29: Só diga sim, sim, sim

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Ok, não que sejam muitas coisas, mas é sempre bom poder contar com alguém para situações como essa onde várias coisas podem dar errado.

Até que foi fácil separar as tarefas. Felipe ficou encarregado de auxiliar com a organização na parte externa e eu tinha que receber o bufê, os garçons e o todo mundo que fosse fazer parte desse casamento. Decidimos que iríamos nos dividir quando o assunto era Lia e Kia, aquelas duas mais pareciam duas noivas nervosas do que qualquer outra coisa.

Todo mundo estava pirando por causa de um casamento.

Nunca gostei de casamentos. Não gosto mesmo, qual a finalidade? A pessoa vai lá casa e no final ainda recebe uma chuva de arroz? Exatamente, era o que meu cérebro dizia e me apoiava, por outro lado, meu coração soltava suspiros apaixonados por conta da cerimônia e tudo que ela significava. Afinal, não era apenas uma cerimônia qualquer, era o casamento da minha mãe e toda a aversão que criei sobre cerimônias matrimoniais, pareceu se dissipar de uma hora para outra. Era algo engraçado até. Conseguia sentir todo aquele clima de casamento me envolvendo e, ao invés de ficar enjoada como em todas às vezes, apenas conseguia imaginar o tamanho da felicidade que minha mãe sentiria ali.

Ela era a pessoa mais importante do meu mundo, merecia toda a felicidade existente e se a felicidade dela era assim, casando na fazenda cercada de amigos e familiares, essa era a minha felicidade.

Minha mãe merecia tudo aquilo e um pouco mais.

[...]

Ok, certo, estava quase na hora.

Na verdade, estava na hora marcada já, mas a noiva ainda não tinha aparecido. Ela me mandou uma mensagem avisando que iria se atrasar meia hora, então mesmo que estivéssemos na hora combinada naquele momento, ela iria chegar na hora que havia acabado de combinar. Tudo bem, Malu, vai dar tudo certo. Já deu tudo certo até agora, não tem como dar errado justamente agora.

Todos já estavam no local em que a cerimônia seria realizada, mas como naquela parte da fazenda não tinha sinal, resolvi me afastar alguns metros e estava ali, parada ao lado de uma gigantesca árvore e tendo uma visão privilegiada tanto de onde todos estavam até do local que o carro com a minha mãe ia chegar. Escutei o último áudio que ela me enviou, avisando que ia terminar o cabelo e depois colocar o vestido, e respondi, preocupada demais em pela primeira vez na minha vida não ser a pessoa atrasada.

Meu erro foi esse, suponho.

Fiquei tão concentrada em trocar mensagens com a minha mãe e Clara que não notei certa movimentação à minha frente. Ou posso ter percebido, mas como a fazenda estava cheia, não achei estranho alguém por ali, ainda mais sendo aquele o único lugar que tinha sinal para o celular. O fato é que apenas fui perceber a presença de Pedro e Augusto no momento em que os dois soltaram gritos no meu ouvido, me fazendo pular de susto e derrubar meu celular no chão.

Qual era o problema desses dois? Eles não tinham coisa mais interessante para fazer? Realmente tinham que ficar assustando as pessoas apenas por diversão?

─ Você tinha que ter visto a sua cara, Malu. ─ Pedro disse e depois apontou para Augusto. ─ Espera, você pode ver! Augusto gravou esse momento épico.

─ Vocês não têm nada de mais interessante para fazer, hein? ─ dei um tapa na mão de Augusto no momento em que ele me estendeu o seu celular para ver a minha cara de apavorada. ─ Eu sei que a futura namorada do Pedro não está aqui, mas a sua, Augusto, deve estar esperando você lá dentro.

Contrariando tudo o que eu esperava, Pedro não resmungou nada e apenas ficou em silêncio enquanto Augusto recolhia meu celular do chão e me entregava, e já ia saindo provavelmente indo atrás de Bruna. Tudo bem, nós sabemos que alguma coisa está errada quando o Pedro fica mais de dois minutos em silêncio e parado. Pedro é a personificação de energia e ele ficar de boca fechada e parado no mesmo lugar durante tanto tempo não é normal.

5inco | ✓Where stories live. Discover now