Diante Do Abismo (Part. 2)

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(S/N)
Quando me sentei ele estava lendo algum livro, até o jeito que ele virava as páginas me irritava.

- Sentiu saudades? - Disse ele sem tirar os olhos da página.

- Por favor, você não é o centro das atenções. - Disse colocando a raiva em minhas palavras.

- Garota, quem você pensa que é? - Disse dessa vez olhando pra mim.

- Olha aqui, eu não estou nem ai se você precisa ficar descontando sua raiva nas pessoas pois não consegue lidar com seus problemas, me deixa fora disso. - Disse com a raiva transbordando de mim.

Após ouvir aquilo ele levantou da cadeira com um pulo pegou meu braço, estava me machucando, me jogou na parede da sala e não me deixou sair. Seu rosto estava bem próximo ao meu, podia ouvir sua respiração.

- Agora você foi longe demais…

Antes que e ele terminasse eu senti aqueles pensamentos chegando, tudo em que eu pensava era trancar minha respiração até faltar ar em meu cérebro, e eu tentei, mas desmaiei antes de conseguir. Quando acordei eu estava em um dos quartos do hospital, estava com dor de cabeça e dores em uma de minhas coxas, provavelmente por conta da queda. Ainda meio zonza, percebi que tinha alguém perto da porta, era aquele garoto. 

- Não sabia que você era suicida. - Disse ele se aproximando.

- Como você sabe disso? - Perguntei assustada.

- Eu descubro tudo o que eu quiser, a hora que eu quiser. É bom saber disso. - Disse batendo a porta do quarto e saindo.

Ele é um babaca isso sim, ainda bem que desmaiei antes, pelo menos não tive que ficar ouvindo o que ele falava. A moça alta, morena que me atendeu na recepção, entrou no quarto, estava trazendo comida.

- (seu nome), o que aconteceu antes?

- Aqueles pensamentos vieram e eu desmaiei.

Ela me olhou com uma cara preocupada mas deixou a comida na minha cabeceira.

- Amanhã teremos uma atividade, então você deve estar na sala de recriações as 8:00 horas da manhã. Durma bem. 

Eu comi e fiquei tentando dormir pelas próximas duas horas seguidas , mas o máximo que conseguia era ficar me revirando na cama. Eu não queria ficar ali, então me levantei e caminhei até a porta e a abri, olhei o corredor e não tinha ninguém ali. Fui a té a sala de recriações, quando entrei estava bem clara por causa da luz da lua que entrava pelas janela. Fui até a estante pegar um livro, pois apesar de tudo, quando eu leio eu não tenho pensamentos suicidas. Procurei na estante, mas já sabia o que ler, um dos meus preferidos, Shakespeare. Sentei-me em uma das cadeiras e comecei a ler, estava entretida em meu livro quando ouvi um barulho logo atrás da sala onde estava, deixei o livro na mesa e fui conferir, havia um corredor ali atrás, comecei a caminhar por ele quando ouvi a voz de alguém, estava cantando, ou melhor, era rap. Eu reconheci aquela voz, apesar de estar diferente, era dele. Me aproximei da sala onde o ouvi e fiquei ali olhando ele cantar, suas rimas eram tão cheias de emoção, eu poderia ficar ali pra sempre ouvindo aquilo. Foi quando dei um passo mais perto da sala e tropecei em alguma coisa, fazendo barulho o suficiente para ele perceber que eu estava ali. De início ficamos nos encarando, sem saber o que dizer.

- Você não pode contar pra ninguém. - Disse ele pela primeira vez, assustado.

- Eu não vou. 

E ficamos nos encarando novamente, ele estava inseguro, nunca pensei que o veria assim, parecia que eu tinha avançado em algo muito pessoal dele.

- Isso foi incrível. - A frase escapou de minha boca.

Ele fez uma cara de “Você achou mesmo?” mas ainda assim ficou quieto. Até me fazer um sinal para que eu me aproximasse. Naquele momento eu não estava com raiva dele, eu queria ver mais.

- Você quer ver? - Disse ele um pouco envergonhado.

Apenas balancei a cabeça positivamente e ele começou, eu poderia ficar ali horas e horas apenas escutando ele, o timbre dele era tão lindo quando fazia rap, e o melhor de tudo, eu não estava tendo pensamentos suicidas, não ali, não com ele. Após ele terminar, estava com a respiração ofegante e parecia feliz, pois minha expressão demonstrava tudo, eu achei aquilo maravilhoso. 

- Você tem muito talento, sério. 

- É… obrigado, de verdade. - Disse envergonhado.

- Ah e, qual é seu nome mesmo? - Perguntei antes de voltar ao meu quarto.

- É Namjoon. - Disse ele sorrindo.

- Ah, então, eu já vou indo. 

Ele me segurou pelo braço.

- Não vai me dizer o seu? 

- Eu achei que você já sabia, já que descobriu que eu sou suicida.

Ele pareceu culpado quando eu disse isso, mas não disse nada, talvez ele fosse orgulhoso demais para admitir que falou besteira.

- Meu nome é (seu nome).

E sai dali, voltando depressa para meu quarto antes que alguém vá lá ou até mesmo antes que o dia amanheça. Eu dormi umas duas horas apenas quando o sol entrou pela minha janela, clareando o quarto. Os pensamentos suicidas começaram quando fui olhar a janela, pensei em me jogar, mas sai dali troquei de roupa e fui para a sala de recriações. Tinha bastante pessoas ali e claro, Namjoon também estava ali. Me sentei em uma das cadeiras da “rodinha” alí formada, Namjoon estava do outro lado, me olhando.

- Muito bem, estão todos aqui. Eu queria perguntar algo pra vocês, e queria que me respondessem com sinceridade. Vocês acreditam no amor?  - Disse a moça, com um bloquinho na mão.

Todos concordaram com a cabeça ou disseram sim um pouco alto mas  Namjoon deu uma risada baixa, fazendo com que todos olhassem pra ele.

 - Quer dizer algo sr. Namjoon?

- Amor? Isso é uma piada, o amor não existe, é só uma desculpa para as pessoas não se sentirem sozinhas.

Eu como uma fã de Shakespeare e como uma garota que acredita no amor, retruquei.

- Como você pode dizer isso? O que você acha que seus pais sentem por você? 

Ele olhou pra mim um pouco assustado, mas logo disse.

- O amor é uma ilusão, meus pais… isso é diferente.

- Diferente? Apenas se forem as maneiras de amar ou a pessoa, mas amor é amor. - Retruquei novamente.

- Como você pode falar de amor, sendo que você se mataria sem nem pensar nos seus pais?

Aquilo foi demais, eu realmente achei que ele era um garoto legal, que só era inseguro, mas não. Não aguentei, falei mesmo sem pensar.

- Você acha que o que você sente pelo rap também não é uma forma de amor, Namjoon?

Eu estava irritada e ele ficou tão irritado quanto eu quando ouviu o que eu tinha acabado de dizer, saiu em disparada pra cima de mim, me derrubando no chão e me prendendo os braços fortemente…

Continua.

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