- Lógico.
- Tem como parar de ser irônico? - bufo.
- Não. - ele ameaça ir embora novamente, e fecho a janela de madeira pra que pare de fazer isso sempre.
- Desculpa.
- Tá. - sua expressão não muda, eu esperava um sorrisinho. Acho que ele não está drogado dessa vez.
Uma vez, quando briguei com Alan, a minha mãe fez com que nos abraçássemos para fazermos as pazes - o que funcionou nos primeiros minutos.
Dou mais um passo em sua direção e rapidamente envolvo sua cintura com os meus braços.
Ele ofega e só eu o abraço durante alguns segundos, sentindo o seu cheiro quente e o coração acelerado no meu ouvido.
Sua respiração bagunça meus cabelos e faz cócegas na minha testa. Devagar, ele me contorna com seus braços e lentamente passo a ser envolvida pelo seu calor.
Eu arco, sentindo tudo em mim se aquietar. Minha respiração, sentimentos e pensamentos entram em perfeita harmonia. É como se o seu aperto firme esmagasse os pontos negativos em mim.
Quando eu estou mal e vejo o céu rosa para me acalmar, um alívio enorme faz com que eu me sinta melhor. Agora é como se o alívio visesse em dobro, triplo, e até os meus músculos se tornam relaxados.
O aperto com mais força, querendo que sinta o mesmo que eu. Passam-se minutos e é como se fossem poucos e eternos milésimos.
Nos afastamos por pouco mais que cinco centímetros e os seus braços caem nas laterais do seu corpo. Ergo a minha cabeça em sua direção, buscando ver se esse abraço teve nele o mesmo efeito que em mim.
Seu cenho está levemente franzido, e os olhos brilhantes fixados em mim. A sua resposta à minha pergunta e ansiedade é me puxar para o seu peito de novo, e enterrar a minha cabeça ali.
Sorrio e volto a abraçá-lo. O seu cheiro é suave e ao mesmo tempo marcante. Sua mão aquece o meu cabelo, que usa para me pressionar contra a sua camisa.
Quando os seus braços me envolvem novamente, o sentimento estranho volta e respiro pesadamente.
Eu não me lembro da vergonha que ele pareceu sentir e nem da loucura que fez, muito pelo contrário... é como se eu amasse esses motivos simplesmente porque cooperaram para que viéssemos parar aqui, abraçados sem nem ter um porquê.
Nos distanciamos outra vez, e logo quero voltar a sentir o seu calor, mas me controlo.
- Eu não sei porque fiz isso. Desculpa. - digo.
- Tudo bem, eu gostei. - eu espero um sorrisinho de novo, mas não tenho sucesso - Acho que valeu a pena ter vindo.
- Você não precisa ir embora agora. - ergue uma sobrancelha - Quer dizer... Eu sei fazer macarrão, voce pode experimentar.
- Mas eu ainda espero que você vá comigo no lugar onde eu queria te levar. - o meu sorriso é instantâneo.
Assinto e o chamo para me seguir. Saímos do quarto e passo os olhos pelos seus braços rapidamente, o que faz com que eu veja os seus machucados e me lembre deles.
- Espera. - me viro para trás e o impeço de continuar - Temos que cuidar desses seus ralados.
Ele confere os antebraços e força um sorriso.
- Está tudo bem. Eles não doem. - ignoro o que diz e, com cuidado, o puxo para o banheiro do corredor, que também é compartilhado por mim e Alyson, tendo porta para os dois quartos.
O faço se sentar no vaso, sobre a tampa preta. Confiro se está quieto onde o deixei e vasculho as gavetas à procura da maleta de primeiros socorros de Alyson.
- Belo banheiro. - ele zomba e o olho perplexa, mas sua careta mostra que está brincando e me permito sorrir.
- Foi a Alyson quem decorou. - isso explica as paredes cobertas por azulejos roxos e brancos, o vaso lilás, box e pia pretos e toalhas em vários tons de anil. Não é um banheiro comum, mas ela estava empolgada com design de interiores.
- Ian me disse que ela é apaixonada por aquitetura. - sua careta continua. Eu sei que a minha irmã será uma boa arquiteta, por mais que tenha nos dado um vaso lilás.
- Ela também decorou o do Alan. Ele nunca a perdoará por isso. - palavras dele.
Ele ri fraco e começo a limpar seus machucados.
- Você não se cansa de tantos machucados? - digo, me referindo ao seu rosto mercado por uma mistura de roxo, vermelho e inchaços. Além do rosto e dos nós dos seus dedos, agora ele tem machucados nos antebraços e palmas das mãos.
- Eles não doem. - diz simplesmente. O ignoro e limpo todos os seus machucados.
Nenhum deles precisa de curativos ou pontos, mas são profundos o suficiente para queimarem quando os limpo com álcool. Só que ele não reclama de dor, apenas me faz pensar que disfarça-a muito bem.
Quando termino de passar a pomada nos seus machucados das mãos, levanto o olhar para o seu rosto. Ele está me olhando atentamente, provavelmente desde que começou. Isso me causa um arrepio constrangedor, e meu coração desacelera aos poucos.
Eu me lembro do meu sonho e de quando o vi pela primeira vez. Isso faz com que eu saiba que não adianta tentar impedir que algo de ruim aconteça. Tudo pode acontecer depois que sorri para ele na biblioteca, porque é como se eu tivesse aberto algo em mim, que não conseguirei fechar nunca mais, e agora todos os sentimentos podem tomar conta de mim sem que eu consiga protestar e mandá-los para fora.
Quando ele pisca, tudo parece voltar ao normal e eu deixo de ficar ajoelhada no chão. Lavo as minhas mãos e o chamo para sairmos.
Nós saímos do banheiro e descemos para o primeiro andar em silêncio, desconfortáveis com o que aconteceu no banheiro e quarto. Não sei descrever o que senti.
- Você tem uma casa bonita. - ele elogia quando chegamos na cozinha.
- Não é nada comparada à sua. Bom, agora eu vou te ensinar a fazer macarrão.
- Estou ansoso por isso. - acena e se senta em uma das banquetas que rodeiam o balcão da cozinha.
Pego o pacote de macarrão no armário e passo a procurar uma panela que possa usar. Eu raramente cozinho, porque Alyson sempre faz isso com a minha mãe, as duas são apaixonadas por isso. Já eu só sei fazer macarrão e, bem... não funciono sob pressão.
Provavelmente vou assustá-lo com a minha comida.
Eu posso dizer que ele é o meu universo, porque mesmo sendo a que mais o conhecia, ainda assim sobrou uma parte escura dele que eu nunca conheci.
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a minha irmã derramou suco no meu notebook e ele tá estragado, por isso a infinita demora. eu tive q escrever pelo celular e é uma droga, por isso se encontrarem algum erro é só me avisarem.temos um grupo no WhatsApp q reúne todos os leitores de todos os meus livros. quem quiser entrar é só me falar <3 (com o número)
não posso responder os comentários agora pq ainda tenho que escrever A Fera, mas assim q der eu respondo. <3
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Asp. - Hiatus
RomanceVocê é o som da minha canção, é a calma dos seus braços, a dor das minhas feridas. Você é o meu sol. Seja o meu sol e eu serei a sua lua. Seja o meu eterno efêmero abraço. "O corpo é um caminho: ponte, e neste efêmero abraço busco transpor o abismo...
Capítulo 16
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