- Parece que a porta está bloqueada - alguém ao meu lado falou.

- Então nós vamos desbloquear essa merda - falei, decidido a fazer alguma coisa.

- Eles reduziram nossas coisas e nós ainda vamos ajudar esses desgraçados? A Cúpula que se vire - alguém soltou o pensamento no ar e eu pude ver os rostos a minha volta começando a concordar com aquilo.

- Não sejam idiotas, não é a cúpula se fodendo aqui embaixo - reconheci a voz de Liz e senti um grande alívio - Deixem o garoto aí trabalhar na porta e se vocês prezam o traseiro de vocês, ou fiquem para ajudar, ou saiam daqui e parem de atrapalhar.

Ela se aproximou enquanto boa parte dos soldados ali subiam as escadas, mais do que eu esperava ver. A situação não estava das melhores...

- Espero que você tenha um bom plano para arrebentar essa porta, bonitão. Elas não são reforçadas assim a toa - Liz falou baixo ao meu lado, tentando evitar que outros ouvissem

- Eles não queriam manter as pessoas aqui dentro e sim fora - foi o que respondi enquanto arrancava a camiseta e enrolava na mão.

Em todo andar tinha um machado e um extintor, não era comum a entrada nas escadas serem liberadas pelo sistema, por isso as pessoas confiavam que ninguém iria roubar algo do tipo sem ser pego antes do pensamento passar pela cabeça.

Soquei o vidro que protegia o machado e então afastei Liz enquanto trabalhava forte para arrebentar as ligas da porta.

O suor pingava no meu rosto. Eu perdi as contas de quantas machadadas havia dado, mas no final das contas, consegui arrebentar o bastante da porta para poder desencaixar ela com ajuda de alguns homens ali.

Cada homem e mulher atrás de mim correu em direção ao seu armário quando a passagem foi liberada. Depois que cada um havia se protegido, eu fiz o que achei que devia e organizei sete esquadrões com vinte homens em cada. Não tinha o que fazer, ou íamos resolver a baderna, ou a coisa seria muito pior.

A única rebelião que eu me lembrava foi resolvida com mão de ferro e a quantidade de gente morta sem necessidade foi tanta que a equipe médica ficou durante um dia inteiro limpando o lugar para que nenhum corpo ficasse para trás ou fosse comido. Sim. A cidade em pé já teve um grave caso de canibalismo e eu não queria ver aquilo de volta.
Depois de contar com Liz para distribuir bombas de gás e armas de choque caso precisássemos, subi com os esquadrões por uma das portas que davam as costas ao prédio e ao abrir aquilo, percebi que a coisa seria muito pior do que eu imaginava.

Civis armados eram um problema, civis rebeldes, enfurecidos e armados eram piores. As ruas estavam cheias de gente, uns tentando se esconder, outros quebrando e saqueando barracas que eram feitas de pano. Nem sei quantos eu imobilizei e desacordei, mas com muito custo, conseguimos atravessar um bom caminho até entrar no prédio.

O problema estava ali, a concentração de rebeldes gritava e causava caos enquanto os soldados tentavam conter aquele povo de entrar nos elevadores ou ter acesso as portas que levavam as escadas..

- Por que eles não estão usando bombas de gás? As nossas acabaram na metade do caminho - Liz disse ofegante ao meu lado.

- Olhe os rostos, estão de máscara - eu não acreditava que alguém havia roubado lá de baixo, não havia como aquilo ter vindo de outro lugar que não fosse do EDCP.

- Precisamos ajudar, mas como? - Liz fez o melhor questionamento e logo em seguida, ele foi respondido ao som de armas disparando.

Eu confesso que se não estivesse preparado para ver um corpo cair sem vida, provavelmente vomitaria. O que eu não estava preparado para ver era o exército da igreja atirando e tirando vidas como se elas não fossem nada.

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⏰ Last updated: Jul 01, 2017 ⏰

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AZAHRA - A cidade do céu (EM PAUSA)Where stories live. Discover now