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Gente, o grupo do whatsapp tá demais,
 se eu fosse você deixava o numero aqui e entrava nessa <3
Boa leitura :3

Kiss - Forever

No elevador o silêncio ficou constrangedor, Mya sorria assim como eu, mas não havia como conversar dentro do cubículo cheio.

- Bom, você vai subir? - perguntei.

- Posso almoçar com você? - Ela parecia incerta.

- Acho que depois de tudo o que aconteceu hoje, você não precisa nem mesmo pedir.

A garota sorriu com minha resposta e pegou na minha mão quando saímos no refeitório.

Assim que passei a bandeja para ela notei que a garota estava chocada ao ver como nossa comida havia sido limitada.

- A quanto tempo isso está acontecendo? - ela perguntou

- Pouco tempo, fiquei sabendo que os carregamentos não estão chegando como deveriam - falei baixo para ela, que fechou a cara enquanto se servia de batatas e uma grande quantidade de coisas verdes, enquanto eu enchi meu prato de carne e massa.

Achamos uma mesa mais afastada, o pico do almoço já havia passado e o lugar, apesar de movimentado e cheio, não estava lotado.

- Escolha interessante - indiquei o prato dela que não era pequeno, mas cheio de verduras.

- Eu não como carne, já tem alguns anos. Minha mãe me acostumou assim quando pequena e eu não vi necessidade de mudar isso, mesmo depois que ela morreu.

- Nós não sabemos muita coisa um do outro, não é? Acho que é um bom começo...

- Também acho, você pode começar me contando sobre sua amiga do vídeo - ela falou e logo enfiou comida na boca, não me dando chance de mudar o rumo da coisa.

- Bom... - apoiei os braços na mesa, pensando como contar minha relação com Vitta - Eu conheci Victória aos dezoito. Ela trabalha em um bar, você não deve conhecer - não conseguia olhar no rosto da garota e comecei a brincar com a faca - Vitta é prostituta e foi minha primeira e única, até agora - me atrevi olhar rapidamente para a garota que parecia ganhar cor nas bochechas - Ela é uma amiga muito querida, mas nos últimos tempos a coisa não era... o de sempre? - fiquei em dúvida se aquilo encaixava direito no que eu queria dizer - Quando fui ao hospital naquela noite, do vídeo, eu estava indo ter a conversa definitiva, dizer a ela que eu estava conhecendo alguém e que queria tentar.

- Então, de repente seu pau voou das calças pra dentro dela? - Ouch! Fiquei envergonhado de ouvir aquilo sair tão natural da boca da garota a minha frente.

- Não foi bem assim - encarei os olhos verdes que me pressionavam - Ela pediu uma ultima vez, era para ser um beijo, mas quando vi algo a mais havia acontecido.

- E você não sentiu nada? - Um tiro atrás do outro.

- Senti. Seria mentira dizer que não Mya - eu finalmente consegui colocar alguma comida pra dentro e fiquei observando a expressão da garota que parecia cortar um pedaço de brócolis com mais força do que deveria, a faca aranhou o prato e fez um barulho horrível.

- Sua comida não tem culpa disso - a garota largou os talheres e me olhou - Eu disse que senti. São mais de cinco anos com ela fazendo parte da minha vida, ainda mais tendo a relação que temos. Mas depois de hoje, tudo virou de ponta cabeça - A garota me olhou sem entender - Mya, o que você fez por John, mesmo depois do que me viu fazer, só prova que eu não estava errado sobre querer ficar com você. Não vou mentir e dizer que Vitta não tinha importância, porque teve e eu sinto muito por você ter visto aquilo, ainda mais na situação em que estávamos. Mas se você quiser, se você realmente quiser ficar comigo mesmo com todos contra, eu estou disposto a enfrentar o que precisar pra fazer isso dar certo.

Mya ficou em silêncio por algum tempo, me olhando enquanto mordia a parte de dentro das bochechas e tamborilava os dedos na mesa.

- Sabe porque eu estava no hospital aquele dia? Dando banho em Victória? - fiz que não com a cabeça e ela desviou os olhos - Quando li na ficha que ela era sua namorada, tudo o que eu queria ver era se ela era mais bonita que eu, se eu podia competir com ela. Rídiculo, não? - Eu não me contive e comecei a rir - Não ria! - ela se esticou para me bater.

- Mya, não é por beleza - eu segurei sua mãos - Se você fosse o que é, porque eu te acho bonita, mas não tivesse feito nada do que te vi fazer até agora, tudo o que eu ia ter por você seria desprezo. Você nasceu e cresceu lá no alto - indiquei com o dedo - e mesmo assim fica aqui embaixo tentando amenizar as cagadas do teu pai. Por Deus Mya, você roubou medicamento para ajudar alguém que você nunca viu na vida! Tem ideia de que eles podem te jogar pra fora daqui? E mesmo assim, você não me parece arrependida em nenhum segundo. Como eu poderia evitar o furacão de olhos verdes que parece me perseguir quando eu menos espero? - Os olhos da garota estavam cheios d'água e ela segurava um sorriso conforme o rosto ficava vermelho pelo esforço de segurar o choro.

- Então isso é sério, e volto a repetir. Se você escolher ficar comigo, eu escolho ficar com você - terminei meu discurso sabendo que aquela era a decisão certa.

- Ezra, eu... - uma lágrima grossa rolou no rosto da garota, mas antes que ela pudesse falar qualquer coisa, o alarme soou alto.

Nós nos levantamos.

- O que está acontecendo? - ela tapou os ouvidos enquanto olhava em volta, assustada.

- Não tenho ideia - tentei gritar por cima do barulho. As sirenes pararam e a voz robótica avisou pelo sistema de som.

- Atenção soldados, código A39. Código A39.

- O que isso quer dizer? - Mya perguntou, olhando para mim assustada.

- Rebelião - respondi puxando a garota para fora dali.

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AZAHRA - A cidade do céu (EM PAUSA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora