Vinte e Sete♡

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Abriu os olhos preguiçosamente, ainda sentindo o corpo cansado, implorando por mais algumas horas de sono. Estava de costas para a janela, mas podia perceber a forte claridade que entrava por entre as brechas da cortina. Quando conseguiu manter os olhos abertos, viu que o relógio no criado mudo ao seu lado marcava quase dez da manhã.
Reparou pela primeira vez no lençol branco que a cobria quando um corpo se mexeu ao lado ao seu. Não conseguia vê-lo, mas sabia que ele estava acordado e a observava.
Sentiu os dedos dele acariciarem desde a base das suas costas até a sua nuca, com tamanha delicadeza que o gesto poderia ter passado despercebido se ela não estivesse acordada. Suspirou, apenas para confirmar que já estava acordada, mas duvidava que ele ainda não soubesse disso. Novamente os dedos a tocaram, dessa vez desenhando a curvatura de sua cintura e depois seu ombro. Cada toque queimava sua pele, fazia com que algo dentro dela despertasse do que parecia ter sido um longo sono.
A mão dele espalmou suas costas, deslizando sensualmente até sua barriga, por debaixo do lençol. Prendeu a respiração quando os dedos dele, ainda mais ousados que antes, dedilharam a pele embaixo do seu umbigo. Quase não foi capaz de conter um gemido quando o corpo dele colou no seu. Ela estava nua e sabia que ele também estava, a única coisa separando suas peles era o fino pano branco.
Seu cabelo, antes cobrindo seu ombro e suas costas, foi afastado e agora estava espalhado sobre o travesseiro. Encolheu os ombros ao sentir os lábios dele entrarem em contato com sua pele, agora ainda mais quente do que antes. Uma trilha de beijos até seu ouvido foi finalizada com uma mordida leve em seu lóbulo e um riso fraco e brincalhão.
Quando Harry tocou sua cintura, virando seu corpo para ele, não teve opção, senão ceder e encará-lo de uma vez. Deixou que ele encaixasse uma das pernas no meio das suas e se apoiasse no braço para que não largasse o corpo em cima do seu.
Os olhos dele, ainda mais transparentes que o normal, analisaram seu rosto com cuidado. Os dedos dele agora estavam perdidos em seu cabelo, enquanto o dedão acariciava sua bochecha. Perguntou-se por quanto tempo mais aquela tortura duraria.
Harry deixou que um sorriso quase imperceptível surgisse em seu rosto ao perceber a tensão no corpo da garota embaixo do seu. Seus rostos estavam tão próximos que podia sentir a ponta do nariz dela roçar no seu. Os olhos dela, vez ou outra, miravam sua boca, mas se desviavam rapidamente, talvez com medo de serem flagrados.
Mordiscou o lábio inferior dela algumas vezes, até prendê-lo entre seus dentes e o puxar, sentindo Lys corresponder, encravando as unhas em seus ombros. Os olhos dela ainda estavam vidrados nos seus, o desejo explicito neles. Deslizou a língua por entre os lábios entreabertos dela e ouviu um gemido de aprovação como resposta. Ela abriu a boca, deixando que sua língua encontrasse a dela. Quando ela passou os braços por seu pescoço, deixou que o peso de seu corpo caísse sobre o dela, fazendo-os estremecer com o contato.
Lys arranhou as costas do garoto enquanto sentia as mãos dele viajarem por seu corpo, deixando que a delicadeza fosse substituída pelo desejo. Sua pele antes quente, agora pegava fogo e desejava por cada vez mais contato. Ela não queria parar, seu corpo implorava por mais, mas algo em sua mente gritava, impedindo-a de ir mais longe.
- Harry. – Ela o afastou um pouco, empurrando-o pelo peito. Recebeu um olhar reprovador e confuso de volta. – A gente precisa conversar. – Foi necessário juntar mais do que coragem para falar aquilo. O pouco de contato perdido quando ele se afastou, já fez seu corpo esfriar.
Harry concordou, claramente sem dar atenção ao que ela havia falado. Enterrou o rosto no pescoço dela e distribuiu alguns beijos naquela área, deixando que suas mãos apertassem as coxas dela.
Lys gemeu, tanto em reprovação a falta de atenção dele, quanto num pedido por mais. Ela sabia que aquilo já havia ido longe demais. Eles precisavam conversar, havia muito a ser dito, não sobre a noite anterior, porque ela fora resolvida através de gestos que valeram mais do que quaisquer palavras, mas sobre o que iria acontecer a partir do momento em que ela saísse daquele quarto.
- Harry, por favor. – Implorou, lutando contra todo seu corpo que teimava em querer mais e mais.
- Ly, - Harry se afastou, apenas o suficiente para olhar nos olhos dela. – a noite passada valeu mais do que qualquer conversa que a gente possa ter. Nós dois sabemos o que ela significou e...
- Não é sobre a noite passada que a gente precisa conversar. – Insistiu.
- A não ser que você queira me dizer que vai voltar comigo pra Londres, eu, honestamente, não quero ouvir.
Lys o olhou, indignada.
- Então é isso? Eu venho até aqui, me humilho...
- Você se humilhou? – Harry aumentou um pouco a voz, saindo de cima dela e sentando na cama. – Fui eu que disse que não voltaria sem você, fui eu que impedi você de sair desse quarto ontem. O único que se humilhou fui eu!
- É, Harry, você é sempre o forte, o altruísta da relação. Eu sou a vilã, a cabeça dura. Fui eu que destruí nossa relação quando vim pro Japão, fui eu quem partiu seu coração, a culpa de tudo isso é minha! Por que você não fala isso de uma vez?
- Porque a única coisa que eu quero dizer é que eu te amo, e a única coisa que eu quero ouvir de você é que esses dois anos não mudaram seus sentimentos. Eu só preciso disso, - Ele apontou para a cama, para seus corpos nus. – foi só isso que eu desejei por quase dois anos. – Relaxou os ombros, derrotado. – Por que você precisa tornar tudo isso tão difícil?
Lys o olhou, confusa, ainda tentando absorver o impacto das palavras dele. Abraçou as pernas, sentindo o coração apertar e o nó na garganta incomodar. Observou Harry se levantar, pegar um maço de cigarros, um cinzeiro, e ir em silêncio até a janela.
Desde quando ele fumava?
O quarto permaneceu silencioso por longos minutos. Nenhum dos dois ousou quebrar esse silêncio, mesmo que ele falasse mais alto do que suas vozes minutos antes.
Ainda sem saber direito o que dizer, mas tendo certeza de que algo precisava ser feito, Lys se levantou e caminhou até onde Harry estava.
- Desculpa. – Sussurrou, abraçando-o por trás. – Não queria que a gente discutisse. – Beijou suas costas.
Harry permaneceu em silêncio, aproveitando a sensação agradável que o cigarro lhe dava e sentindo a garota distribuir beijos por suas costas e seus ombros. O corpo dela grudado no seu fazia com que seu sangue corresse mais rápido e sua pele esquentasse instantaneamente. Podia sentir os arrepios, e a forma como seu coração acelerava fora de controle chegava a ser patética.
Quando o cigarro estava no fim, amassou-o no cinzeiro, soltando a fumaça uma última vez. Lys permanecia abraçada a ele, o rosto quente colado na pele nua de suas costas. Pegou uma das mãos dela e a levou até os lábios, dando um beijo carinhoso em sua palma. Ela correspondeu apertando o abraço.
Harry segurou os braços dela e os afastou um pouco, apenas para poder virar de frente e encará-la. Os olhos sinceros dela não escondiam o arrependimento e a culpa por ter começado a discussão. Segurou seu rosto com as duas mãos e deixou as testas encostadas, adorava sentir as ondas elétricas que o atingiam cada vez que ela chegava perto demais.
- Você me desculpa? – Ela perguntou, de uma forma tão inocente que ele não pôde conter um riso.
- Não tem nada pra desculpar, foi uma discussão boba e sem significado.
Lys sorriu, sabendo que aquilo era verdade. Aquela discussão não significara nada, ela não iria conseguir estragar a noite que passaram juntos. Acordar ao lado dele havia sido a melhor coisa que acontecera desde que fora para o Japão e ela não conseguia mais se imaginar acordando de outra forma. Como poderia deixá-lo ir de novo?
- Eu te amo tanto. – Sussurrou, como se estivesse contando um segredo. Nos braços dele ela se sentia de novo uma adolescente indefesa, uma criança com medo do escuro.
Harry passeou os lábios pelas bochechas dela, sentindo a maciez de sua pele. Ainda não conseguia entender como passara dois anos longe dela, longe daquele corpo, daquela pele. Agora que ela estava lá, era como se aquele tempo não tivesse passado, como nunca tivesse havido uma despedida. Sabia que no dia seguinte teria que voltar pra Londres, e também sabia que ela não poderia voltar sem concluir o curso. Como poderia deixá-la ir de novo?
Seus lábios se encontraram num beijo sutil, delicado, cheio de ternura e inocência. Os dois ainda estavam com os olhos abertos, conseguindo ver seus reflexos na íris um do outro.
Harry abraçou a garota pela cintura e a levantou, fazendo com que ela cruzasse as pernas em sua cintura e os braços em seu pescoço. O caminho até a cama era curto, em questão de segundos eles já estavam novamente sobre o colchão, repetindo a noite anterior, sentindo novamente as emoções e se entregando sem restrições aos sentimentos que os dominava.

All She Dreams| H.SWhere stories live. Discover now