POV MYA - PARTE 1

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Vocês são fodas! Eu falei que se chegasse em 5.8 ia postar o POV da Mya e eu achei que não ia chegar tão cedo IJDFOIAJS então aqui vai a primeira parte. Espero que quem ainda não ama essa criatura, aprenda amar depois disso IJOAISJDOASIJD 

Se você ainda não tá no grupo do whatsapp, corre pq tá perdendo. Lá rola de tudo, desde spoiler e discussão da trama, até conselho amoroso e indicações de livros. PS: Provavelmente o POV inteiro vai com uma unica música, a mesma que eu escutei pra escrever, então é bom cês gostarem de Katy Perry amor da vida <3
Por favor, não esqueçam de votar e comentem bastante OIAJSDOASIJ 
Beijos da Zoe, ótima leitura <3


RISE - KATY PERRY

Eu não sabia pra que merda meu pai havia dito que me queria pronta logo cedo, mas a verdade é que eu não havia pregado o olho. 

O sol já havia nascido e iluminava toda a sala pelas janelas enormes. Eu estava vestida com um camisetão e havia deixado meu cabelo com as tranças tortas que a pequena Mary havia feito. A garota tinha apenas seis anos e enfrentava tudo e todos para cuidar do irmão mais novo doente, fui atrás dos responsáveis e como a maioria das crianças dali, não havia registro do nome do pai. A mãe já havia morrido.

Meu estômago revirou, felizmente eu não havia comido ou bebido, então não havia nada para colocar para fora.

Eu estava com os pés em cima do sofá de couro preto, abraçada aos meus joelhos enquanto observava o céu. A sala a minha volta tinha as paredes em um azul claro marmorizado, uma TV enorme, que estava desligada, pregada na parede e um aparador cheio de fotos e bebidas. O tapete fofo era de um bege claro que mal contrastava com o piso de cimento queimado. A sala de jantar ficava do outro lado, com uma mesa enorme de madeira, doze lugares que as vezes não bastavam para a quantidade de gente que meu pai chamava para seus jantares.

Ele achava que entendia de arte, mas tudo o que havia pendurado nas paredes de casa eram quadros que minha mãe havia escolhido. Nós não tínhamos cozinha, tudo o que era nosso descia da cozinha da Cúpula e nós podíamos montar um cardápio para os jantares que eles seriam entregues e servidos pelo mesmo pessoal que preparava.

Levantei e me espreguicei, respirei fundo antes de ir para o banheiro para tirar o cansaço do corpo junto com o cheiro de morte. Meu pai já havia desistido de me impedir de ir até o hospital do nível 1, durante um tempo ele havia colocado soldados da guarda na porta de casa, então na minha primeira oportunidade de fuga, eu sumi por dias.

Foi assim que conheci Ella. Ela estava no refeitório, me ofereceu parte da refeição dela e começamos a conversar. Quando eu falei que não tinha onde ficar, ela ofereceu sua casa e me abrigou por duas semanas.

No começo eu achei que ela estava sendo apenas educada comigo quando dividia a cama e fazia carinho nos meus cabelos, mas em uma das noites ela avançou para me beijar e tudo o que eu fiz foi deixar, não só como pagamento por estar ali, mas porque eu queria aquilo. Foi confuso no começo, porque apesar de estar com uma garota, eu ainda achava os homens atraentes. Ella se tornou minha amiga, meu esconderijo e meu segredo.

Quando percebi que poderíamos ser pegas e entregues na mão de algum padre, eu voltei pra casa. Aquelas duas semanas não tinham apenas me mostrado que eu era diferente por gostar de alguém do mesmo sexo, mas eu assisti o dia a dia de gente que trabalhava muito, comia pouco e não tinha nenhum conforto. "São assim que as coisas são" meu pai dizia, Abraham também, desde então eu não o chamava mais de tio, nem me misturava com as outras crianças da Cúpula. Todos estavam sendo treinados para não se importarem.

Eu tinha dezesseis quando isso aconteceu, mas ainda via Ella, e quando meu pai fazia alguma coisa absurda, como no último mês que não mandou nada mais que duas caixas de medicação para o nível um, eu revidava me expondo e fazendo ele rebolar para me livrar da consequência.

Meu pai nunca deixaria nada me acontecer, eu era a cópia de minha mãe e a única memória viva que ele tinha dela.

Quando entrei no banheiro, encarei minha cara no espelho e vi as olheiras que se instalavam sob os olhos, talvez eu precisasse dormir um pouco essa tarde, mas precisava voltar ao hospital. Havia prometido para Mary que levaria seu jantar e do irmão.

Me arrastei para debaixo do chuveiro e chorei, estava cansada de tentar fazer o certo quando ninguém ligava, estava mais cansada ainda de ver todo o caos da noite passada sabendo de quem era a culpa. Assim que fechei o chuveiro, as lágrimas também pararam de descer.

Eu estava pronta as quatro e quarenta e cinco, quando a equipe da cozinha entrou com o café da manhã.

- Bom dia Mya, dormiu bem? - Arthur perguntou. Ele era loiro, com os cabelos bem curtos e os olhos azuis intensos, quase no mesmo tom dos de Ezra.

Suspirei ao lembrar do soldado.

- Tudo certo por aqui - tentei sorrir e fui até ele ajudar com a bandeja - e você?

- Bem também. Mande um alô ao seu pai - Ele terminou de ajeitar a mesa do café e se foi pelo elevador.


- Bom dia querida - Meu pai apareceu, vestido em seu terno apertado, coçando a barriga e bocejando - Hoje será um grande dia! - ele anunciou ao se sentar.

Eu sentei ao seu lado e adocei meu suco.

- É mesmo? - sorri de modo irônico - Por quê?

- O teste de patentes começa hoje e seu tio quer nossa presença lá, inclusive a sua.


De repente minha fome havia passado.

AZAHRA - A cidade do céu (EM PAUSA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora