma mulher quer uma transa sem sentido, é para mim que ela vem, mas se estiver procurando o "cara certo" que lhe proporcione o futuro que todas vocês sonham, não sou o cara indicado. E eu realmente não quero isso para você, então é melhor que me esqueça. 

Ele começou a partir, mas ela segurou seu braço e eu não fiquei para ver o resto. Corri para cima com o máximo de cuidado que consegui juntar para não ser ouvida e entrei no banheiro. Encostei minhas costas na porta de madeira e suas palavras rondavam minha mente, tirando-me o ar. Lembre-se como respirar Lucy, lembre-se como respirar, eu me advertia. Eu sabia que William não pensava em relacionamentos, mas ouvir de sua boca tais palavras afundaram meu coração. Eu queria desistir dessa ideia estúpida que eu havia plantado em minha cabeça, eu queria esquecer as malditas palavras de Steven e arrancar fora seus testículos para mostrar como ele estava errado sobre Will e, mais do que nunca, queria voltar para casa. 

Will era como um cavalo selvagem, nunca seria domado e domesticado; mas apenas o pensamento do desafio atiçava-me como fogo em uma lareira. Eu deveria ter tomado conta de suas palavras, mas havia apenas um pensamento em minha cabeça: e se comigo fosse diferente? Talvez não agora, talvez não daqui um ano. Ou talvez isso ocorresse apenas quando as vacas começassem a voar. Ouvi passos subindo a escada e a voz de Nina era tão alta que eu consegui ouvi-la quando disse: 

- Eu não vou deixar isso para lá, William, eu vou fazer você perceber que eu sou a única para você. Sempre fui.

ღ Perigosa AtraçãoWhere stories live. Discover now